Baixo Manhattan http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br Cosmopolitices Tue, 03 Apr 2018 18:47:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Artista cria cão mijão para protestar contra estátua da Garota Destemida http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/30/artista-cria-cao-mijao-para-protestar-contra-estatua-da-garota-destemida/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/30/artista-cria-cao-mijao-para-protestar-contra-estatua-da-garota-destemida/#respond Tue, 30 May 2017 12:55:51 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/Screen-Shot-2017-05-30-at-9.19.53-AM-180x100.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6534 A celebrada estátua da Garota Destemida, símbolo de empoderamento feminino em Wall Street, ganhou uma companhia indesejada: um cão pug que urina na perna esquerda da menina.

A obra-provocação do artista nova-iorquino Alex Gardega foi instalada ontem (29) ao lado da escultura da Garota Destemida para protestar contra as raízes corporativistas da estátua e o fato de ela “desrespeitar” a famosa estátua do Touro, símbolo de Wall Street por décadas, e que agora é “confrontado” pela estátua mirim. “(A Garota Destemida) não tem nada a ver com o feminismo. Ela é um nonsense corporativo”, disse o artista ao jornal The New York Post.

O jornal The New York Post fotografou Gardega ao lado de sua obra-provocação. (Foto: Reprodução)

A estátua da Garota Destemida foi uma ideia do grupo de investimentos State Street Global Advisors, com sede em Boston, para protestar conta a desigualdade de gêneros em Wall Street. A obra foi criada pela artista Kristen Visbal e instalada desafiadoramente na frente do Touro de Wall Street no último Dia Internacional da Mulher. Gardega disse que não tem nada contra o feminismo, mas sim contra “o truque publicitário da obra”.

O pequeno cão em bronze criado por Gardega foi batizado de “Sketchy Dog” (Cão Desonesto) e é uma obra rudimentar. O artista explicou ao Post que a estátua foi mal feita de próposito, com a intenção de “denegrir a Garota Destemida, que tenta fazer o mesmo com o Touro”. “A estátua do Touro tem integridade”, disse Gardega sobre a obra do artista italiano Artudo Di Modica, criada em 1989.

 

Turistas que visitaram o local ontem desaprovaram a obra de Gardega, chamando o artista de misógino e babaca. A obra foi retirada do local, pelo próprio artista, três horas mais tarde.

Não é a primeira vez que Gardega critica obras de arte públicas que virarão sensação em Nova York. Em 2013, ele criou um painel com a frase “Bansky Go Home” (Bansky, Vá Embora”), para criticar a permanência de um mês de Bansky em Nova York, período em que o artista inglês criou dezenas de grafites nos mais diversos bairros da cidade.

Gardega na frente de seu mural contra o artista inglês Bansky. (Foto: Reprodução)
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Frieze NY estreia com número recorde de galerias brasileiras http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/05/frieze-ny-estreia-com-numero-recorde-de-galerias-brasileiras/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/05/frieze-ny-estreia-com-numero-recorde-de-galerias-brasileiras/#respond Fri, 05 May 2017 18:04:24 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/Screen-Shot-2017-05-05-at-2.06.15-PM-135x180.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6473 A versão 2017 da feira de arte Frieze, em Nova York, que estreia hoje (5), reúne 11 galerias brasileiras. Trata-se de um recorde da participação do país no evento que dura três dias e reune 200 galerias, de 31 países, num gigantesco pavilhão na Randalls Island, entre Manhattan e Queens.

A Frieze Art Fair, de Nova York, abre suas portas hoje (5) para o público na Randalls Island, entre Manhattan e Queens. (Foto: Divulgação)

Juntando-se pela primeira vez à galerias mais conhecidas do Frieze como a Mendes Wood DM, Vermelho, A Gentil Carioca e Galeria Nara Roesler, estão a Silvia Cintra + Box4, Galeria Luisa Strina e Galeria Marilia Razuk. “As galerias brasileiras são importante parte da Frieze Nova York desde o início da feira há seis anos. A resposta do público é muito grande”, explicou a jovem curadora americana Abby Bangser, diretora artística para as Américas e Ásia da Frieze, ao blog. “Isso tem a ver com a grande ressonância que a arte brasileira está tendo agora em Nova York por conta de um robusto e profundo investimento artístico que museus como o MoMA, Guggenheim e também o Tate, de Londres, vem fazendo da arte latino-americana, criando comitês especializados”, prossegue Bangser.

O estande da galeria paulista Mendes Wood DM na Frieze. (Foto: Marcelo Bernardes)

No momento, o MoMA apresenta exposições com trabalhos de brasileiros de diferentes gerações. Lygia Clark (1920-1988) e Gertrudes Altschul (1904-1962) estão representadas na exposição “Making Space: Women Artists and Postwar Abstraction” (Criando espaço: mulheres artistas e abstracionismo pós-guerra), e o artista alagoano Jonathas de Andrade, 35, apresenta seu video “O Levante”, de 2013, na mostra “Unfinished Conversations” (Conversas inacabadas), que reúne obras recém-adquiridas pela instituição. No Met Breuer, Lygia Pape (1927-2004) ganha sua maior retrospectiva nos Estados Unidos.

“Se existe uma nova tendência na arte brasileira é que os novos artistas estão participando cada vez mais de um diálogo internacional”, explica Bangser. “Atualmente eles não são mais necessariamente julgados como arte brasileira, mas sim como arte contemporânea”.

Bangser conversou com o blog no estande da Galeria Luisa Strina, segundo ela “uma das grandes e melhores do mundo”. A americana ressalta o grande alcance de estilos representados pela galeria paulista. “O trabalho deles é fantástico pois faz um bom apanhado de gerações”, explica. “Eles apoiam desde trabalhos de Mira Schendel (1919-1988), um dos destaques dessa Frieze, até o de Laura Lima (carioca nascida em 1971)”.

Obras de Mira Schendel na Galeria Luisa Strina. (Foto: Marcelo Bernardes)

A Mendes Wood DM é outra galeria paulista que Bangser acompanha com extremo interesse (em entrevista à revista americana ELLE, em 2015, a curadora disse que os donos da galeria – Pedro Mendes, Matthew Wood e Felipe Dmab – estão “bem ligados”). “Eles estão atirando muito alto, e isso tem funcionado muito bem para eles”, explica Bangser ao blog. “Colocamos eles na entrada do Pavilhão Norte da feira e quem chega já sente o magnetismo da galeria, a energia da diversidade do programa que eles vem construindo. Os curadores estão muito de olho na Mendes Wood DM, assim como compradores da China, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil. Possivelmente, as obras deles estarão com vendas esgotadas já no primeiro dia da Frieze”, completa.

Durante um pequeno intervalo no concorrido estande da Mendes Wood DM, Pedro Mendes explica o programa de sua galeria na feira. “Ele está bastante briguento, raivoso e excitado”, diz ele ao blog. “Estamos com trabalhos que propõem transformar o mundo a partir de pequenas ações, e que apresentam uma discussão de liberdade política num mundo que parece tenebroso”.

Entre os artistas representados pela Mendes Wood DM estão os paulistas Adriano Costa (42) e Cibelle Cavalli Bastos (39), o inglês Michael Dean (40) e Matthew Lutz-Kinoy (33), baseado em Los Angeles. “Eles lidam com questões de minorias, gênero e identidade, alguns de forma bastante cômica e irreverente”. Um dos trabalhos destacados de Costa é “TheButcher’s Arms”, 2016, que traz a frase My Boyfriend is Vegan (Meu namorado é vegetariano) feita por spray em cima de uma base de couro, réplica de um trabalho que o arista fez para um exposição em Los Angeles. “Todo mundo lá era vegetariano, mas Adriano acabou notando que os tapetes eram de couro e muita gente usava roupas de couro e pele”, explica Mendes. Michael Dean, um dos finalistas do Turner Prize no ano passado, assina uma escultura com punhos de uma família – pai, mãe e filhos, feitos em concreto armado.

Obra do inglês Michael Dean na galeria Mendes Wood DM. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Uma das seções mais vibrantes da Frieze é a Frame, que apresenta trabalhos de vanguarda, muitos deles sendo apresentados pela primeira vez em fórum internacional, prontos a serem descobertos. Com curadoria do americano Jacob Proctor (do Colégio Neubauer para Cultura e Sociedade, da Universidade de Chicago) e do alemão Fabian Schöneich (do centro Portikus, em Frankfurt), a seleção de 2017 inclui 17 galerias, de 13 países diferentes e algumas de cidades não conhecidas como centros de arte como Varsóvia, Cidade do Cabo ou Cidade da Guatemala. Todas as galerias tem menos de oito anos de atividade no mercado, e seus custos de exibição em Nova York foram subsidiados pela direção da Frieze.

