Cantor Orlandivo vai parar na trilha de filme sádico de Hollywood
Um mês após sua morte, aos 79 anos, o cantor e percussionista brasileiro Orlandivo, ícone do sambalaço, aparece na trilha sonora do filme norte-americano “The Experiment Belko” (a experimentação Belko), lançado hoje (17) nos cinemas dos Estados Unidos e Reino Unido. A música “Chavinha”, escrita em parceira com Roberto Jorge em 1962, é executada num rádio de pilha em momento de tensão deste filme dirigido pelo australiano Greg McLean.
No papel, o roteiro de “The Experiment Belko”, ainda sem data para estrear no Brasil, parecia bom, próximo da sensibilidade da antologia de terror e suspense social da TV inglesa, “Black Mirror”. O roteirista James Gunn, quente em Hollywood depois de escrever “Guardiões da Galáxia”, em 2014, tentou criar um cruzamento entre o cult filme japonês “Batalha Real”, e de seu derivado americano “Jogos Vorazes”, com elementos de clássicos da literatura como “Senhor das Moscas” e “A Revolução dos Bichos”. O filme, porém, se resultou em sério candidato a maior exercício gratuito de sadismo do ano. O jornal “The New York Times” chamou a produção de “pavorosa e doentia”.
Belko é uma empresa de recursos humanos instalada na periferia da capital colombiana, Bogotá. Seus funcionários, muitos americanos e outros que seguem a cartilha da inclusão de Hollywood (uma muçulmana, um francês, um gay e periguete latinos), selecionam e treinam profissionais para o mercado de trabalho sul-americano.
Logo no início do filme, uma misteriosa voz dá uma ordem macabra via interfone. Dos 80 funcionários que apareceram para trabalhar naquele dia, 30 têm que morrer. Os próprios colegas de trabalho serão os responsáveis pelas execuções. Caso essa cota não seja atingida num período de duas horas, o número de vítimas salta para 60.
Ao perceber de que não se trata de um trote – portas e janelas de ferro lacraram o prédio por fora -, o chefe da empresa, interpretado por Tony Goldwyn (o presidente americano Fitzgerald Grant do seriado “Scandal”) passa a liderar a facção que prefere acreditar que não existe solução melhor para a situação. Dois funcionários (John Gallagher Jr. e Adria Arjona) engrossam o time daqueles que procuram uma saída, sem que haja derramamento de sangue.
Sangue é o que não falta no filme. Em determinado momento, o chefe da empresa anuncia uma subdivisão em seu quadro de funcionários. Aqueles com mais de 60 anos de idade, ou com filhos acima dos 18, são obrigados a se ajoalherem contra uma parede, onde são fuzilados ao som da versão em espanhol para a música “California Dreamin””, do The Mamas & the Papas. Machadinhas, facas e até um porta durex são usados como armas para outras execuções ao longo dos 88 minutos de duração do filme.
Em 1997, a celebrada fotógrafa americana Cindy Sherman já havia optado pelo tema de um dia de cão no local de trabalho em seu filme de estreia como diretora, “Mente Paranóica” (“Office Killer” no título original). Mas agora parece que a moda está de volta. Além de “The Experiment Belko”, outro filme similar está para ser lançado nos Estados Unidos. Trata-se de “Mayhem” (caos), sucesso das sessões de meia-noite do festival South by Southwest, recém-encerrado na cidade de Austin, Texas.
Nesse filme, um pandemônio é criado numa firma de advocacia, após o local ser contaminado por um vírus transmissível pelo ar, que impede suas vítimas de controlarem inibições. Em Hollywood, no momento, nem todas as festas de fim de ano da firma estão garantidas.
- abaixo os trailers original e a sátira com Legos