Artista cria placa que “proíbe” a família Kardashian de estacionar
Hollywood acordou hoje sob novas regras de estacionamento público. Sete placas com a mensagem “Proibido o Estacionamento de Kardashian” foram instaladas em alguns endereços exclusivos de Beverly Hills, inclusive em um poste, na Melrose Avenue, em frente à butique Dash, que é de propriedade de Kim Kardashian e as irmãs dela. O autor da façanha é o artista de rua Plastic Jesus, mais conhecido pela mídia americana como o Bansky de Los Angeles.
Plastic Jesus, que é um fotógrafo inglês radicado em Los Angeles, disse que criou sua nova instalação para protestar contra o fato de a grande mídia, motivada pelo lucro, permitir que mais notícias importantes sejam sacrificadas para dar espaço à “histórias que saciem nossa vápida obsessão com a vida das celebridades”. “Há algumas semanas, estava dirigindo por Los Angeles, quando um membro da família Kardashian estacionou seu carro ao meio-fio”, diz Plastic Jesus ao Baixo Manhattan. Entre 10 a 20 fotógrafos vieram atrás. Tudo parou: o trânsito, os pedestres. E pensei: ’quando uma família indo cuidar de seus negócios pessoais se torna um evento jornalístico? É o declínio da cultura.’” Não se trata da primeira vez que o clã Kardashian esteve na mira de Plastic Jesus. No ano passado, ele e sua equipe pintaram na rua um alerta para pedestres e motoristas que dizia: “parem de fazer pessoas estúpidos se tornarem famosas”.
As placas de estacionamento utilizadas pelo artista foram criadas por uma companhia especializada. Elas foram instaladas no final da tarde de terça-feira, dia 7. Os locais foram escolhidos por ter uma grande concentração de pessoas fazendo compras e por ser destino de várias celebridades. A Polícia de Los Angeles, que nunca flagrou Plastic Jesus em ação, classifica o trabalho dele como um ato de vandalismo, contravenção sujeita a multa e a prisão. O artista explica que, sempre que possível, retira suas instalações depois de passados alguns dias. “Essas placas serão retiradas da mesma forma que qualquer outro sinal temporário é removido pelo departamento de trânsito da cidade”, diz.
Plastic Jesus ficou mais conhecido, no ano passado, quando, depois da morte do ator Phillip Seymour Hoffman, vítima de uma overdose por heroína, fez uma estátua do Oscar, de dois metros e meio de altura, injetando heroína na veia. Em fevereiro, em pleno centro de Hollywood, surgiu outra estátua do Oscar do mesmo tamanho. Dessa vez, o homem careca dourado, estava de quatro no chão, preparando para cheirar, via uma nota de US$ 100, uma das duas largas carreiras de cocaína, feitas com um cartão de crédito American Express. “Minha intenção era de ressaltar o alto nível de cocaína que é consumida na indústria de entretenimento. Um problema escondido que só vem à tona quando alguma pessoa famosa morre”.
O nome artístico de Plastic Jesus surgiu quando ele, chegando em Los Angeles, começou a reparar que vários carros carregavam no retrovisor um Jesus feito de plástico, de sete centímetros de comprimento. “Pensei: ‘se você possui mesmo uma forte fé, porque então precisa de um boneco de US$ 4 para lembrá-lo de sua religião?”
Embora seja comparado com Bansky (e em algumas situações, quando em ação na rua, foi até confundido com o artista inglês), Plastic Jesus nunca encontrou seu conterrâneo. “Acho que fico lisonjeado com a comparação. Bansky fez muito mais do que qualquer outra pessoa vinda antes dele pela aceitação dos artistas de rua”. Além de Bansky, Plastic Jesus diz que é fã do grafiteiro francês Bleck le Rat e do americano Shepherd Fairey, que criou o personagem OBEY e o icônico pôster da campanha da Barack Obama.
Apesar da indústria de entretenimento permear o trabalho recente de Plastic Jesus, ele também fez instalações sobre refrigerantes na cultura pop americana, o uso de drogas pelo esportista Lance Armstrong e o massacre ocorrido na redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, em janeiro. No momento, ele revela que está trabalhando em uma crítica à destruição do meio ambiente. “Esse é um tema pelo qual sou muito passional”.
Sobre as observações de um estrangeiro vivendo nos Estados Unidos há oito anos, Plastic Jesus diz: “Fico surpreso como desligada as pessoas são, principalmente na política, onde a informação e conhecimento delas vêm, em sua maioria, de canais de televisão com agenda tendenciosa. Não é uma situação saudável”.