Dentro da Frame, a galeria Jaqueline Martins apresenta obras do artista paulista Hudinilson Urbano Júnior, morto em 2013, aos 56 anos. Seu trabalho de fotocópias feito com máquinas de xerox, em 1980, usando fragmentos do próprio corpo, como genitália, pés e torso, lidam com temas ainda mais relevantes no momento como gênero, sexualidade e identidade. “É uma apresentação bastante equilibrada e serena, refletindo sobre temas importantes”, explica Bangser.

 

 

Por ser a primeira Frieze pós-eleição Donald Trump, o portfólio artístico não poderia deixar também de ser politicamente calibrado. Existem trabalhos anti-Trump na galeria nova-iorquina P.P.O.W, que representa artistas engajados desde a década de 80, como a tela “April in the Subway”, do artista e ex-grafiteiro Chris DAZE Ellis (55), em que mostra uma jovem em vagão do metrô de Nova York com um jornal com a manchete “Impeachment para Trump”.

 

Na galeria nova-iorquina P.P.O.W tela de Chris DAZE Ellis contra Trump. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Já a galeria alemã Sprüth Magers, mostra “Dinghy”, de 2016, criada pelo artista e músico americano Llyn Foulkes (82) para recente exposição em Los Angeles. “Dinghy” retrata um homem negro, vestindo jeans, camisa xadrez e com a bandeira americana sob sua pelvis, à deriva num bote com a inscrição “Trump Salva-Vidas Cia.”. Curvas na madeira polida, o material da obra, mostra que o mar está turbulento.

Na galeria Cheim & Reid, de Nova York, todos os trabalhos são cor de rosa, em solidariedade à passeata das mulheres contra Trump. Entre as artistas expostas estão Louise Bourgeois (1911-2010), a egípcia Ghada Amer (54), Jenny Holzer (67) e Louise Fishman (78).

 

A Frieze parece também estar sintonizada com as bienais do museu Whitney, em Nova York, que continua a pleno vapor, e a de Veneza, que começa no próximo sábado (13). A galeria David Kordansky, de Los Angeles, apresenta trabalho da iraniana Tala Madani (46), e a Mary Mary, de Glasgow, expõe pinturas da mexicana Aliza Niesbaum (39), duas artistas politicamente engajadas com questões de identidade feminina e imigração e que estão atualmente representadas na Bienal do Whitney. A gigante David Zwirner apresenta novos trabalhos de Carol Bove (46), que vai representar a Suíça na Bienal de Veneza.

 

Visitantes na feira Frieze durante apresentação especial na quinta (4). (Foto: Mark Blower)

Entre as tendências de vendas, Bangser aponta que existe um grande foco na arte do século 20. Por conta disso, a Frieze reuniu 30 galerias na seção Spotlight, que concentra-se em exposições individuais. Na galeria paulista Marilia Razuk, o destaque é a obra do artista espanhol Julio Plaza (1938-2003). “Compradores estão preenchendo lacunas abertas de alguns períodos, ou descobrindo movimentos ou artistas dos anos 50, 60, 70 e 80, criando um ar de mistério e excitação”, explica Bangser.

A curadora cita a importância da Spotlight em apresentar artistas renomados em alguns países mas que continuam desconhecidos em outros cantos do mundo. Em 2015, por exemplo, durante o Spotlight da Masters Fairs, em Londres, a galeria Nara Roesler, de São Paulo, fez uma boa apresentação de obras de Tomie Ohtake (1913-2015). “Claro, trata-se de uma lenda no Brasil, mas na Inglaterra acabou significando uma descoberta muito excitante para os compradores”, diz Bangser.

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Filme produzido por carioca faz sucesso na Bienal do Whitney http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/28/filme-produzido-por-carioca-faz-sucesso-na-bienal-do-whitney/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/28/filme-produzido-por-carioca-faz-sucesso-na-bienal-do-whitney/#respond Tue, 28 Mar 2017 17:11:02 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-28-at-12.41.59-PM-1-180x99.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6208 Ao entrarem em uma sala escura do museu Whitney, em Nova York, os visitantes, usando óculos 3D, tomam conhecimento de um ilusório organismo, híbrido de planta e animal, que vive escondido em algum ponto das margens do rio Negro, na Amazônia. A cada 107 anos, reza a folclore, o organismo conhecido pelo nome científico de Saudaderrhiza floresce, assumindo a forma de “uma perna de cavalo que engoliu uma toranja” ou de “um avião que se espatifou contra um prédio”.

O filme “The Flavor Genoma” (Genoma do Sabor), criado e dirigido pela artista Anicka Yi está sendo um dos grandes destaques da Bienal do Museu Whitney, em cartaz até 11 de junho. (leia tudo sobre a bienal aqui.)

A sala de exibição, instalada num dos cantos do museu e vizinha de uma instalação do artista Pope.L, que consiste de uma casa com paredes revestidas por 2.755 fatias de mortadela (algumas já apodreceram e caíram), fica lotada durante o dia, e. o público tende a acompanhar todos os 22 minutos de projeção. “Trata-se de um estonteante video em 3D de alta definição que alterna (cenas) um imaculado laboratório com a floresta Amazônica para contar a história fictícia de bioprospecção em nome do consumismo global”, escreveu Roberta Smith, crítica de arte do The New York Times.

Público da Bienal do Whitney lota sala que exibe “The Flavor Genoma”. (Foto Marcelo Bernardes)

As imagens estonteantes na Amazônia – e também num estúdio em Nova York – foram captadas, em sua maioria, por câmeras 3D da Sony pelo carioca André Lavaquial. Além de diretor de fotografia, o cineasta também foi o produtor do filme.

“The Flavor Genoma” teve sua estreia no ano passado, no museum Friedericianum, em Kassel, na Alemanha, como parte da primeira exibição solo de Anicka Yi naquele país. O tema geral era o da estrutura das formas híbridas, às quais a artista aplicou de referências científicas à discussão sobre o colonialismo.

A ideia para o filme surgiu no apartamento de Lavaquial, no Rio, onde a artista, que é também namorada do cineasta, começou a ler o livro “Metafísicas Canibais”, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. “O filme, de certa forma, é uma resposta de Anicka ao conceito do perspectivismo ameríndio discutido no livro que dei de presente a ela”, explica Lavaquial ao blog.

Cena de “The Flavor Genoma”. (Foto: Divulgação)

Em “The Flavor Genoma”, Anicka usa a bioprospecção, ou garimpagem biológica, pesquisa da fármaco que consiste na procura de elementos constituintes de seres vivos como proteína e lípido, como ponto de partida para sua teoria sobre uma identidade híbrida. Se os especialistas extraem sabores e cheiros dos mais diversos organismos para criarem perfumes e comida, “imagina se pudéssemos provar também uma montão de personalidades químicas”, pergunta a narradora do filme. “E se habitássemos a mente de um canibal ou de um adolescente bem hormonal”?

Yi tenta também explicar ao público que assiste seu filme, a melhor tradução para a palavra saudade, da qual o fictício organismo procurado na Amazônia, é derivado. “Não tem traducão literal em inglês, mas pode ser descrita como uma sensação de desejo, melancolia e nostalgia”, diz a narradora. E a voz acrescenta: “Nosso guia (na Amazônia) descreveu saudade como a sensação de perder alguma coisa que você ama, entendendo que a probabilidade de retorno é desconhecida, inteiramente à mercê do destino”.

Cena de “The Flavor Genoma”, com “participação” do nariz de Lavaquial. (Foto: Divulgação)

O filme tem belas e emblemáticas cenas como uma espécie de colmeia com luzes led piscodélicas, brilhando numa árvore à beira do Rio Negro, um frango soltando fumaça azul por seu orifício durante um entardecer, e uma sequência na qual uma mulher acaricia moluscos que cobrem a vagina. A cena faz um close-up da mão dela, mostrando unhas pintadas com esmalte rosa e apliques do logotipo da grife Chanel. “Tivemos que colocar a atriz com as pernas abertas sobre uma mesa com toda parafernália 3D ao redor dela”, explica Lavaquial. “O estúdio ficou parecendo um consultório ginecológico hi-tech”.

Anicka Yi é uma das artistas mais badaladas no mundo das artes no momento. Em outubro, ganhou o prestigiado prêmio Hugo Boss, espécie de Pritzker (o Oscar de arquitetos) para artistas visuais. Além de um prêmio de US$ 100 mil, Yi também ganhou a chance de fazer uma exposição solo no museu Guggenheim. No momento, ela trabalha nos últimos preparativos da mostra, a ser lançada no mês de vem.

