Barack Obama tumultua a Broadway para assistir musical fenômeno
O presidente Barack Obama e sua comitiva paralisaram a região do Times Square, hoje à noite, em pleno horário de pico. Centenas de policiais bloqueram avenidas e acessos a rua 46, região central de Nova York, onde fica o teatro Richard Rodgers, palco do musical “Hamilton”. Pela segunda vez este ano, Obama foi conferir uma apresentação do espetáculo hip hop, fenômeno de bilheteria que a Broadway não experimentava desde 2011, quando o trio Trey Parker, Matt Stone e Robert Lopez lançaram a comédia musical “The Book of Mormon”.
“Hamilton”, criado pelo letrista e poeta de origem porto-riquenha Lin-Manuel Miranda, é um musical em estilo hip-hop que conta a vida de um dos pais da democracia americana, Alexander Hamilton, o primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que, antes de integrar o governo do presidente George Washington, trabalhou como advogado em Nova York e até criou um jornal, o “New York Post”. Na peça, George Washington, Thomas Jefferson e outras figuras políticas da época são interpretadas por atores negros e latinos.
Ingressos oficiais para a peça estão esgotados até 3 de fevereiro de 2016. Mas não é difícil encontrar tíquetes para ver o musical antes dessa data. O único problema é que o espectador terá que comprar de cambista e desembolsar uma soma entre US$ 450 (cerca de R$ 1700) a US$ 1300 (R$ 5000) por um ingresso que custa US$ 167 (R$ 640) oficialmente. Na semana passada, o autor Miranda anunciou que a peça será discutida durante aulas de história em escolas ginasiais de Nova York no ano que vem, e que 20 mil estudantes terão a chance de assistir ao espetáculo pagando apenas US$ 10 (R$ 38). A produção de “Hamilton” também reserva todas cadeiras da primeira fila para os fãs que vão ao teatro, duas horas e meia antes de o espetáculo começar, e inscrevem seus nomes numa loteria. Cerca de 20 sortudos escolhidos diariamente pagam US$ 10 para ver a peça.
O teatro Richard Rodgers também virou destino de inúmeras celebridades. Nomes como Jennifer Aniston, Cate Blanchett, Sarah Jessica Parker, Bill Clinton, Beyoncé, Tom Hanks, Julia Roberts, Jake Gyllenhaal, Matthew McConaughey, Marc Jacobs, Anna Wintour, Katy Perry, entre outros, já conferiram a peça e fizeram romaria ao camarim para tirar fotos com o elenco.
Miranda disse recentemente que “foi um momento surreal” ver o ator Mandy Patinkin (lenda da Broadway e que interpreta Saul Berenson, um dos chefes da CIA, no seriado de TV “Homeland”) assistindo ao espetáculo, sentado atrás do rapper Busta Rhymes. Uma das presenças famosas que mais gerou atenção foi Madonna. Mas por motivos errados. Miranda usou sua conta no Twitter, em abril, para denunciar “uma celebridade” que ficava postando mensagens durante a peça. No post, deletado depois, Miranda disse: “hoje à noite foi a primeira vez que pedi a produção para barrar uma celebridade, que estava escrevendo mensagens no celular durante todo o segundo ato, de ir visitar o camarim: #noselfieforyou (sem selfie para você). Mais tarde, a celebridade foi identificada como sendo a popstar.
Barack Obama assistiu “Hamilton” hoje a noite na presença de 1300 convidados. Tratava-se de uma sessão especial, fechada para o público, e organizada pelo Partido Democrata para arrecadar fundos de campanha para a chapa política. Convidados doaram de US$ 500 a US$ 10 mil para o partido. Antes de apresentação, Obama ridicularizou Donald Trump e outros pré-candidatos republicanos à presidência dos Estados Unidos que disseram que vão ter uma melhor política de relações exteriores com o presidente russo Vladimir Putin caso sejam eleitos.
Trata-se da segunda vez que o presidente assistiu ao musical. Em julho, antes de a peça imigrar para um teatro gigante da Broadway, Obama viu a peça em circuito off Broadway. “Hamilton” foi apresentada por quase quatro meses nos palcos do Public Theater, no bairro do East Village. A primeira-dama Michelle Obama já viu o espetáculo três vezes, a última delas numa sessão matinê sábado passado. Obama também teve um papel indireto na confecção do musical. Em 2009, Lin-Manuel Miranda foi convidado para participar de uma noite de poesia improvisada na Casa Branca, onde ele apresentou uma versão embrionária do musical.