Programa ‘SNL’ volta detonando o debate Hillary-Trump
O debate presidencial entre a candidata democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, em Nova York, no dia 26 de setembro, e os últimos desdobramentos de uma campanha eleitoral fora do normal, surpreendente e cheia de insultos e golpes baixos renderam diversas piadas na estreia do programa humorístico “Saturday Night Live” que, no fim da noite de sábado (1), voltou ao ar para sua 42a. temporada.
As melhores piadas? Foram duas.
O comediante Larry David, muito aplaudido pela plateia que acompanhava a encenação ao vivo, num auditório da rede NBC, voltou a interpretar Bernie Sanders, o senador por Vermont, ex adversário de Hillary Clinton nas prévias do partido Democrata. Ao defender o “Time Hillary” num programa de competição sobre conhecimentos gerais, Sanders faz uma analogia com um “remédio” natural contra a prisão de ventre. “A senadora Clinton é como um suco de ameixa seca. Ela pode não parecer muito saborosa, mas se você tomá-la, não vai ficar entupido com merda por um longo período de tempo”.
Já no quadro “Weekend Update” (Fim de semana em dia), um “noticiário” que faz piadas das melhores manchetes da semana, o co-âncora Colin Jost compara Clinton e Trump com as opções mais populares de telefones celulares no mercado. “A gente só tem duas. Você não quer um iPhone 7 (Clinton) porque parece que ele está sendo forçado na gente e as novidades dele também não representam necessariamente o fato de que houveram grandes melhorias. Mas a gente também não quer um Galaxy, da Samsung (Trump), porque ele pode explodir a qualquer momento”.
A volta do “Saturday Night Live”, com a atriz australiana Margot Robbie como host da noite e o cantor The Weeknd como atração musical, apresentou quatro esquetes diferentes com piadas sobre a campanha presidencial americana e teve a “participação” também da filha Trump, Ivanka Trump, do ex-presidente Bill Clinton e do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tira a camisa para mostrar o “tanquinho”.
O ator Alec Baldwin, que vai interpretar Trump durante esta nova temporada do humorístico da NBC, apareceu no esquete de abertura, que reconstituiu o debate presidencial. Hillary Clinton foi mais uma vez interpretada por Kate McKinnon, que recentemente venceu o prêmio Emmy de melhor atriz coadjuvante (comédia) por sua participação no “SNL”.
O moderador do debate, Lester Holt (interpretado pelo comediante Michael Che), apresenta Clinton no debate, dizendo que ela está “lidando com uma pneumonia e a gente espera que esteja se sentindo melhor”. A democrata entra no palco de bengala e tossindo muito. Era de mentirinha. Ela dá uma cambalhota e mostra que está 100% curada.
Trump abre o debate lidando com problemas no microfone e sua estranha dicção. O republicano diz que os empregos nos Estados Unidos estão “vazando” para países como o México e a “Gina”, ou melhor, China. Sobre o incidente do microfone, que realmente apresentou defeito durante o debate verdadeiro, Trump diz: “Hillary o roubou, juntamente com o Obama. Eles levaram o microfone para o Quênia, e agora ele está quebrado”.
Clinton é acusada por Trump de ter problemas de temperamento. O republicano usa uma descrição que geralmente é atribuída para retratar a fisionomia e comportamento dele: “Ela está sempre gritando, constantemente mentindo. O cabelo dela é esquisitão, o rosto dela é da cor laranja, exceto pelo contorno dos olhos, partes que são brancas. E quando ela para de falar, a boca dela faz um biquinho que parece mais como um pequeno cuzinho.”
Perguntada pelo moderador, se quer usar seus dois minutos para rebater o comentário vulgar, Clinton declina a oferta e dá os dois minutos de presente para Trump. Este muda de assunto imediatamente: “O problema dos negros é que eles estão matando uns aos outros”. A câmera corta para uma Clinton literalmente de queixo caído. “Todos os negros vivem numa mesma rua de Chicago, chamada Rua do Inferno”. A democrata rebate o comentário: “A gente pode votar neste instante?” Logo em seguida, a candidata começa a chorar e o moderador pergunta se ela está OK: “Desculpa, mas esse debate está indo muito bem. Do jeitinho que eu sempre imaginei”.