A artista Anicka Yi e o cineasta André Lavaquial. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Nascida na Coréia do Sul, ela imigrou com a família para os Estados Unidos aos 2 anos de idade. Passou parte de sua vida adulta em Londres e adotou Nova York a partir de 1996. Como uma carreira conhecida na Europa, já exibiu na galeria Gagosian, em Londres, e na Kunsthalle Basel, na Suíça. Em suas obras conceituais, Yi usou materiais que vão desde bactéria e aspirinas até sabonete de glicerina.

Lavaquial, cujo curta “O Som e o Resto” foi apresentado em Cannes em 2008, está trabalhando em seu novo filme, um documentário sobre o músico americano Arto Lindsay. Ele também prepara uma exposição de seus videos para 2018.

 

Cena com moluscos de “The Flavor Genoma”. (Foto: Reprodução)

 

Espectadores assistem o filme na Bienal do Whitney (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Sessão em 3D da Bienal do Whitney. (Foto: Marcelo Bernardes)
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Prefeito estende permanência da Garota Destemida em Wall Street http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/27/prefeito-estende-permanencia-da-garota-destemida-em-wall-street/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/27/prefeito-estende-permanencia-da-garota-destemida-em-wall-street/#respond Mon, 27 Mar 2017 23:32:15 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-28-at-6.47.32-PM-180x142.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6197 Diga ao touro que fico!

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou hoje (27) de manhã que a estátua da Fearless Girl (Garota Destemida) ficará na região de Wall Street por mais um ano. A Garota Destemida seria removida na semana que vem, mas de Blasio estendeu o prazo de permanência da pequena de 1m20 de altura e rabo de cavalo até 8 de março de 2018, o próximo Dia Internacional da Mulher.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, posa com a Garota Destemida. (Foto: Michael Appleton/Mayoral Photography Office)

Obra da escultora americana Kirsten Visbal, a Garota Destemida fica com a mão na cintura, peito estufado, desafiante na frente do touro, símbolo de Wall Street, que foi criado em 1989 pelo escultor italiano Arturo Di Modica. O escultor protestou contra a nova instalação e processa no momento a empresa que a criou.

A empresa é o grupo de investimentos State Street Global Advisors, com sede em Boston. Eles encomendaram a Visbal uma obra que servisse de símbolo de empoderamento feminino, chamando a atenção para a desigualdade de gêneros em Wall Street, onde poucas mulheres conseguem posições de liderança. Ela foi instalada na noite de 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, numa pequena “ilha” de paralelepípedos que fica no começo da avenida Broadway, próximo da Wall Street.

A Garota Destemida fica em Wall Street até o próximo Dia Internacional da Mulher. (Foto: Marcelo Bernardes)

Desde então, a pequena feminista aumentou o fluxo de turismo na região, arrastando para o local novos grupos demográficos: garotas adolescentes, millennials e muitas mamães.

O prefeito de Blasio disse que a Fearless Girl é um símbolo daqueles que “confrontam o medo, o poder e encontram dentro de si força para fazer o que é certo”. “Ela tem inspirado muita gente, num momento em que nós precisávamos de inspiração”, disse de Blasio.

A mulher do prefeito, Chirlane McCray, é fã da Garota Destemida e usou recentemente a mídia social para protestar contra um tipo de Wall Street que apareceu numa foto tentando roçar a virilha contra a estátua.

 

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Lygia Pape ganha primeira grande retrospectiva nos EUA http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/20/ligya-pape-ganha-primeira-grande-retrospectiva-de-carreira-nos-eua/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/20/ligya-pape-ganha-primeira-grande-retrospectiva-de-carreira-nos-eua/#respond Tue, 21 Mar 2017 00:53:46 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-20-at-8.06.53-PM-180x134.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6046 Os mais importantes museus de Nova York estão vivendo um verdadeiro caso de amor com o movimento neoconcretista, originado no Rio de Janeiro em 1959.

Depois de uma abrangente exposição do trabalho de Lygia Clark (1920-1988), organizada pelo Museu de Arte Moderna, o MoMA, em 2014, e antes de uma superlativa examinação da obra de Hélio Oiticica (1937-1980), que o museu Whitney inaugura em julho, o Met Breuer (anexo do Metropolitan especializado em arte moderna) lança amanhã (21) a exposição “A Multitude of Forms”, primeira grande retrospectiva dedicada ao trabalho da artista Lygia Pape (1927-2004) a ser montada nos Estados Unidos.

Organizada pela curadora espanhola Iria Candela, expert do Metropolitan em arte latino-americana contemporânea, a mostra de Lygia Pape não supera, em número de trabalhos expostos, a da abrangente exposição “Espaços Imantados”, organizada no museu Rainha Sofia, em Madri, em 2011. Mas Nova York pode ver duas obras não apresentadas na Espanha: a tela “O Livro dos Caminhos” (1963-1976) e as esculturas “Amazoninos” (1991-1992).

Detalhe de uma das galerias do Met Breuer onde está a série “Amazoninos” (nas laterais) de Lygia Pape. Ao fundo, a instalação “Banquete Tupinambá”. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

O fato de a retrospectiva de Pape ter sido organizada no museu Met Breuer tem caráter bastante especial. A artista carioca era grande fã do prédio modernista criado pelo arquiteto húngaro baseado em Nova York, Marcel Breuer (1902 -1981), em 1966. “Lembro-me que, em nossa primeira visita ao local, quando o prédio pertencia ao museu Whitney, Lygia ficou olhando o piso, o teto, as janelas, as formas generosas do museu, e disse que seria fantástico poder exibir aqui um dia”, diz Paula Pape, filha da artista, em entrevista ao blog, na manhã de hoje (20).

A curadora Candela contextualiza o diálogo entre as obras de Pape com a arquitetura de Breuer. “Trata-se de uma conexão muito clara, pois é uma ligação histórica. O trabalho de ambos cresceu a partir dos legados do avant-garde europeu”, explica a curadora ao blog. “O neoplasticismo, o suprematismo, a Bauhaus, Mondrian e Kazimir Malevich foram abraçados por ambos”, prossegue. “Lygia foi uma grande herdeira daquele movimento, não só criando um vocabulário universal de cores e formas, mas como também guiando todas aquelas influências em direção completamente inédita”.

“Poema-Luz”, de Lygia Pape, e uma das janelas do prédio do arquiteto Marcel Breuer: estéticas vindas do avant-garde europeu. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Como o nome didaticamente oferece, a mostra “A Multitude of Forms” reúne o trabalho de Pape em diversas mídias experimentadas ao longo de sua carreira, iniciada com o concretismo na década de 50, e que incluiu pintura, gravura, escultura, dança, filme, performance e instalação. “Lygia costumava dizer que o grande termômetro de uma exposição vem das pessoas que tomam conta das galerias dos museus”, diz Paula. “E o pessoal responsável pela segurança que encontrei por aqui parece instigado, reagindo com grande interesse pelas obras. É como se estivessem felizes com o que vêem”, conclui.

 

Paula Pape, filha de Lygia, na frente de alguns quadros da série “Relevo”, da primeira fase da artista. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A obra mais representativa do trabalho de Pape, e que serve de pôster da exposição, é “Divisor” (1968), uma performance em que várias pessoas enfiam as cabeças em buracos abertos num gigantesco lençol branco, trabalho que a carioca explicou ser tanto uma celebração do corpo, espaço e tempo (como boa parte de sua obra), mas também uma crítica à burocracia moderna.

No sábado (25), como uma espécie de complemento para a instalação em vídeo, o Met Breuer vai apresentar, em alguns quarteirões do Upper East Side (onde está localizado o museu), uma “peregrinação” baseada na obra. Paula Pape, que é fotógrafa, vai filmar a performance. “Divisor” foi o primeiro trabalho de Pape que a curadora Candela tomou conhecimento. “Ao fazer minha dissertação em arte pública, rapidamente me interessei pelo trabalho de Pape”, explica. “Ela foi a pioneira em trabalhos em espaços públicos, mudando a face das performances”.

Performance “Divisor”, um dos trabalhos mais conhecidos de Pape. (Foto: Paula Pape @Projeto Lygia Pape)

 

Também chama a atenção a monumental obra “Ttéia, C1” (1976-2004), que encerra a exposição com chave, ou melhor, fios de ouro. A obra é feita por uma sucessão de fios dourados que atravessam o ambiente, dando a sensação de uma tempestade de linhas ou feixes de luz. Onde quer que seja montada, a instalação parece sempre ganhar nova leitura, uma vez que os fios precisam se adequar aos novos espaços ou mudanças na iluminação.

