Livro revela o mundo “Downton Abbey” da Casa Branca
É tempo de “Downton Abbey” na Casa Branca. Kate Andersen Brower, jornalista que cobriu a sede do governo americano por vários anos, está lançando hoje o livro “The Residence: Inside the Private World of the White House” (A Residência: Dentro do Mundo Privado da Casa Branca), que faz um retrato dos bastidores bem particulares de administrações presidenciais desde John Kennedy até a de Barack Obama, a partir de depoimentos de serviçais.
Brower ouviu 50 deles em seu livro e, em sua maioria, garçons, camareiras, cozinheiros, jardineiros, eletricistas e engenheiros. Muitos deles deram entrevistas “on the record”, divulgando seus nomes. A Casa Branca, que fica no número 1600 da Avenida Pensilvânia, em Washington, tem um staff de 96 empregados e 150 pessoas convocadas para trabalhos temporários.
Segundo um membro do staff da Casa Branca, chamado no segundo andar da residência (onde ficam os aposentos do presidente e primeira-dama) pelos Clintons, este encontrou sangue na cama do presidente Bill Clinton e um livro no chão. Irada com a revelação do escândalo de Monica Lewinksy, a ex-primeira-dama Hillary Clinton jogou um livro contra a cabeça do presidente, que teve uma laceração e precisou levar alguns pontos. A nova informação refuta o rumor anterior, propagado desde 1988, de que Hillary teria jogado um abajur contra o presidente. Outros trabalhadores da Casa Branca apontaram a escritora que Bill Clinton teve que dormir no sofá por alguns dias. O florista Ronn Payne revelou que o casal também usava bastante linguagem chula durante brigas conjugais. O confeiteiro Roland Mesnier disse que Hillary Clinton, em dias complicados, pedia para ele fazer um bolo de café com chocolate, um dos preferidos da primeira-dama.
Na gestão Jimmy Carter, faxineiras costumavam encontrar vários cachimbos com maconha no chão do terceiro andar da Casa Branca, usados por Jimmy Carter e seus filhos.
Nem sempre o staff da Casa Branca prestava um serviço irrepreensível. Enquanto o presidente George H. W. Bush disputava uma partida do jogo da ferradura num descampado, este pediu a seu ajudante um repelente contra insetos. O membro do staff cometeu um erro e passou pesticida no corpo do presidente. Segundo o livro, tanto o presidente George H. W. Bush, quanto seu filho, George W. Bush, eram os mais queridos pelo staff. Mas a primeira-dama Barbara Bush era a mais querida, e descia para conversar sempre com as floristas. A escritora Brower disse ao jornal The Washington Post que as famílias Obama e Clinton eram mais reservadas com os empregados. “A família Bush estava acostumada com serviçais, e sabiam como lidar com eles. Já os Clintons e Obamas vieram de uma criação classe-média”.
Ao se recolher nos aposentos da Casa Branca, depois dos bailes que comemoram sua posse como presidente, Barack Obama decidiu dançar uma última vez com a primeira-dama Michelle Obama, ao som da música “Real Love” de Mary J. Blige. Para o camareiro que presenciou aquele momento privado, o presidente Obama disse: “aposto que você nunca viu algo assim neste lugar”.
A escritora Brower ficou surpresa que muitos membros do staff nunca tiveram que assinar um acordo de confidencialidade com seus patrões.