NY assiste obras de artista alagoano que foi sucesso na Bienal de SP
Dois trabalhos em vídeo do artista alagoano Jonathas de Andrade, 35, estão atualmente em exibição em Nova York.
O New Museum, no bairro do Lower East Side, em Manhattan, exibe em seu lobby o média-metragem “O Peixe”, uma das obras mais comentadas da última Bienal de São Paulo. Trata-se da primeira exibição solo nos Estados Unidos dedicada a Andrade. No texto de apresentação do vídeo, a curadoria do museu chama o alagoano de “um dos mais promissores artistas de sua geração”. Já a galeria Alexander and Bonin, no bairro do TriBeCa, exibe o curta “O Caseiro”.
Em “O Peixe”, Andrade mostra, durante 38 minutos de projeção, o ritual feito por dez pescadores que abraçam, acariciam e pressionam contra o peito suas presas após capturá-las. Os peixes lentamente agonizam até a morte. Segundo o jornal “The New York Times”, o “sedutor e tecnicamente bem executado” vídeo de Andrade é um trabalho “etnográfico” que apresenta “questões difíceis” sobre “o voyeurismo e a objetificação do corpo do homem negro”. “Não tenho muita certeza se ‘O Peixe’ representa um êxito ao criticar a sexualização do corpo dos negros, ou se ele acaba reafirmando essa ideia”, escreve Jason Farango, crítico de arte do jornal.
“O Caseiro”, com oito minutos de duração, apresenta dois filmes em telas simultâneas. Na da esquerda estão trechos do documentário “O Mestre de Apipucos”, do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, rodado em 1959, e que acompanha um dia na vida de Gilberto Freyre, mostrando o sociólogo passeado pelo jardim de sua casa e tomando café da manhã com a esposa. A segunda tela é preenchida com imagens feitas por Jonathas de Andrade, em 2o16, mostrando um caseiro negro que vive e trabalha na mesma casa, fazendo um paralelo das diferenças de classe social e raça.