Rua de NY que ficou famosa com ‘Sex and the City’, entra em declínio

Marcelo Bernardes

O comércio da Bleecker Street, rua do bairro do West Village, em Nova York, que virou destino para lojas de grifes de luxo depois do sucesso do seriado “Sex and the City” e da chegada da grife Marc Jacobs num de seus quarteirões mais disputados, pode estar mostrando seus primeiros sinais de declínio.

A última loja de roupas Marc Jacobs, de um total de três, que ainda estava em funcionamento na rua fechou suas portas no final de março. A grife agora só é representada no local por meio da livraria BookMarc. Uma volta pelo local mostra que 19 estabelecimentos comerciais, onde funcionavam lojas, restaurantes e floriculturas, estão vazios com grandes sinais de aluga-se em suas portas e fachadas.

Após 16 anos em atividade, loja Marc Jacobs, outro símbolo da Bleecker Street, fechou suas portas em março. (Foto: Marcelo Bernardes)

A culpa da grande debandada é dos altos aluguéis ainda praticados na rua, apesar de locatários estarem saindo do local desde 2015. O preço médio do aluguel de um metro quadrado na Bleecker Street varia entre US$ 6.400 a US$ 7.450 (ou R$ 20.200 a R$ 23.400).

No Meatpacking District, outro bairro da moda que ganhou uma mãozinha de “Sex and the City”, a média de um metro quadrado sai mais em conta, entre US$ 3.200 a US$ 6.400 (R$ 10 mil a R$ 20.200). Não é à toa que o comércio de luxo e restaurantes sofisticados se multiplicaram no Meatpacking, que fica a dez quarteirões da Bleecker Street. Principalmente depois da chegada do museu Whitney e da loja da Apple.

Duas lojas, de um total de 19, vagas na Bleecker Street. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A Bleecker Street foi imortalizada em um episódio de Sex and the City, em 2000, no qual as personagens Carrie Bradshaw (interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker) e Miranda (Cynthia Nixon) comem um cupcake da Magnolia Bakery, sentadas num banco da frente da doceira.

 

Cena da terceira temporada de Sex and the City, em 2000, na qual Miranda (Cynthia Nixon) e Carrie (Sarah Jessica Parker) provam cupcakes na frente da Magnolia Bakery. (Foto: Divulgação)

O banco não existe mais, mas a peregrinação à loja – que nem mais produz o melhor cupcake de Nova York (esta distinção cabe, entre outras doceiras, a Billy’s Bakery) – continua ao local, com vários ônibus com turistas estrangeiros e de outros estados americanos fazendo uma parada no local durante os finais de semana. Foi Sarah Jessica Parker quem escolheu a locação, por morar a três quarteirões de distância e de ter frequentado o local antes do pandemônio que a própria viria a criar.

A fama da Bleecker Street continuou, um ano mais tarde, com a chegada de três lojas Marc Jacobs. A pioneira delas, e que acabou de fechar suas portas, estava em funcionamento desde 2001. As outras lojas da grife, Marc by Marc Jacobs e Marc Jacobs Men fecharam suas portas respectivamente em 2015 e 2016. Outras marcas famosas que deixaram o local foram a Mulberry, Brooks Brothers Black Fleece e Compton des Cotonniers. A primeira loja Marc Jacobs em Nova York, na Mercer Street, no bairro do SoHo, continua em funcionamento.

Entre as lojas ainda presentes na Bleecker Street estão a Maison Margiela, Intermix, Seven For All Mankind, Nars, Burberry, Gant e Paul Smith. Uma loja pop-up, de permanência limitada, das Havaianas abriu na Bleecker Street no ano passado.

Loja pop-up das Havaianas enfrenta os altos aluguéis da Bleecker Street desde o ano passado. (Foto: Marcelo Bernardes)