Visita papal e de 90% dos líderes mundiais deixa NY em estado de alerta

Marcelo Bernardes

Na manhã de hoje, sem que quase ninguém se desse conta, a cidade de Nova York viveu um de seus mais aterrorizantes momentos.

Dois franco-atiradores tomaram um hospital e uma estação de metrô da cidade; uma bomba carregada numa mochila de um terrorista explodiu dentro de um cinema no centro da cidade. Uma outra no saguão de um hotel. Houve até um apagão, e um prédio, no coração financeiro da cidade, desabou.

Por algumas horas, o prefeito Bill de Blasio supervisionou, juntou com diretores de 48 departamentos de segurança pública, entre eles o FBI, o Serviço Secreto e a Polícia de Nova York, como seria a resposta da força policial a hipotéticos ataques à cidade. Esses exercícios de mentirinha visam o que, de fato, poderia ocorrer entre 24 a 26 de setembro, quando a cidade, segundo William Bratton, chefe da Polícia de NY, coloca em prática o maior esquema de segurança de sua história. Algo, segundo o mesmo, sem precedentes.

Nesse período, o papa Francisco, em sua primeira viagem aos Estados Unidos, fará uma visita à Nova York e cumprirá uma agenda vertiginosa, que o colocará em até quatro locais diferentes da cidade em questão de minutos. A pedido do papa Francisco e contrariando pedidos de Bratton e do FBI, muros de isolamento não serão erguidos na Quinta Avenida, onde o papa vai passar em carro aberto, com fiéis e curiosos preenchendo os dois lados da larga avenida.

Não bastasse a visita papal, a cidade, na mesma época, estará hospedando 170 líderes mundiais, ou 90% da força política do planeta, para a Assembléia Geral das Nações Unidas. O papa também falará em plenário e isso é o que menos preocupa os 48 departamentos de segurança da cidade que agirão por terra, céu e mar. A preocupação da polícia são as interações direta do papa Francisco com o público.

Entre os departamentos de prontidão da cidade, estão desde a companhia de saneamento básico (para a coleta imediata do lixo que os milhares de fiéis deixarão no Central Park, por onde o papa passará), passando pela empresa de energia elétrica (que estará de prontidão caso haja qualquer apagão) até o Coroner’s Office, órgão similar ao Instituto Médico Legal. A polícia contará com carros blindados, ônibus-cárceres, monitores contra radiação e detetores de metal.

Os moradores da cidade e de seus arredores estão sendo alertados para evitar que saiam de carros e privilegiem o transporte público. Outros eventos prometem a criar grandes engarrafamentos na região central. O time de beisebol tem dois jogos durante a visita do papa. Beyoncé e Pearl Jam se apresentam gratuitamente no Central Park. E, na sexta, dezenas de caminhões extras da companhia UPS estarão nas ruas para a entrega dos novos iPhones para aqueles que compraram o aparelho via internet.

E não falta também aviso para os obcecados por selfies. O pau de selfie estará definitivamente proibido na cidade no período.