À beira de um rio em NY, exposição discute crise mundial da água
Uma imagem panorâmica do centro de São Paulo, feita a partir do topo do Edifício Martinelli, pode ser vista atualmente em cenário cinematográfico de Nova York: ao pé da Brooklyn Bridge, com o centro financeiro de Manhattan e o edifício One World Trade Center ao fundo, e a Manhattan Bridge do lado norte.
Essa e mais outras 67 imagens feitas em nove diferentes países fazem parte da mostra “Water Stories”, novo trabalho do fotógrafo nova-iorquino Mustafah Abdulaziz, radicado em Berlim, Alemanha.
Abdulaziz passou cinco anos coletando imagens de países como Brasil, China, Paquistão, Nigéria e Estados Unidos para analisar como mudanças climáticas, exploração dos recursos naturais, aumento da população e poluição contribuem para a crise mundial da água. Todas as imagens foram feitas em filme, uma vez que Abdulaziz não gosta de câmeras digitais. Um dos patrocinadores do trabalho é a ONG WWF (Fórum Mundial da Água).
A exposição ao ar livre, e que fica em cartaz até a semana que vem no bairro do Brooklyn, é dividida em nove partes. No segmento dedicado ao Brasil, entre outra imagens, estão a de animais no Pantanal, poluição no Córrego Carandiru, em São Paulo, e no rio Paraguai, dos níveis da água no sistema Cantareira, e do desmatamento ilegal em Tangará da Serra, Mato Grosso. Várias imagens feitas no Mato Grosso mostram as melhorias feitas pelo projeto Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, aliança entra a WWF-Brasil e prefeituras daquele estado para a recuperação de 700 quilômetros de rios.
As fotos, exibidas em painéis gigantes, ganham efeito extra de reflexão por estarem ao lado do East River, que separa Manhattan de Long Island. “O trabalho que criei fica mais próximo de um estudo humano da interação com a água”, explica o fotógrafo. “A ideia era chamar a atenção para um problema que já é conhecido pelos visitantes de exposição: a capacidade de uma profunda conexão com o planeta. Se um deles deixar a mostra com desejo de criar algum tipo de mudança, isso é positivo, mas não era meu objetivo principal.”