“Ttéia C1”: instalação ficou mais elevada no Met Breuer. (Foto: Marcelo Bernardes)

Não poderia ser diferente no Met Breuer. “O teto aqui não é plano, mas sim de módulos vazados, então foi-se criada toda uma estrutura para afixar as placas que sustentam os fios no teto”, explicou ao blog o engenheiro e artista plástico Ricardo Forte, genro de Lygia Pape. Por questão de segurança, o Met Breuer vetou que “Ttéia” ficasse muito rente ao chão. “Isso nos obrigou a montar a peça numa plataforma de 30 centímetros de altura, quando o normal é 5 centímetros”, explica Forte.

 

A exposição de Pape reúne cinco décadas do trabalho da artista carioca. Paula Pape disse ter ficado “emocionada” já na primeira galeria, onde as séries “Pintura” “Relevo” e “Tarugo”, da fase concretista, foram montadas de maneira criativa. Há galerias especiais para o manifesto neoconcreto, criado por artistas e poetas cariocas, entre as Lygias e Oiticica, também Ferreira Gullar, Amílcar de Castro e Reynaldo Jardim – e para filmes do Cinema Novo, em alguns dos quais Pape colaborou no projeto gráfico.

A proposta do movimento neoconcretista, de favorecer relações mais interativas entre artes e espectadores, é semi-obstruída na exposição do Met Breuer por questões de preservação. As séries “Livro de Arquitetura” e “Poema-Objeto”, livros com elementos arquitetônicos semi-abstratos que as pessoas eram encorajadas a manusear, agora ficam inacessíveis ao tato, trancadas numa caixa de vidro. Mas ainda é possível experimentar, com o auxílio de conta-gotas descartáveis, os sabores da instalação “Roda dos Prazeres” (1967), com vasilhas de porcelana carregadas de líquidos multicoloridos.

Série “Livro da Criação”, agora sem contato táctil pelo público. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Público, porém, pode usar um conta-gotas para provar o líquido da instalação “Roda dos Prazeres”. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A retrospectiva Pape é uma das exposições que comemoram o primeiro ano de funcionamento do Met Breuer. A diretora do museu, a inglesa Sheena Wagstaff, que veio do Tate Modern, de Londres, apontou na manhã de hoje que, em 12 meses de funcionamento, o museu teve quatro grandes exposições de mulheres artistas. Começou com a pintora indiana Nasreen Mahamedi (1937-1990), seguida da fotógrafa americana Diane Arbus (1923-1971), da escultora e pintora italiana Marisa Merz, 91, (essa ainda em cartaz até maio) e agora Pape.

Candela ressalta que a igualdade de gêneros, tão discutida hoje nas narrativas artísticas, nunca foi problema no Brasil. “Na verdade, o Brasil sempre foi muito inclusivo nas artes plásticas”, explica. “Mulheres sempre destacaram-se muito cedo, como Tarsila do Amaral (1886-1973), por exemplo. Até hoje essa representação é muito igual, com grandes artistas saídas do Rio, São Paulo e mais recentemente de Belo Horizonte também”.

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Abaixo outras fotos da retrospectiva:

 

Painel de apresentação da exposição. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Telas da série “Relevo”, da fase concretista de Pape. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

“Experiência Neoconcreta” publicada no Jornal do Brasil, em 1959, em primeiro plano; e a série “Tecelar” ao fundo. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Livro de Arquitetura” em primeiro plano; “Livro Noite e Dia” e “Poema-luz” ao fundo. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Galeria com vídeo da performance “Divisor” e a tela “Livro dos Caminhos”. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

“Roda dos Prazeres” toma banho de luz de janela projetada por Marcel Breuer. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe da instalação “Amazonino (Mangueira” e ao fundo “Livro do Tempo” (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Ttéia C1 (Foto: Marcelo Bernardes)
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Bienal do Whitney serve política e imigração com mortadela http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/16/bienal-do-whitney-aponta-apreensao-com-politica-e-economia-nos-eua/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/16/bienal-do-whitney-aponta-apreensao-com-politica-e-economia-nos-eua/#respond Thu, 16 Mar 2017 04:34:48 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-16-at-12.21.45-AM-180x119.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5929 A nova Bienal do Whitney, o mais importante mapeamento da atual produção de arte nos Estados Unidos, estreia nesta sexta (17) de casa nova. Pela primeira vez, a Bienal, a 78o. organizada nos 87 anos de existência da instituição, ocupa vários pontos da nova sede do museu, projeto com galerias de espaços generosos e arejados criado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, aberto no bairro do Meatpacking District, em maio de 2015.

Em sua apresentação para a imprensa na manhã de segunda-feira (13), o diretor do museu, Adam D. Weinberg, disse que os artistas presentes na Bienal 2017 “provocam, protestam e estão irritados com o momento político atual”. Compacta, com apenas 63 artistas convidados (contra 103 em 2014), a Bienal do Whitney não é um protesto coletivo contra Donald Trump. Nem deu tempo. A maioria das obras expostas foram feitas antes ou durante a campanha presidencial.

Se existe um tema forte, este seria o da apreensão (e incerteza) com a política e economia nos EUA. Imigração, violência e aquecimento global também são temas presentes. Identidade de gênero, assunto tão discutido na Bienal de 2014 e que agora desperta grande interesse por parte de Hollywood, desapareceu por completo da pauta das artes visuais. E o museu está também transformando mais de 2 mil fatias de mortadela em polêmica obra de arte.

A Bienal do Whitney, que fica em cartaz até 11 de junho, tem dois curadores: Christopher Y. Lew, 36, e Mia Locks, 34. A seleção da dupla aponta novas tendências logo de cara. Uma delas é surpresa. Dos 63 artistas convidados, mais de 20 deles moram e têm seus ateliês em Nova York – 11 deles são do Brooklyn.

Os curadores da Bienal: Christopher Y. Lew e Mia Locks,: (Foto: Scott Rudd)

Trata-se de um motivo para o mundo das artes local comemorar. Em 2013, em artigo escrito para o jornal inglês “The Guardian”, o músico David Byrne, muso da cidade desde que a adotou em meados dos anos 70, declarou que a “criatividade artística” de Nova York estava morta. Vitimados pelo alto custo de vida na cidade e pela “usurpação” dos privilegiados 1%, os artistas, segundo Byrne, deram o fora, deixando as artes “sem o fermento criativo”.

Além da maciça presença de nova-iorquinos e californianos, os curadores procuraram artistas por outros cantos. Acharam vários em Porto Rico, outra surpresa. Mas há também artistas estrangeiros trabalhando nos Estados Unidos, imigrantes ou visitantes que nasceram no Kuait, Vietnã, Irã, Áustria, México e Coréia do Sul.

Uma das “crianças” da instalação Childermass”, de Ajay Kurian. (Foto: Matthew Carasella)

Alguns artistas transformaram o espaço físico do prédio projetado por Piano, usando cantos (fora e dentro) dele como material de apoio. É o caso de uma espécie de ‘freak show’ promovido pelo artista Ajay Kurian, 33, que vive no Brooklyn. A instalação “Childermass” utiliza as escadarias abertas do Whitney, do subsolo ao quinto andar, com bonecos de crianças e estranhos animais se dependurando em cordas. Algumas crianças usam calças de pijamas, tênis Nike ou camisetas com frases Never Forget – slogan que ficou famoso depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 -, ou Holes Do Matter (orifícios importam), trocadilho com o nome da campanha Black Lives Matter, criada para protestar a violência do abuso da força policial contra jovens negros. O boneco de um camaleão, que parece ter saído de um carro alegórico de escola de samba brasileira, funciona como chefe da patota, uma figura tirana, perfeita alegoria para os dias de hoje.

Mais dos bonecos de “Childermass”, de Ajay Kurian, incluindo o camaleão tirano. (Fotos: Marcelo Bernardes)

Ah, o elefante branco na sala. Traços de Donald Trump e as polêmicas criadas por seu governo surgem em vários cantos da Bienal, alguns em tons mais literais. A pintora Celeste Dupuy-Spencer, 38, baseada na Califórnia, cria imagens com temas anti-violência ou análises sociais em suas obras. No desenho “Trump Rally”, ela mostra um grupo de simpatizantes num comício da campanha de Trump. O ar é de alegria. Até dois membros do Ku Klux Klan estão sorridentes. O subtítulo da obra é ” e acredito que alguns deles são gente boa”.

A fotógrafa vietnamita An-My Lê, 57, que mora no Brooklyn, apresenta o trabalho “The Silent General” (Silêncio Geral), formado por sete imagens produzidas nas ruas da Louisiana e inspiradas pela obra do poeta, ensaísta e jornalista Walt Whitman (1819-1892). Em uma delas, pode-se ler a frase “foda-se esse presidente babaca e racista” pichada na parede de uma loja de celulares.

