Do jornal para a TV: coluna de fofocas Page Six ganha programa próprio
A coluna de fofocas “Page Six”, publicada diariamente no jornal conservador The New York Post, é uma das mais lidas e influentes do mundo do entretenimento e dos negócios. Tão importante e temida por artistas, CEOs, políticos e celebridades, que chegou a ganhar um slogan próprio: “se você não quer aparecer na Page Six, não faça nada (de errado)”.
Desde 2007, a coluna, que já nem mais é publicada na página seis do jornal, ganhou duas páginas adicionais devido a sua popularidade. Em 2010, a seção deixou de ser editada pelo jornalista Richard Johnson, que a comandou por quase 25 anos, e passou para as mãos de Emily Smith, jornalista vinda da Inglaterra, após recomendação especial feita pelo próprio dono do jornal, o empresário australiano Rupert Murdoch.
A versão on-line da Page Six, que disponibiliza todas as notas diárias da versão impressa, conta com impressionantes números: 5.9 milhões de visitantes únicos e 26 milhões de páginas vistas. A versão impressa do New York Post tem circulação de 424 mil exemplares.
Como expandir o sucesso da marca? No caso do grupo Fox, que também detém canais de TV, a chegada da coluna às telinhas era só uma questão de tempo. Desde segunda (18) – e por um período-teste de apenas três semanas -, o canal Fox está apresentando todo começo de noite o “Page Six TV”. O formato é parecido com outro programa da mesma emissora, exibido meia hora antes: o “TMZ”, baseado no também influente site do mesmo nome, criado em 2005 pelo ex-advogado-que-virou-jornalista Harvey Levin.
O tom do programa “Page Six TV” é mais profissional e menos descontraído que o do “TMZ”. Mas os dois seguem regra única: muito sarcasmo. O “Page Six TV”, gravado diariamente em Nova York, tem um apresentador (John Fugelsang) que comanda um painel de quatro participantes (que ficam de pé, atrás de uma bancada): os jornalistas Carlos Greer (da Page Six) e Elizabeth Wagmeister (do Variety), a radialista Bevy Smith (Sirius XM) e o ator e comediante Mario Cantone, mais conhecido por ter interpretado Anthony Marentino, o amigo gay da personagem Charlotte (Kristin Davis) no seriado “Sex and the City”.
O prato principal do programa de estreia, do dia 18, foi o drama da briga entre os músicos Taylor Swift e Kanye West, intensificado pelo fato da mulher do último, Kim Kardashian, ter postado no Snapchat um video em que mostrava o marido, no viva voz do celular, falando com Taylor, que o agradecia por consultá-la a respeito da controversa música “Famous”. No vídeo do Snapchat, Kanye não recita a parte em que chama Taylor de “vadia” (“eu fiz aquela vadia famosa”), mas Kardashian expôs uma mentira da jovem cantora, que disse à imprensa nada saber sobre a música. “Todo mundo quer vê-la pra baixo”, opina a radialista Bevy no programa. “Mas precisaremos de um escândalo maior para que isso aconteça”. Já Mario Cantone diz: “Ela (Taylor) é uma garota. Uma criança. E eu detesto crianças”.
Outra notícia de destaque: a foto de Leonardo DiCaprio tascando um beijo na nova namorada (adivinhem a profissão?!!), a modelo dinamarquesa Nina Agdal, numa praia. Sobre a imagem do vencedor do Oscar de melhor ator, Cantone disse, numa referência à famosa cena do último filme de Alejandro González-Iñarritu: : “não via o Leo atacando alguém assim desde ‘O Regresso’ e ele está fazendo o papel do urso!” Ah, e o repórter Carlos Greer, da Page Six, explica que o romance é sério, já dura dois meses e que a modelo chama o ator de Leonardo, abrindo mão do Leo, como ele é mais conhecido pelos amigos.
Emily Smith, chefe da Page Six, faz uma aparição rápida no bloco final do programa, comentando as notas da coluna do dia apuradas pelo seu time de repórteres, além de anunciar os nomes das celebridades que serão citadas pelo jornal na manhã seguinte. Na programa de terça (19), Emily falou sobre o vestido branco que a ex-modelo Melania Trump usou em sua já infame aparição na convenção republicana da noite anterior (trechos do discurso dela sobre as qualidades do marido, o candidato à Casa Branca Donald Trump, foram plagiados de um texto que a primeira-dama Michelle Obama havia lido ao apresentar Barack Obama na convenção democrata oito anos antes). Segundo Emily, o vestido em “estilo noiva” e batizado de “Margot”, custou US$ 2.190 e foi adquirido on-line pela própria Melania, no site Net-a-Porter. Em poucas horas, o item já estava esgotado. “Michelle Obama usou esse mesmo vestido alguns anos atrás”, zombou o apresentador John Fugelsang.
Quadros avulsos do programa incluem reportagens especiais sobre as concorridas propriedades do mercado imobiliário nova-iorquino nas quais as celebridades de Hollywood estão de olho, além dos bares exclusivos da cidade frequentados por famosos como Jay-Z, Fergie, Madonna, Lindsay Lohan e DiCaprio. Um outro quadro é o “annoying or enjoying” (irritante ou adorando), no qual os quatro comentaristas defendem uma celebridade. Na estreia, eles debateram um furo da coluna Page Six. A decisão do ator Bradley Cooper ter escalado Lady Gaga para protagonizar seu filme de estreia como diretor, o remake do musical “Nasce uma Estrela”, depois que Beyoncé, há anos com o papel quase que certo (e que seria rodado por Clint Eastwood), decidiu abandonar o projeto por não concordar com o cachê. Três dos comentaristas “adoraram” a escalação de Gaga. Mas Cantone foi do contra. “Isso é irritante. Gaga é minha irmã italiana, mas Beyoncé queria muito fazer o filme. Duvido que tenha sido questão financeira. Mas Hollywood precisa aprender a pagar melhor as mulheres. Dêem o dinheiro para a Beyoncé, porra!”