Nos EUA, maioria é a favor de taxação pesada sobre grandes fortunas
Há 30 anos o Instituto Gallup de pesquisas pergunta a americanos se eles estão satisfeitos com a distribuição de renda nos Estados Unidos e há 30 anos a resposta é sempre a mesma, com pouca variação percentual mas acima dos 50%: eles estão insatisfeitos.
A mais recente pesquisa, divulgada em abril, mostra que hoje 63% dos americanos acha injusta a distribuição de renda.
Entre democratas e liberais, quase 90% estão insatisfeitos; e entre republicanos apenas 34% veem problema com a distribuição de renda.
Mas o dado mais surpreendente não chega a ser esse.
O Gallup explica que há 75 anos, quando a crise financeira de 1929 ainda podia ser sentida, a revista “Fortune” perguntou aos americanos se eles eram a favor de uma taxação pesada sobre grandes fortunas e 35% disseram que sim. Em 1998 o Gallup voltou a fazer a pergunta lançada pelo “Fortune” e, de acordo com texto divulgado pelo Instituto há alguns dias, “desde então o apoio dos americanos a essa ideia flutua, mas alcançou sua maior marca, 54%, nas duas últimas pesquisas, conduzidas em abril de 2014 e abril de 2015”.
Pesquisas do Instituto Pew vem mostrando há alguns anos que os jovens americanos já não têm visão negativa do socialismo: 49% dos jovens entre 18 e 29 anos têm uma impressão positiva do socialismo, contra 47% que têm simpatia pelo capitalismo. Em compensação, 47% dizem ter antipatia pelo capitalismo, contra 43% que dizem não gostar do socialismo.
Com base em dados como esses o socialista Bernie Sanders, de 73 anos, senador pelo estado de Vermont e simpático à ideia de taxações sobre grandes fortunas (entre outras ideias que deixam a elite americana de cabelo em pé), decidiu concorrer à presidência dos Estados Unidos pelo partido democrata e brigará com Hillary Clinton pela vaga.
Se levarmos em conta o resultado das eleições na Grécia, onde um partido desconhecido e de esquerda radical superou os dois partidos que há décadas se alternavam no poder, Sanders talvez não seja apenas uma piada.
“Sou o único candidato preparado para enfrentar a classe de americanos bilionários que hoje controla nossa economia”, disse ele durante entrevista a George Stephanopoulos, na ABC, quando perguntado por que é um candidato melhor do que Clinton. “Precisamos de uma revolução política nessa país”, completou.