Em sua argumentação final, Trump fala sobre o golpe baixo usado por Hillary Clinton no debate real e que surpreendeu o adversário: a menção à história de Alicia Machado, a ex-miss Universo que foi humilhada pelo republicano depois que esta engordou alguns quilinhos. “Tenho algo grosseiro sobre Hillary, mas não vou usar aqui. Se tivesse usado, seria como uma bomba nuclear”. Em seguida ele revela que contratou detetives particulares para descobrir mais sobre uma “muito gorda” Monica (Lewinsky) com quem, o ex-presidente Bill Clinton, teria tido um caso romântico nos anos 90. “Não tenho o sobrenome dela ainda, mas quando o tiver, vou botar meu despertador para tocar às 3h20 da manhã, sentar na minha privada de ouro e tuítar até ficar bem cansado.”
No quadro “Family Feud – Political Edition” (Rixa familiar – edição com políticos), programa de competição de conhecimentos gerais, o “Time Hillary” enfrenta o “Time Trump”. Do lado de Trump, estão, entre outros, o presidente Vladimir Putin (“a gente é mais ou menos amigo de Facebook”) e a filha do candidato, Ivanka Trump, que é interpretada por Margot Robbie, fazendo carão e com um ventilador em sua direção, fazendo seu cabelo esvoaçar levemente. “Adoro me divertir. Todos os dias coloco em minha agenda 20 minutos de diversão”, diz Ivanka que depois apresenta os irmãos Donald Jr. e Eric Trump. “Eles parecem as crianças de ‘Colheita Maldita’”, diz o apresentador do quadro, citando o livro de terror de Stephen King, sobre um grupo de crianças loiras que assassina adultos na zona rural americana.
Do lado de Hillary, os representantes são a atriz e comediante Sarah Silverman (“OMG. Vamos eleger uma mulher? Sinto total orgulho, da minha cabeça à minha vagina”) e o ex-presidente Bill Clinton. Perguntado se está preparado para voltar para a Casa Branca, o ex-presidente responde: “Mal posso esperar. Adoro aquela danada da Casa Branca. Quando o telefone vermelho tocar, vou dizer para ela (Hillary): ‘atenda ai, doçura’, enquanto ficarei no andar debaixo assistindo “Loucademia de Polícia”. Durante a convenção dos democratas, Chelsea Clinton revelou que o pai adora a cinessérie pastelão de Hollywood. No esquete do “SNL”, o ex-presidente também dá uma cantada em Ivanka. “Você gosta de asa de frango?”, pergunta Clinton sobre a iguaria popular no sul americano.
No quadro “Weekend Update”, outra boa piada sobre o debate. Diz o co-âncora Michael Che: “Achei que estava assistindo a um casal que se divorcia e passa a disputar a guarda dos filhos, que odeiam ambos os pais. Parece a história do Brad Pitt com a Angelina Jolie. Mas o Brad Pitt, neste caso, só quer ficar com as crianças brancas.”
O último esquete sobre Trump foi um clipe pré-gravado que mostra Melania Trump, mulher do republicano, revelando momentos íntimos do seu dia a dia. Intitulado “The Passerby” (O traunsente), o clipe mostra imagens de Melania olhando contemplativa pela janela do apartamento. O narrador, em voz poética, então diz: “Ela se aproxima da janela da Trump Tower. Olha para baixo na Quinta Avenida. Vê um homem passar e indaga a si mesma: ‘o que acontece com as pessoas quando elas deixam a Quinta Avenida? Elas desaparecem? Existe uma Sexta Avenida? E uma Quarta? Um dia quero saber mais.’”