Sem alarde, Smithers finalmente sai do armário em ‘The Simpsons’
Após 27 temporadas de especulações – e algumas insinuações maldosas -, Waylon Smithers Jr., personagem da série de animação da TV “The Simpsons” finalmente saiu do armário em episódio exibido na TV americana na noite de domingo (3).
A ideia original de discutir a preferência sexual do chefe direto de Homer Simpson na usina nuclear da cidade de Springfield surgiu há três anos, quando Rob LaZebnik, um dos roteiristas do seriado, propôs , durante uma reunião de brainstorm, fazer uma homenagem ao filho que é gay. “Não queríamos ter um momento bombástico como ‘eu sou gay’, contou LaZebnik em entrevista na edição de sábado (2) do jornal The New York Post. “No lugar disso, apenas essa grande adesão dos personagens – como se todo mundo já soubesse do fato de ele ser gay”. Tanto o “Post” quanto o canal Fox, que exibe “The Simpsons”, são companhias de mídia que pertencem ao magnata australiano ultra-conservador Rupert Murdoch.
No episódio intitulado “The Burns Cage” (A Gaiola de Burns), Smithers finalmente decide dar um basta em sua admiração platônica – e não correspondida – pelo chefe bem mais velho e vilão do desenho, C. Montgomery Burns, o Sr. Burns.
Em sua casa, Smithers possui várias obras de arte que inserem o rosto de Burns em momentos da Revolução Francesa ou nas formas do escultor Alberto Giacometti ou do pintor Pablo Picasso. Num dos quadros, Burns aparece sem camisa, em cima de um cavalo, imitando a já icônica imagem de um sarado presidente russo Vladimir Putin, em férias no sul da Sibéria, no verão de 2007.
A história começa com Smithers e Burns saltando de pára-quedas (com as cores do arco-íris) sobre a cidade de Springfield. Sem notar, Burns perde o pára-quedas e o subalterno o salva de uma possível tragédia. Em terra firme, Smithers tenta declarar seu amor pelo chefe (ao som da música “This Guy’s in Love with You”, de Burt Bacharach), mas é interrompido. “Não me leve a mal, Smithers, mas você não significa nada para mim. É alguém que eu penso ainda menos do que um pedaço de pipoca preso em meu dente”.
De volta ao trabalho, um irritadiço Smithers começa a pegar no pé de Homer Simpson e de outros colegas de trabalho. “Ele está muito infeliz. O que vamos fazer?,” pergunta um empregado da usina. “Eu sei a resposta”, diz outro trabalhador. “Nós vamos encontrar uma mulher para ele. Uma mulher que possa encontrar um homem para ele”.
No bar local, Homer Simpson mostra aos amigos como ele pretende encontrar um namorado para Smithers: via aplicativo gay de namoro Grinder (fazendo uma alusão ao verdadeiro app Grindr) instalado em seu celular pela esposa Marge. Homer começa a fazer a seleção de um candidato ideal, passando levemente o dedo pelas fotos dos assinantes do serviço: “este não, este não, este é muito caliente, este é muito cortador de lenhas, este é muito ‘olha como sou engraçado”, até deparar-se como uma foto do ator George Takei, intérprete do tenente Sulu no seriado “Jornada nas Estrelas” e que é abertamente gay.
Sem encontrar um “par ideal” para Smithers, Marge surge com a ideia de convidar todos os gays da cidade para uma festa, assim Smithers pode fazer a escolha por si próprio. Takei é um dos convidados e faz uma piada sobre sua rivalidade com o ator William Shatner, o capitão Kirk. Um bartender cubano dá em cima de Smithers e é correspondido.
Uma montagem ao som da música “Celebration”, da banda Kool & The Gang, mostra Smithers e o cubano num jantar romântico, numa pescaria, fazendo exercícios juntos e tomando champanha no escritório da usina nuclear. Apaixonado, Smithers se enche de coragem e, antes de fazer uma viagem a Havana com o novo namorado, pede demissão ao chefe. Inconformado com a perda do assessor e braço direito, Burns reúne seu time de advogados para esboçar um plano para convencer Smithers a voltar para o emprego.
LaZebnik decidiu escrever o episódio de domingo em homenagem ao filho, agora com 21 anos, e que se declarou gay enquanto cursava o ginasial. “Sou um cara do interior, então tendo a manter minhas emoções guardadas na manga, mas pensei: ‘qual a melhor maneira de dizer ao meu filho que eu amo, do que escrever um desenho sobre isso?'”, disse o roteirista.