Desenho animado sobre Trump pega carona em livro ‘incendiário’

Marcelo Bernardes

“Fire and Fury” (Fogo e Fúria), o incendiário livro fenômeno de 2018 nos Estados Unidos, escrito pelo jornalista Michael Wolff, que, por meio de inúmeros relatos de assessores do atual governo do país, descreve o presidente Donald Trump como sendo psicologicamente instável, inseguro e pouco informado, acabou de fazer nova “vítima”: um seriado inédito de TV sobre a Casa Branca.

No sábado (6), em uma coletiva de imprensa, Stephen Colbert, apresentador do talk show número 1 da TV americana, o  “Late Show”, da rede CBS,  brincou a respeito das similaridades entre os temas do livro de Wolff com os de sua nova série, “Our Cartoon President” (Nosso presidente de animação, em tradução literal), que estreia dia 11 de fevereiro na TV americana, “acusando” Wolff de plagiarismo. “Não tem nada no livro (de Wolff) que também não esteja em nosso programa – e a gente estava apenas na (base da) suposição”, disse Colbert à imprensa. “A melhor coisa sobre o governo Trump é, que, tudo o que você imagina (que acontece nele), acaba sendo verdade”.

Em dúvida sobre melhor estratégia política, Trump pede conselhos para os filhos Donald Jr. e Eric. (Foto: Showtime)

Em formato de desenho animado, “Our Cartoon President” tem dez episódios. Por meio de imagens captadas por uma equipe que faz um documentário sobre a Casa Branca e a atual administração Trump, surgem momentos íntimos do presidente. Ele não sabe muito o que fazer na cama com a primeira-dama Melania e, quando em dúvida sobre qual a melhor estratégia política a tomar, o líder americano pede conselhos para dois de seus maiores confidentes, os filhos Donald Jr. e Eric, que usam suéteres de lã e gomalina no cabelo. Trump também é um líder obcecado pelas reportagens das emissoras de TV a cabo sobre seu governo, passando horas na frente dos televisores. No desenho, o presidente também é retratado como um político com baixo índice de concentração e que costuma ser aterrorizado pela aparição de imagens de seus adversários no espelho do banheiro.

No primeiro episódio, Trump aparece fazendo seu primeiro discurso sobre o Estado da União. Como o primeiro discurso oficial acontece em breve – no dia 30 de janeiro, a rede Showtime pretende disponibilizar o piloto da série dois dias antes do evento real.

Trump jantando com assessores, a primeira-dama Melania, o vice-presidente Mike Pence e a mulher deste, Karen. (Foto: Showtime)

Desde que Colbert passou a investir pesado na sátira política durante os monólogos de abertura do “Late Show”, seu programa  saltou do segundo lugar para ser o confortável campeão da faixa das 23h30 na TV americana. Mesmo correndo atrás do prejuízo, com piadas mais politizadas, o comediante Jimmy Fallon, do “Tonight Show”, não conseguiu reassumir a liderança. Com a facilidade de Colbert para sátira política, era esperado que ele se aventurasse por outras plataformas, lançando um livro ou criando um outro programa. Ele preferiu a segunda opção.

Por mostrar a obsessão de Trump com a cobertura dos noticiários da TV a cabo sobre seu governo, a série de Colbert terá versões em desenho de famosos âncoras da TV americana, entre eles a liberal Rachel Maddow, da rede MSNBC, o moderado Anderson Cooper, da CNN, e o conservador – e amigo de Trump – Sean Hannity, da Fox News. Na coletiva de sábado, Colbert disse que seu novo programa tem uma grande missão. “Queremos, na verdade, mostrar como ele (Trump) é um gênio muito estável”.