Transmissão da Rio-2016 nos EUA gera polêmica do “sexismo olímpico”
O triunfo da nadadora húngara Katinka Hosszu, 27, que conquistou três medalhas de ouro na Rio-2016 e bateu recordes olímpicos, está também rendendo muita polêmica via Twitter, com fãs e espectadores dos Jogos Olímpicos chamando a cobertura jornalística reservada às vitórias da atleta de sexistas. E nem é por causa do apelido que ela ganhou: “dama de ferro”.
A confusão começou no sábado (6), quando a rede NBC mostrava imagens do marido de Hosszu, Shane Tusup, que também vem a ser o treinador dela. À beira da piscina, Tusup é famoso por criar mini-espetáculos de emoções não contidas, ao comemorar efusivamente as vitórias da mulher, pulando, andando de um lado para o outro, batendo o punho contra o peito e gritando o nome de Katinka, o que levou alguns comentaristas à o apelidarem de “maridão do ano”.
Depois de Hosszu vencer sua primeira medalha de ouro e as câmeras imediatamente mostrarem a reação do marido, o comentarista da rede de TV norte-americana NBC especializado em natação, disse que Tusup era o “cara responsável por transformar a mulher em uma nadadora totalmente diferente”. Na noite de segunda-feira (8), quando venceu outra medalha, o mesmo comentarista disse que Tusup foi “fundamental” para a virada da carreira dela. “Espere um pouco, o que eu acabei de assistir? Hosszu bate recorde olímpico e a NBC corta para o marido/treinador dizendo que ele foi o responsável pela proeza dela?!”, escreveu uma usuária do Twitter. “Hosszu bateu o recorde dez minutos atrás e eu já li três artigos sobre o marido dela”, tuítou outra mulher. Outro tuíte: “Isso é tão ofensivo e sexista. Que grande marido – assumindo responsabilidade pelo extraordinário nado dela. Babaca!”
Diante da polêmica, o comentarista Dan Hicks divulgou a seguinte nota: “com transmissão ao vivo, frequentemente a gente olha para trás e gostaria de ter dito coisas de uma maneira diferente… É impossível contar a história de Katinka acuradamente sem deixar de dar crédito apropriado ao marido dela, e foi isso que eu estava querendo fazer”.
Katinka Hosszu não foi a única vítima do “sexismo olímpico” na mídia americana. No domingo (7), durante os 50 metros finais da nadadora norte-americana Katie Ledecky, vencedora (até o momento) de duas medalhas de ouro, o comentarista da rede NBC disse entusiasmado: “um monte de gente diz que ela nada como um homem”. Já em um tuíte mostrando um foto de Corey Cogdell, atleta americana que ganhou medalha de bronze no tiro, o jornal Chicago Tribune não a identificou por seu nome de batismo, mas sim por ser “a mulher” de um jogador de futebol que joga para um time da cidade de Chicago. Na segunda (8), o jornal pediu desculpas. “Ela (Corey) é incrível por si própria. Nós exageramos ao tentar enfatizar a conexão que a atleta tem com Chicago.”
Em entrevista à rede CBS, concorrente da NBC, a repórter Nancy Armour, que está no Rio de Janeiro cobrindo os Jogos Olímpicos para o jornal USA Today, disse: “Estamos em 2016, as mulheres conquistaram tanta coisa, tem uma mulher correndo à presidência (dos EUA) e ainda tudo o que escutamos é sobre o que os homens por trás delas vêm fazendo.”