Acordo secreto internacional tem mais um capítulo vazado pelo WikiLeaks

Milly Lacombe

O WikiLeaks vazou quatro capítulos dos 29 totais que fazem parte do Trans Pacific Partnership, o TPP, um acordo multinacional que cobrirá 40% da economia global, fará restrições à propriedade intelectual e reescreverá as regras internacionais de negociação.

O acordo está sendo elaborado secretamente entre advogados das nações e corporações que fazem parte dele, e agora congressistas americanos começaram a ter acesso ao contrato.

Eles podem ler os termos do TPP desde que não façam cópias ou anotações: são obrigados a ler em um quarto fechado e depois devolver. Se por acaso fizerem anotações, devem entregá-las ao governo americano, que as guardará. Portanto, se quisermos informações sobre o TPP temos que contar com os vazamentos do Wikileaks.

Por outro lado, 600 empresas americanas fazem parte do TPP e têm acesso ao contrato.

Tudo isso está na entrevista que Julian Assange deu a Amy Goodman, do canal democracynow, no dia 27 de maio.

“Apenas cinco capítulos, dos 29, são sobre comércio tradicional”, disse Assange. “Os demais são sobre regulações à Internet e sobre o que a Internet – e provedores de acesso à rede — têm que coletar de informações.

“Eles devem entregá-las às empresas em certas circunstâncias. Diz respeito a regular trabalho, a que tipo de condições de trabalho podem ser aplicadas, a se você pode favorecer a indústria local, o sistema de saúde, a privatização de hospitais”

O tratado reorganizará a forma como quase toda a economia mundial funciona, aproximando-a dos ideais neo-liberais.

“Se houver um desejo democrático nos Estados Unidos de, por exemplo, fazer mais transporte público, você não poderá mudar tão facilmente o acordo do TPP porque terá que negociar com todas as nações envolvidas”.

Ainda Assange:

“Vamos olhar um outro exemplo: e se um governo decidir que quer construir um hospital em algum lugar e um hospital particular já tiver sido construído ali perto? Bem, o TPP dá ao construtor do hospital particular o direito a processar o governo em relação a perdas sobre lucro futuro esperado”.

O trecho da entrevista de Assange sobre o TPP você pode ver aqui