Atores do ano discutem Brando e como irritar Tarantino e Hitchcock
Depois de fazer uma mesa redonda com algumas das melhores atrizes de 2015, agora é a vez da revista “The Hollywood Reporter” reunir a ala masculina. A publicação elegeu os seguintes intérpretes, todos eles com chances nos Oscars de melhor ator e ator coadjuvante: Michael Caine (pelo filme “Youth); Benicio Del Toro (“Sicario: Terra de Ninguém”), Mark Ruffalo (“Spotlight”), Joel Edgerton (“Aliança do Crime”), Samuel L. Jackson (“Os Oito Odiados”) e Will Smith (“Um Homem Entre Gigantes”)
Abaixo as melhores frases do encontro:
Michael Caine – “Quando vim para os Estados Unidos, ganhei um escritório no estúdio Universal, do lado do de Alfred Hitchcock. Ele me ofereceu um papel no filme ‘Frenesi’, para interpretar um assassino sadista de mulheres, baseado em história verdadeira ocorrida na Inglaterra. Aquele homem tinha assassinado 13 mulheres, e depois desmembrado-as. Recusei o papel. E Hitchcock nunca mais falou comigo.”
Will Smith – “Quentin Tarantino me ofereceu um papel em ‘Django Livre’. Para mim era a história mais perfeita que poderia almejar: um cara aprende a matar para libertar a mulher que foi raptada e transformada em escrava. O que aconteceu é que Quentin e eu não compartilhavamos da mesma visão. Queria participar da maior história romântica que os afro-americanos jamais tinham visto. Debatemos por horas. Queria muito fazer o filme, mas tinha que ser um love story e não uma história sobre violência. Não acredito em violência como reação para a violência. A gente não pode olhar para o que aconteceu em Paris agora e querer massacrar alguém por aquilo. Violência engendra violência. Apenas não consegui entender a violência como sendo a resposta em ‘Django’. O amor tinha que ser a resposta. Quentin e eu nunca mais falamos sobre o assunto”.
Benicio Del Toro – “Tudo o que você tem que fazer para entender racismo é ler a história dos Estados Unidos. Você aprende que existe racismo e que ele está evoluindo. Uma das primeiras coisas que me disseram quando mudei para Los Angeles foi: ‘mude o seu nome’”.
Mark Ruffalo – “Muita gente não sabe disso, mas Benicio e eu começamos a estudar arte dramática na mesma época, na escola de Stella Adler, em Los Angeles. E eu podia ver o talento emanando dele. E eu pensava: ‘jamais vou conseguir fazer o que esse cara consegue.’”
Joe Edgerton – “Quase que entrei para a escola de artes plásticas. Eu ainda gosto do pintar, é uma coisa bem pessoal para mim. Meu pai foi muito pobre e cresci sendo filho de um trabalhador. Quando terminei o colégio, meu pai já tinha feito muito dinheiro. Estávamos bem. Ele ia ser criador de ovelhas, mas alguém disse para ele estudar direito. E ele virou advogado, ganhou muita grana. E, na minha cabeça, passei a ter essa dívida com ele. A de que, quando fosse escolher uma profissão, faria com muita responsabilidade, escolhendo algo que me desse estabilidade econômica. Por muito tempo fiquei aterrorizado de dizer a ele que queria mesmo era ser pintor ou ator”.
Samuel L. Jackson – “Dois dias antes dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, Michael Jackson estava fazendo um show em Nova York. Eu tinha que entrar no palco e apresentar Usher e Whitney Houston. Enquanto esperava, alguém começa a recitar o diálogo de Ezequiel (de ‘Pulp Fiction’) no meu ouvido. Sou acostumado com muita gente fazendo isso. E, quando me viro, lá estava Marlon Brando. Pensei: ‘Oh, Meu Deus!’ A gente começa a conversar, ele me dá um número de telefone e diz: ‘me liga, precisamos conversar’. Quando volto para casa, ligo para aquele número. Uma pessoa atende e diz que é um restaurante chinês (risos). Pergunto: ‘o senhor Brando está por ai?’ ‘Um momento, um momento’, responde a pessoa. E, de repente, surge a voz de Brando. E a gente acabou conversando por quase uma hora. Da próxima vez que liguei, a voz disse de que se tratava de uma lavanderia chinesa (risos). Era apenas uma maneira de ele filtrar as ligações.”