Desenho da pintora Celeste Dupuy-Spencer mostra os simpatizantes dos comícios de Trump. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A fotógrafa vietnamita An-My Lê retrata cena em rua da Louisiana. (Foto: Marcelo Bernardes)

O grupo coletivo de arte Postcommodity, criado pelos artistas Raven Chacon, Cristóbal Martínez e Kade L. Twist, em 2007, surge com “A Very Long Line” (uma longa fila), instalação em vídeo que protesta contra a crise contemporânea da imigração nos EUA. Um aviso na porta de uma das salas do Whitney onde o trabalho é exibido diz que ele pode causar vertigem. Quatro filmes em looping simultâneo (alguns com projeção acelerada) mostram imagens captadas, a partir de um carro em movimento, na fronteira do estado americano do Arizona com o México.

Duas cenas da instalação do grupo Postcommodity sobre fronteira dos EUA com o México. (Foto: Marcelo Bernardes)

Imigração também é tema da obra da pintora mexicana Aliza Nisenbaum, 40, apontada como uma das grande apostas desta Bienal. O quadros de cores vibrantes da artista retratam situações íntimas, de caráter modesto, de várias pessoas com quem ela interage em seu dia a dia. Muitos de seus personagens são imigrantes latinos ilegais, que ela conheceu numa ONG para imigrantes no bairro do Queens, em Nova York, onde faz trabalho voluntário.

Do outro lado do mundo, o cineasta Tuan Andrew Nguyen, 41, nascido no Vietnã, rodou o média-metragem “The Island” sobre um futuro distópico. A ilha do título é Pulau Bidong, na costa da Malásia, que se tornou o maior campo de refugiados após guerra do Vietnã. Cerca de 250 mil famílias habitaram a ilha entre 1978 a 1991, quando o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados interditou o lugar. Em seu filme, o homem que é tido como o último na face da Terra depois de uma guerra nuclear, encontra uma cientista náufraga.

O quadro “Latin Runners Club”, da pintora mexicana Aliza Nisenbaum (Foto: Marcelo Bernardes)

Um dos trabalhos mais interessantes da Bienal é o de John Kessler (60), morador de Yonkers, em Nova York. Em duas instalações, que misturam estátuas barrocas com gadgets, incluindo até pau de selfie, ele faz comentários sobre aquecimento global e migração em massa. Em “Exodus”, mais de duas dezenas de bonecos comprados no eBay (incluindo duendes, figuras cristãs e mitos africanos) rodam na frente de um iPhone sustentado por um pau de selfie e que transmite as imagens para um monitor gigante. A obra representa crises de refugiados. Em “Evolution”, um casal de jovens ricos vai à praia, Eles usam respiradores para mergulho e óculos virtuais da Samsung. Parecem alheio aos problemas de alagamento litorâneo provocado pelo aquecimento global. Imagem de um projeto da arquiteta iraquiana Zaha Hadid (1950-2016) são exibidas em monitores que se movimentam perpendicularmente. É também uma crítica aos milionários que continuam a encomendar (ou comprar) condomínios que ignoram os perigos das enchentes nas orlas.

Detalhe da instalação “Evolutions”, de John Kessler (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Mais uma instalação de Kessler. Sustentando por um pau de selfie, iPhone registra bonecos que representam a crise de refugiados. (Foto: Marcelo Bernardes)

Num canto do museu, próximo a instalação de Kessler, está a obra-manifesto e interativa “Debtfair” (feira da dívida) do grupo coletivo Occupy Museums (os artistas Arthur Polendo, Imani Jacqueline Brown, Kenneth Pietrobono, Noah Fisher e Tal Beery) formado, em 2011, durante o movimento Occupy Wall Street.

Para mostrar como a ruína financeira desestabiliza os artistas – e que muitos deles se endividam ao tentarem atender as demandas estéticas do mercado das artes na esperança de se destacarem – o Occupy Museums criou o website debtfair.org. Dos mais de 500 inscritos até agora, a dívida acumulada deles é de US$ 43 milhões. Para a Bienal, o Occupy Museums selecionou 30 desses artistas, dividindo-os em três grupos. Um deles só de artistas porto-riquenhos e outro que deve US$ 1.4 milhão ao banco JP Morgan. Amostra das obras de todos os 30 artistas são expostas. Um website interativo projetado em uma das paredes do Whitney revela a extensão da dívida de cada um.

Integrantes do grupo Occupy Museums na frente de vários trabalhos de artistas endividados. (Foto: Marcelo Bernardes)

Seja por motivos raciais, sociais ou até inexplicado, a violência é outro tema forte da bienal. Momentos chaves da brutalidade contra jovens negros nas cidades americanas são vistos no trabalho de dois pintores.

Dana Schultz (41), baseada no Brooklyn, re-interpreta em “Open Casket” (caixão aberto) a famosa imagem de uma foto de Emmett Louis Till, 14, em seu caixão. Em 1955, o adolescente que viraria ícone póstumo do movimento pelos Direitos Civis nos EUA, foi linchado por um grupo (mais tarde inocentado em tribunal) após ser injustamente acusado de ter flertado com uma mulher branca. Como protesto contra o revoltante crime, a mãe de Till insistiu para que o caixão do filho ficasse aberto durante o velório, apesar da gravidade da mutilação facial do garoto.

O pintor californiano Henry Taylor, 59, discute as tensões raciais entre polícia e a comunidade negra ao retratar na tela “The Times Thay Aint a Changing, Fast Enough!” (trocadilho com o título da música de Bob Dylan), as imagens filmadas por Diamond Reynolds, via celular, dos últimos minutos de vida de seu noivo, Philando Castille, morto a tiros dentro de seu carro por um policial, em julho de 2016. O crime no estado do Minnesota gerou uma resposta imediata do presidende Barack Obama e vários protestos internacionais.

Na instalação “American Pictures”, o artista de Chicago Harold Mendez, 40, protesta contra a violência nos EUA, especialmente contra negros, usando um pedaço do tronco de uma árvore, fincado num pau e sustentado por grelha de ferro. O tronco é besuntado por cochonilha, o corante da cor carmim extraído de insetos. Pétalas de craveiro serão jogadas ao pé da instalação regularmente pelo staff do Whitney e representam luto.

Quadro do pintor Henry Taylor retrata o assassinato do jovem Philando Castille, que chocou o mundo no ano passado. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Nesta obra de Harold Mendez que protesta a violência nos EUA, tronco de árvore foi besuntado por corante carmim extraído de insetos (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Uma das obras mais incendiárias sobre o tema é “Real Violence”, do artista nova-iorquino Jordan Wolfson, 37. Trata-se de um video de pouco mais de dois minutos de duração, via óculos de realidade virtual. Ao som introdutório de cantos judaicos da celebração de chanucá, o espectador encontra Wolfson numa calçada com um taco de beisebol. A ação é rápida e sem nenhuma explicação: ele começa a agredir um transeunte, esmagando a cabeça deste. Motoristas que transitam pela rua não deixam seus carros. Os efeitos são menos aterrorizantes que as violentas cenas de um ataque num clube noturno do filme “Irreversível” (2002), do cineasta Gaspar Noë, mas mesmo assim perturbam os incautos e cria uma sensação culposa pelo voyeurismo.

Fila para ver o trabalho pertubador de Jordan Wolfson sobre violência. (Foto: Marcelo Bernardes)

Escritórios, salas de aula, academias de ginástica e outros interiores viraram moda em instalações conceituais. O artista Aaron Flint Jamison, 38, de Seattle, ocupa uma sala de reuniões reservada para o staff do Whitney. Em um computador Dell, adquirido no eBay, ele criou um sistema operacional que pode ser usado pelos funcionários do museu durate a Bienal para mandar emails.

No projeto “Salón-Sala-Salón”, o artista porto-riquenho Chemi Rosado-Seijo, 44, transferiu uma das galerias do Whitney, com trabalhos dos artistas Sky Hopinka e Jessie Rivers, para uma escola de artes na região do Baixo Manhattan. Movéis de uma sala de aula da mesma escola foram, então, transferidos para a galeria vazia. Toda terça-feira, os estudantes em nível ginasial terão suas aulas no museu. Assusta um pouco que carteiras, cadeiras e armários das escolas de Nova York em 2017, parecem saídas dos anos 70.

A obra mais espetacular sobre o tema de espaços físicos é “The Meat Grinder’s in Iron Clothes” (o moedor de carne em roupas de ferro), da artista baseada na Califórnia, Samara Golden, 44. Ocupando uma área nobre do museu, a extremidade oeste, com vista para o rio Hudson, Golden cria um intricado e distópico abismo visual, de arquitetura desconstruída, via um jogo de espelhos. Entre oito interiores produzidos pela artista, alguns de ponta cabeça, estão os de um apartamento de cobertura e de uma instituição parte prisão, parte hospital, maneira que Golden encontrou para criticar a desigualdade econômica no país.

