Novas regras para estagiários de banco de investimento chocam

baixomanhattan

Memorando que circulou semana passada pelo banco de investimento Goldman Sachs diz que a partir desse verão no hemisfério norte as regras para estagiários e estagiárias mudaram e espera-se que não deixem o banco antes da meia-noite e que retornem às sete da manhã do dia seguinte.

Ou seja: se você teve a sorte de conseguir um estágio em um dos maiores bancos de investimento do mundo pode deixar seu cubículo entre meia-noite e sete da manhã.

Façamos uma pausa para lembrar que foram os bancos de investimento os responsáveis pela crise financeira que abalou o mundo em 2008 e da qual ainda não nos livramos.

Voltando ao tema da carga horária, o que parece ser absurdo fica ainda mais inacreditável quando pensamos que se trata de um setor que chega a submeter estagiários a 100 horas de trabalho seguidas.

Por isso muitos agora acreditam que fazer com que o estagiário ou a estagiária saia do banco à meia-noite e volte sete horas depois é uma evolução — que é, evidentemente, uma outra forma de olhar para a questão: o estagiário e a estagiária agora podem ir dormir em casa (não importa de que ângulo se olhe e que palavras escolhamos para contar essa história; ela nunca deixa de soar absurda).

Mas nem tudo é exploração, se você considera trabalho de estagiário, ou trabalho não-remunerado, exploração, claro: o mesmo memorando diz que agora os estagiários/as poderão tirar o sábado de folga.

A carga horária oferecida a um estagiário de banco de investimento deu manchete em 2013 quando um rapaz de 21 anos que trabalhava para outro banco de investimentos, o Bank of America Merill Lynch, foi encontrado morto em seu apartamento londrino depois de trabalhar 72 horas seguidas.

Ainda que exames tenham indicado que ele teve um mal súbito enquanto tomava banho e que morreu “de causas naturais” o debate não perdeu fôlego porque fica difícil deixar de relacionar a morte e o stress a que ele estava submetido.

Serão, nesse verão, 2.900 estagiários trabalhando no Goldman Sachs.