Busto de Edward Snowden é colocado secretamente em parque novaiorquino
Três artistas do Brooklyn trabalharam durante um ano sigilosamente na criação de uma estátua do americano Edward Snowden (que revelou ao mundo como a agência de segurança nacional americana, a NSA, trabalha na coleta de dados privados de todos os cidadãos do país), e a instalaram clandestinamente no Fort Greene Park, no Brooklyn.
Não muito tempo depois, funcionários do parque cobriram o busto de Snowden, que foi colocado sobre monumento que presta homenagem a mártires de guerra americanos, até que a polícia chegasse para retirar o busto e iniciar uma investigação. Horas depois o local estava cercado pela polícia e parecia o da cena de um crime.
Depois de divulgada a notícia do busto clandestino, muita gente apareceu no parque e se frustou ao notar a estátua coberta e, depois, retirada.
Para as emissoras de TV alguns frequentadores disseram que Snowden deveria ser considerado um heroi, e outros lamentaram o fato de o estado ter agido rápido e retirado a homenagem, acabando com a possibilidade de se iniciar um diálogo na comunidade. Uma senhora, diante da estátua coberta com um plástico azul, gritava nervosa: “E quem decide que não podemos ver a estátua? Quem?” No geral, quem foi ao parque se referiu ao busto com as palavras “arte” e “intrigante”.
O noticiário vespertino conseguiu entrevistar um dos artistas, não mostrando seu rosto e modificando a voz digitalmente. Ele disse que às vezes é preciso burlar a lei para expor um ponto de vista.
Mas em um vídeo divulgado no Youtube, os três criadores disseram que sabiam que a estátua provavelmente seria retirada, mas que o recado seria dado mesmo assim. Para eles, os maiores herois da história da humanidade foram um dia considerados criminosos e cedo ou tarde Snowden terá seu lugar entre os grandes.
Snowden está exilado na Russia desde agosto de 2013, mas já é considerado um revolucionário por boa parte dos jovens americanos que se opõe à forma como o governo elaborou um requintado e colossal sistema de vigilância sobre a população.
Quando os documentos de Snowden foram divulgados a reação imediata da administração Obama foi dizer que o vazamento representava uma enorme ameaça à segurança nacional já que o esquema de vigilância era usado para evitar atentados terroristas.
Questionado sobre quantos atentados o esquema já havia conseguido evitar a resposta foi a alegação de que algumas dezenas, algo em torno de 60, tinham sido evitados. Depois de investigação conduzida pelo Senado descobriu-se que havia sido apenas um “atentado”, que se tratava na verdade do envio de oito mil e quinhentos dólares para a Somália.
Ativistas acusam o esquema de vigilância de ser um enorme programa de controle jamais visto na história ou sequer alcançado por estados totalitários, e denunciam como real objetivo do esquema de espionagem a criação de uma parceria público-privado na comercialização de dados pessoais de todos os cidadãos e que seriam utilizados para fins comerciais.
Ainda assim, Obama quer que Snowden volte aos Estados Unidos para ser julgado por espionagem.
A cinebiografia de Snowden, dirigida por Oliver Stone e estrelada por Joseph Gordon-Levitt e Shailene Woodley, estreia no dia 25 de dezembro nos Estados Unidos, e o documentário de Laura Poitras e Glenn Greenwald (“Citizenfour”), que ganhou o Oscar esse ano, foi exibido recentemente pela HBO.