A sala de aula bem retrô do artista porto-riquenho Chemi Rosado-Seijo. Às terças, alunos de uma escola de NY terão aula no espaço. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Jogo de espelhos e cenários de ponta cabeça na instalação de Samara Golden sobre desigualdade econômica. (Foto: Marcelo Bernardes)

As varandas do Whitney, algumas do tamanho de um quarteirão, também abrigam obras especificamente criadas para aqueles espaços. Larry Bell, 79, artista nascido em Chicago e hoje baseado entre Novo México e Califórnia, criou uma série de seis cubos de vidro laminados e gigantescos (1.8 metro por 2.4 metros), que vão do vermelho ao fúcsia. Em outro ala externa, pode-se ver uma instalação sonora, “Chanson du Ricochet”, de Zarouhie Abdalian, 35, que evoca frases proferidas por ex-escravos que viveram em Nova Orleans, estado onde a artista nasceu. A companhia coletiva GCC (tirada do acrônimo em inglês para Conselho de Cooperação do Golfo e fundada em 2013) fabricou um melão gigante, coberto por escritos talismânicos e perfurado por vários pregos que, em 2016, foi parar na costa dos Emirados Árabes Unidos, abrindo uma discussão sobre magia negra que é proibida naquele país e em outras nações do Golfo Pérsico.

Cubos gigantes pelo artista Larry Bell, 79, especialmente para uma das sacadas do Whitney. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Instalação do grupo GCC, também especialmente criada para uma das aéreas externa, cria um melão que causou confusão os Emirados Árabes Unidos. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A instalação do melão do grupo GCC, visto à distância. (Foto: Marcelo Bernardes)

Outras surpresas da Bienal. Pinturas não perderam espaço para outras mídias e a maioria dos quadros são assinados por mulheres. A jovem iraniana Tala Madani (36), baseada na Califórnia, discute sociedades patriarcais numa série bem humorada com figuras que tem feixes de luz brotando de seus orifícios. Algumas telas tem nomes sugestivos como “Discoteca de Merda” e “Tetas de Cocô”, essa última sobre um menino que tentar agarrar dois pedaços de merda em formato de seios. Mais Cartman de “South Park”, impossível. Com disposição de menina, deixando sua cadeira de rodas para trás e andando no museu apenas de bengala, a veterana Joe Baer, 88, nascida em Seattle e hoje morando na Holanda, mostrou série recente de quadros inspirados em uma pesquisa sobre megálitos erguidos na Irlanda. Apesar de beirar os 90, Baer continua experimentando: suas figuras de pedras gigantes erguidas pelos homens da Idade do cobre e do bronze foram criadas a partir de um software que a permitiu pintar com uma caneta digital.

Em “Discoteca de Merda”, feixes de luz brotam dos ânus de alguns frequentadores. (Cortesia da artista Tala Madani e da galeria Pilar Corrias, Londres)

 

Aos 88 anos, pintora americana Joe Baer tenta novas técnicas em série sobre megálitos (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Um dos quadros de Joe Baer chama a atenção. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Do artista negro Pope.L, 62, também conhecido como William Pope.L, nascido em Nova Jersey e baseado em Chicago, vem uma das obras mais polêmicas desta Bienal, “Claim”. Uma construção com oito paredes é adornada por 2.755 fatias de mortadela, cada uma afixada com uma pequena fotografia de uma pessoa encontrada na rua e feita em branco e preto.

Um texto dentro da casa, “claims” (alega) que o número de mortadelas corresponde à porcentagem (1%) da população judaica na cidade de Nova York, calculada em 1.086.000. Pope.L já havia feito uma versão da mesma obra com temática negra.

O artista parte da premissa de que números e estatísticas demográficas criam atos de discriminação. “Quando a gente quantifica, começamos também a apontar o dedo”, diz o mesmo texto. Uma garrafa de vinho com a tampa aberta “inebria” e oxida a obra (a sala tem cheiro estranho, ainda não repugnante). Duas fatias de mortadela já caíram. Até o final da bienal, muitas outras podem ter o mesmo destino.

Pope.L preencheu as oito paredes dessa sala com 2.755 fatias de mortadela (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A sala tem cheiro levemente estranho e um manifesto afixado na parede em que PopeL. diz que estatísticas demográficas criam discriminação. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Uma das obras mais originais – e espertamente suntuosa – da Bienal vem do artista e performer mexicano Raúl de Nieves, 34, que vive no Brooklyn. Para esse trabalho que ocupa a extremidade leste do Whitney, de Nieves criou seis painéis gigantes usando materiais simples (se é que dá para acreditar), como papel, madeira, acetato, cola, fita adesiva e miçangas. Em suas inscrições estão as palavras Esperança, Harmonia, Justiça, Verdade, Amor e Paz.

Na frente dos painéis foram colocados quatro bonecos que parecem saídos de um desfile dos tempos áureos de John Galliano. A figura mais alta, uma espécie de noiva que puxa uma figura minúscula pela coleira, lembra uma versão feminina da fantasia búlgara usada por Toni Erdmann, personagem título do filme alemão dirigido pela cineasta Maren Ade e indicado para o Oscar de filme estrangeiro.

De Nieves criou todas as roupas com meticulosa atenção para os detalhes. Sua inspiração foram os sapatos. Muitos dos figurinos são usados pelo artista em performances. A instalação cria diversos efeitos de luz, dependendo do horário do dia. A julgar pelo primeiro dia de visitas oficiais ao Whitney, a obra parece ser a campeã de selfies desta Bienal.

Visão geral da instalação de Raúl de Nieves. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Será a noiva do Toni Erdmann? (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Detalhes da mão de um dos bonecos de Raúl de Nieves; NY ao fundo do painel colorido. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Efeito dos painéis de Rául de Nieves. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

No alto, visão quase nortuna do painel de Raúl de Nieves para quem anda pela rua. (Foto: Marcelo Bernardes)

Veja mais fotos no Instagram do Baixo Manhattan.

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NY assiste obras de artista alagoano que foi sucesso na Bienal de SP http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/02/11/ny-assiste-obras-de-artista-alagoano-que-foi-sucesso-na-bienal-de-sp/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/02/11/ny-assiste-obras-de-artista-alagoano-que-foi-sucesso-na-bienal-de-sp/#respond Sat, 11 Feb 2017 21:49:59 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/02/Screen-Shot-2017-02-11-at-4.44.40-PM-180x135.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5707 Dois trabalhos em vídeo do artista alagoano Jonathas de Andrade, 35, estão atualmente em exibição em Nova York.

O New Museum, no bairro do Lower East Side, em Manhattan, exibe em seu lobby o média-metragem “O Peixe”, uma das obras mais comentadas da última Bienal de São Paulo. Trata-se da primeira exibição solo nos Estados Unidos dedicada a Andrade. No texto de apresentação do vídeo, a curadoria do museu chama o alagoano de “um dos mais promissores artistas de sua geração”. Já a galeria Alexander and Bonin, no bairro do TriBeCa, exibe o curta “O Caseiro”.

Exibido no lobby do New Museum, em Nova York, "O Peixe" marca a estreia solo do trabalho de Jonathas de Andrade em um museu americano. (Foto: Divulgação)
Exibido no lobby do New Museum, em Nova York, “O Peixe” marca a estreia solo do trabalho de Jonathas de Andrade em um museu americano. (Foto: Divulgação)

Em “O Peixe”, Andrade mostra, durante 38 minutos de projeção, o ritual feito por dez pescadores que abraçam, acariciam e pressionam contra o peito suas presas após capturá-las. Os peixes lentamente agonizam até a morte. Segundo o jornal “The New York Times”, o “sedutor e tecnicamente bem executado” vídeo de Andrade é um trabalho “etnográfico” que apresenta “questões difíceis” sobre “o voyeurismo e a objetificação do corpo do homem negro”. “Não tenho muita certeza se ‘O Peixe’ representa um êxito ao criticar a sexualização do corpo dos negros, ou se ele acaba reafirmando essa ideia”, escreve Jason Farango, crítico de arte do jornal.

“O Caseiro”, com oito minutos de duração, apresenta dois filmes em telas simultâneas. Na da esquerda estão trechos do documentário “O Mestre de Apipucos”, do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, rodado em 1959, e que acompanha um dia na vida de Gilberto Freyre, mostrando o sociólogo passeado pelo jardim de sua casa e tomando café da manhã com a esposa. A segunda tela é preenchida com imagens feitas por Jonathas de Andrade, em 2o16, mostrando um caseiro negro que vive e trabalha na mesma casa, fazendo um paralelo das diferenças de classe social e raça.

