Larry Flynt diz que imprensa ‘covarde’ ajudou a eleger ‘um monstro’
Larry Flynt, fundador da revista pornográfica”Hustler”, criticou a imprensa americana por ter “ajudado a criar esse monstro que a gente agora chama de presidente-eleito (Donald) Trump”. Segundo ele, a mídia, “ao não admitir ter errado” em sua cobertura da eleição presidencial, “foi patética e covarde”. O editor diz que “derrubar Trump” agora “depende da imprensa”. “Isso se vocês (mídia) tiverem coragem.”
Em carta aberta intitulada “Acorde, Imprensa!”, publicada na edição de hoje (3) da revista “Variety”, especializada na indústria de entretenimento, Flynt acusou os órgãos de imprensa de seu país de terem sido “complacentes” na cobertura da eleição, “de uma maneira jamais vista em nossa história”. “Queridos membros da grande imprensa, vocês conseguiram de novo. A falta de responsabilidade em suas reportagens traíram essa grande nação”, começa a carta de oito parágrafos.
Segundo o editor da “Hustler”, boa parte da “complacência” veio das emissoras de TV dos EUA, “com âncoras e moderadores sem a obrigação de checar os fatos”. “Vocês estão de brincadeira?”, indaga Flynt, que prossegue: “O fato de que vocês não se incomodaram em conferir informações dadas aos espectadores é uma grande injustiça ao povo deste país”.
Para Flynt, nem todos os espectadores de TV são “intelectuais” e os candidatos (e pré-candidatos) da eleição presidencial americana “difundiram mentiras continuadamente”. “Vocês estavam lidando com eleitores de pouca informação, que não precisam de fatos precisos em ordem de pender para uma direção (política) ou outra. Essas são pessoas facilmente influenciáveis”, escreve Flynt.
Flynt culpou jornalistas de, “em desespero absoluto”, terem noticiado “tudo o que o homem (Trump) disse”, sendo verdade ou não. “Vocês querem vender mais jornais, conseguir mais pageviews em seus sites. Até entendo. Mas vocês não estão vendendo bolachas para os consumidores. Vocês são jornalistas – façam o seu trabalho.”
Ele termina a carta dizendo que a “Hustler” publicou “mais reportagens cuidadosas e acuradas do que a maioria da cobertura que acompanhei. Isso quer dizer algo, não?”
Em outubro, Flynt ofereceu US$ 1 milhão a quem lhe entregasse outras gravações do até então candidato republicano Donald Trump fazendo comentários “degradantes” sobre mulheres.
Flynt se tornou mundialmente famoso em 1996, quando o cineasta Milos Forman lançou o filme “O Povo Contra Larry Flynt”, cinebiografia estrelada por Woody Harrelson e Courtney Love.