Cena do curta "O Caseiro", em exibição em galeria no bairro do TriBeCa, em Nova York. (Foto: Alexander and Bonin)
Cena do curta “O Caseiro”, em exibição em galeria no bairro do TriBeCa, em Nova York. (Foto: Alexander and Bonin)

 

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Vik Muniz retrata o filho e desconhecidos em nova estação de NY http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/01/02/vik-muniz-retrata-amigos-e-desconhecidos-em-nova-estacao-de-ny/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/01/02/vik-muniz-retrata-amigos-e-desconhecidos-em-nova-estacao-de-ny/#respond Mon, 02 Jan 2017 03:29:38 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/Screen-Shot-2017-01-01-at-9.42.37-PM-180x123.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5584 Em 1957, um artigo do jornal “The New York Times” sobre o projeto de expansão do metrô da Segunda Avenida, que beneficiaria milhares de moradores do Upper East Side, em Manhattan, começava assim: “Projeto antigo e prometido para o ano de 1951, o metrô da Segunda Avenida provavelmente nunca será construído”.

Após quase 100 anos de espera (o projeto foi proposto em 1919), o atual governador de Nova York, Andrew Cuomo, fez no primeiro minuto de 2017 a viagem inaugural da extensão da linha Q do metrô, que compreende três estações com entrada na Segunda Avenida: entre as ruas 72 e 96. As estações começaram a ser construídas em abril de 2007 e custaram ao cofre do estado um total de US$ 4.5 bilhões. Elas foram finalmente abertas ao público ao meio-dia de hoje (1), com horário limitado de acesso. No dia 9, as três estações passam a funcionar normalmente, ou seja, com trens circulando 24 horas por dia.

No primeiro dia de funcionamento, o metrô estava lotado com moradores da região, curiosos que vieram até de outros estados e países, e imprensa em geral. Além de experimentarem a linha pela primeira vez, muitos visitantes estavam de olho mesmo nas obras de arte permanentes criadas por quatro artistas residentes em Nova York e que foram comissionados pela Companhia de Transporte Urbano da cidade, a MTA.

Entre eles, está o paulista Vik Muniz, responsável por quase duas dúzias de mosaicos em tamanho natural que mostram moradores “normais” de Nova York. Muniz tem toda a estação da rua 72 para mostrar seu trabalho. Os outros artistas são os americanos Sarah Sze (estação 96th Street) e Chuck Close (estação 86th Street); e a sul-coreana Jean Shin (estação 63rd Street, a única das estações que já existia).

A obra de Muniz, intitulada “Perfect Strangers”, reúne amigos e conhecidos do artista, entre eles o casal gay Thor Stockman e Patrick Kellogg; famosos como o renomado chef francês Daniel Boulud (segurando uma sacola de plástico que contem flores e um peixe), o fotógrafo e artista francês JR e o empresário da noite, designer e ator indiano Waris Ahluwalia, que fez participação no filme “A Vida Marinha de Steve Zissou”; anônimos como uma executiva usando tênis e carregando o sapato de salto alto na mão; e um guarda com um picolé.

Muniz também criou um auto-retrato (ver acima), em estilo Norman Rockwell, vestindo uma capa de chuva e tentando agarrar uma pasta que se abriu, esparramando documentos e calculadora. O filho de Muniz, Gaspar, de 26 anos, também aparece num dos mosaicos, usando uma fantasia de tigre. Os mosaicos de Muniz foram fabricados por Franz Mayer, em Munique.

Abaixo algumas das criações de Muniz para a estação 72nd Street:

Na entrada da estação da rua 72, retrato de um hipster olhando para um balão. (Foto: Marcelo Bernardes)
Na entrada da estação da rua 72, retrato do fotógrafo e artista francês JR olhando para um balão. (Foto: Marcelo Bernardes)
Antes de passarem pela catraca, usuários podem ver esse mural com crianças e balão no subsolo da estação da rua 72. (Foto: Marcelo Bernardes)
Antes de passarem pela catraca, no subsolo da estação, usuários podem ver esse mosaico de Muniz com crianças e balão. (Foto: Marcelo Bernardes)
Os três sets de crianças do lobby da estação. (Foto: Marcelo Bernardes)
Vista geral, com os três sets de crianças, do lobby da estação. (Foto: Marcelo Bernardes)
Já dentro da estação, mais um mural com balão . (Foto: Marcelo Bernardes)
Já dentro da estação, mais um mural com balão . (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mural anterior. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mural anterior. (Foto: Marcelo Bernardes)
Muniz imortalizou o amigo, o chef francês Daniel Bouloud, dono dos famosos restaurantes Daniel, Café Bouloud e DBGB Kitchen, no metrô de NY. (Foto: Marcelo Bernardes)
Muniz imortalizou o amigo, o chef francês Daniel Boulud, dono dos famosos restaurantes Daniel, Café Boulud e DBGB Kitchen, no metrô de NY. (Foto: Marcelo Bernardes)
Mais moradores "comuns" da série "Perfect Strangers". (Foto: Marcelo Bernardes)
Mais moradores “comuns” da série “Perfect Strangers”. (Foto: Marcelo Bernardes)
Diogo, filho de Vik Muniz, aparece vestido como fantasia de tigre. (Foto: Marcelo Bernardes)
Gaspar, filho de Vik Muniz, aparece vestido como fantasia de tigre. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mural com o filho de Vik Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mural com o filho de Vik Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Geral da estação da rua 72. (Foto: Marcelo Bernardes)
Geral da estação da rua 72. (Foto: Marcelo Bernardes)
Mais personagens da série "Perfect Strangers". (Foto: Marcelo Bernardes)
Mais personagens da série “Perfect Strangers”. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Qualquer semelhança com o ex-presidente Lula é mera coincidência! (Foto: Marcelo Bernardes)
Qualquer semelhança com o ex-presidente Lula é mera coincidência! (Foto: Marcelo Bernardes)
Visão geral do auto-retrato de Vik Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)
Visão geral do auto-retrato de Vik Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)
O designer e ator indiano ?? ?? e executiva com o sapato de salto alto na mão. (Foto: Marcelo Bernardes_
O designer e ator indiano Waris Ahluwalia e executiva com o sapato de salto alto na mão. (Foto: Marcelo Bernardes_
Policiais posam na frente do mural de Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)
Policiais posam na frente do mural de Muniz. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mosaico com o policial segurando picolé. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe do mosaico com o policial segurando picolé. (Foto: Marcelo Bernardes)
Enfermeira e o casal gay do Brooklyn Thor Stockman e Patrick Kellogg. (Foto: Marcelo Bernardes)
Enfermeira e o casal gay do Brooklyn Thor Stockman e Patrick Kellogg. (Foto: Marcelo Bernardes)
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Esculturas do ator Christopher Walken viram nova mania em NY http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/05/esculturas-do-ator-christopher-walken-viram-nova-mania-em-ny/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/05/esculturas-do-ator-christopher-walken-viram-nova-mania-em-ny/#respond Thu, 06 Oct 2016 02:15:25 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Screen-Shot-2016-10-05-at-10.06.58-PM-136x180.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5195 Christopher Walken é o novo John Malkovich.

Depois de Malkovich ter virado “meta-muso” no cinema, agora é a vez de Walken, 73, que venceu o Oscar de ator coadjuvante em 1979, pelo filme “O Franco Atirador” e participou de produções como “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e “Prenda-Me se For Capaz”, virar tema de instalação de arte.

“Monument to Walken” (Monumento para Walken) reúne uma série de dez bustos feitos de cimento e fincados no gramado do Parque de Esculturas Socrates, que fica no bairro do Queens, em Nova York. A obra é do artista americano Bryan Zanisnik. Desde a abertura da exposição intitulada “EAF16”, há duas semanas, a instalação viralizou na mídia social, provocando a maior taxa de visitação vista no parque desde que ele foi inaugurado em 1986.

Com somente pescoço e rosto à mostra, tem-se a impressão que o corpo de Walken encontra-se soterrado num dos cantos do parque, protegido pela sombra de várias árvores. O escultor Zanisnik, que mora no Queens, decidiu fazer uma homenagem a um dos mais famosos filhos pródigos de Astoria, região do Queens, onde Walken nasceu e passou a infância.

Bustos do ator Christopher Walken criados por Bryan Zanisnik. (Foto: Marcelo Bernardes)
Bustos do ator Christopher Walken criados por Bryan Zanisnik. (Foto: Marcelo Bernardes)

Astoria também é considerado um dos bairros com a maior concentração de habitantes estrangeiros (11% da população) do mundo. É grande a presença de gregos (o nome do parque é uma homenagem a eles), brasileiros, chineses, colombianos, indianos, guianenses e dominicanos, entre outros povos.

Instalação tem 10 estátuas de Walken. (Foto: Marcelo Bernardes)
Instalação tem 10 estátuas de Walken. (Foto: Marcelo Bernardes)

Além dos bustos, a instalação conta com um display com desenhos do cartunista Eric Winkler que faz um breve histórico da família Walken pelo bairro. Os pais do ator foram donos de padaria em uma principais ruas do bairro, a Broadway. Em seu cartum, Winkler publica propaganda da padaria que tinha “canolis tão grandes que fazem sua cabeça explodir”. Outro anúncio-brincadeira diz: “Atenção donas de casa, deixe a gente assar o peru de Ação de Graças. Apenas traga uma forma para transportar o assado. Maiores informações com o Ronnie”. No local da padaria de Walken, que funcionou por 30 anos, hoje se encontra uma loja de ferramentas.

Christopher Walken em cena de "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino. (Foto: Divulgação)
Christopher Walken em cena de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino. (Foto: Divulgação)

A mostra “EAF16” é uma espécie de bolsa para artistas emergentes baseados em Nova York. Entre os 15 escultores selecionados para a exposição, está a paulista Liene Bosquê, que apresenta a instalação “Terracotta Impressions” (Impressões em Terracota), uma estrutura inacabada em tijolos que recria um prédio do bairro do Queens, onde a artista morava. A exposição fica em cartaz até o dia 12 de março de 2017. O parque é aberto para visitação pública todos os dias do ano.

A escultura Terracotta Impressions, da artista paulista Liene Bosquê. (Fotos: Marcelo Bernardes)
A escultura Terracotta Impressions, da artista paulista Liene Bosquê. (Fotos: Marcelo Bernardes)
"Ammal", instalação com Jeep Comanche modelo 89 feita pelo artista Andrew Brehm; ao fundo, a escultura "Accidental Flight", de Dylan Gauthier. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Ammal”, instalação com Jeep Comanche modelo 89 feita pelo artista Andrew Brehm; ao fundo, a escultura “Accidental Flight”, de Dylan Gauthier. (Foto: Marcelo Bernardes)
"All Else Is Pale", do artista Galería Perdida. (Foto: Marcelo Bernardes)
“All Else Is Pale”, do artista Galería Perdida. (Foto: Marcelo Bernardes)
"Site on the Move", instalação outdoor de Dachal Choi e Matthew Suen. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Site on the Move”, instalação em estilo outdoor de Dachal Choi e Matthew Suen. (Foto: Marcelo Bernardes)
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Björk é tema da mais tecnológica exposição de arte de todos os tempos http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/#respond Tue, 03 Mar 2015 22:13:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=88 Recentemente, a artista Marina Abramović revelou como foi conhecer a cantora e compositora Björk. “Quando a vi, numa festa no apartamento de um amigo, Björk carregava uma estranha sacola e, dentro dela, havia um grande telefone vermelho”. Já amigas, as duas começaram a se encontrar frequentemente. “Uma vez fomos ao mercado das pulgas e Björk usava uma gaiola vazia no pescoço, que funcionava como um colar”. Visitando Björk e, enquanto a última fazia sardinhas na brasa, Abramović decidiu xeretar o quarto da amiga. Encontrou uma densa neblina. “Ela tinha tipo cerca de 64 vaporizadores de ar, que usa para cuidar da voz”. E, quando Abramović comemorou aniversário e convidou Björk, esta apareceu na companhia de sete cantoras islandesas – todas grávidas, “em períodos diferentes de gestação”. “Björk é capaz de criar cenas cotidianas na vida dela que mais lembram instalações de arte”, descreve.

 

Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Na manhã de hoje, Björk surgiu – de carne e osso – no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, vestida como um cacto preto. Era uma verdadeira instalação de arte ambulante. Enquanto gesticulava ao apresentar seu novo vídeo musical, a parte superior do cacto sambava contra a tela de projeção. Após 12 anos de tentativa, o curador alemão Klaus Biesenbach conseguiu convencer Björk a dar a benção dela – e cooperar – com aquela que vem a ser uma das mais originais mostra de arte pop dos últimos tempos.

 

 

 

Neste domingo, o MoMA abre as portas da exposição que leva o nome da cantora. Trata-se de uma imersão musical pelas letras, sons e psiquês de um músico jamais visto. O MoMA já havia experimentado (e ousado) com exposições sonoras como a retrospectiva da banda alemã Kraftwerk, em 2012, mas no caso de Björk a ousadia foi um pouco mais longe. “Trata-se de uma das mais complicadas exposições do MoMA”, disse Glenn D. Lowry, diretor do museu.

As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)
As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

 

“Björk” mistura música, tecnologia, arte, vîdeo e moda. O museu precisou adaptar uma grande area do mezanino do lugar para criar três salas novas. A maior e principal delas – e em estilo labirinto – requer que o visitante use grandes fones de ouvido, acoplados a um tocador de MP3. A voz que guia os visitantes pelas galerias repletas de réplicas em tamanho normal de Björk, letras de música e adereços usados nos clipes dela pertence ao músico Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons.

O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)
O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Em determinado momento, Antony “sussura”, em tom completamente zen, no ouvido do visitante: “vai devagar”. O tocador de MP3 responde aos pontos de Bluetooth instalados nessas galerias e que sincronizam a música de diferentes CDs de Björk com a disposição geográfica dos objetos em exposição. Enquanto o visitante vê a bota que o designer belga Walter van Beirendonck criou para o video “Hyperballad”, ou o blazer em forma de correspondência que o turco Hussein Chalayan esboçou para a capa do CD “Post”, de 1995, a música “Isobel”, do mesmo CD (e inspirada em Elis Regina), surge nos fones de ouvido. Se você pular de sala rapidamente e deixar a fase do Vespertine (CD de 2001) para trás e optar por Volta (CD de 2007), a música correspondente e as declarações de Hegarty avançam também. Para criar essa sintonia, a saída foi prosaica: um dos principais patrocinadores da exposição, a montadora alemã Volkswagen, adaptou a tecnologia GPS de seus carros para as pequenas galerias do museu.

 

Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

O curador Biesenbach havia tentado fazer uma retrospectiva de Björk em 2000. “Já naquela época, ela tinha um conjunto de videoclipes que dava para preencher uma exposição”, explica o curador ao Baixo Manhattan. “Mas ela não topou. Björk odeia olhar para o passado”. Em 2012, a artista foi novamente procurada por Biesenbach. “A pergunta dela, dessa vez foi: ‘será que o MoMA estaria disposto a criar uma experiência autêntica que misturasse som, música e arte?” O museu topou e Björk pessoalmente lidou com um time de designers, carpinteiros, videomakers, arquitetos, fotógrafos e assessores de imprensa. Até na semana passada, ela estava dando as últimas sugestões de retoques.

 

O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)
O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)

A sala-labirinto da exposição se chama Songlines, e foi ideia original da cantora. Para passar por ela, ouvindo músicas de Björk e a voz reconfortante de Hegarty se gastam 40 minutos. Nessa viagem musical, a paisagem é bem desfile de moda. Manequins com o rosto da cantora (feitos de scans 3-D do corpo da cantora) vestem roupas de Alexander McQueen (o vestido de noiva Pagan Poetry, de 2001, e o de bolas de metal de 2004), Marjan Pejoski (o infame vestido de tule em forma de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar em 2001) e Iris Van Herpen (o vestido da turnê Biophilia, de 2011). Há também acessórios como máscaras feitas de penas turcas ou cristais Swarovski e muitas letras de música, seja em papéis de rascunhos, nas costas de um cartão de visitas ou em papel de presente.

 

Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

No casulo número 2, com imensos sofás-camas vermelhos, pode-se assistir a quase todos os videoclipes da cantora, dirigidos por cineastas como Michel Gondry (“Isobel”, “Hyperballad”, “Bachelorette” e “Crystalline”), Spike Jonze (“It’s So Oh Quiet”, “It’s In Our Hands” e “Triumph of the Heart”), além de Eiko Ishioka, Stephane Sednaoui, Bill Cunningham e até o casal de fotógrafos Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin, responsável pela foto de capa de vários CDs de Björk. A exposição se encerra em uma terceira sala, com a exibição do videoclipe Black Lake, de dez minutos de duração e dirigido por Andrew Thomas Huang. “Trata-se de uma experiência generosa”, disse Björk ao apresentar o video aos jornalistas. “Esses últimos dias têm sido uma experiência incrível para mim”. A mostra do MoMA, que deve ser um sucesso comercial, fica em cartaz até o dia 7 de junho. Mas ela poderá ficar defasada em breve. “Björk terminou essa semana um novo trabalho que ela vai mostrar ao mundo no dia 16 de março”, disse Biesenbach.

 

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Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
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