Artistas fetichistas ganham exposição em Los Angeles
Heterossexuais que acessam o Tinder e gays que tem contas no Grindr ou Scruff, três aplicativos para celular ou tabletes recomendados para pessoas que, na maioria das vezes, procuram por sexo rápido, sabem que a podolatria voltou com tudo. Mas esses aplicativos são só um arranhão na superfície – ou uma cosquinha para fazer as falanges se moverem. Os verdadeiros fetichistas de pé estão por toda parte nas grandes cidades americanas, organizando festas semanais para os prazeres desse tipo especial de adoração.
Um dos pioneiros da propagação da arte de fotografar fetichistas de pé foi o americano Elmer Batters (1919-1977) que, na década de 50, depois de voltar dos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, entendeu que seus gostos sexuais eram muito diferentes do de seus companheiros de luta, e entregou-se a fotografar pés e pernas. Outro combatante de olho no fetiche foi Eric Stanton (1926-1999), que se tornou um ilustrador famoso em retratar cenas de sadomasoquismo e da dominação feminina, capazes de fazerem Anastasia Steele, a protagonista de “50 Tons de Cinza”, enrubecer-se.
Os dois ganham a partir de sexta, em Beverly Hills, Califórnia, uma merecida exposição na Galeria Taschen. Batizada de “Bizarre Life – The Art of Elmer Batters & Eric Stanton” (Vida Bizarra – A Arte de Elmer Batters e Eric Stanton), a mostra fica em cartaz até dia 24 de maio). São mais de 200 obras, muitas inéditas, que abrem caminho para reflexões sobre dominação, liberdade e repressão sexual.
A associação dos nomes de Batters e Stanton com o editor alemão Benedikt Taschen, que é baseado em Los Angeles, não é por acaso. Foi no final da vida de Batters, quando o artista (ou auteur-pornô, como era conhecido por insensíveis) tinha sumido do mapa, que Taschen descobriu a revista Leg Show, que havia publicado fotos antigas de Batters. Taschen então decidiu editar três livros do artista, incluindo “Legs That Dance to Elmer’s Tune” (Pernas que Dançam ao Som de Elmer). Em seus áureos tempos, Batters fez a podolatria virar moda e influenciou vários fotógrafos famosos como Helmut Lang e Robert Mapplethorpe. Sua musa era Caruscha, uma adorável modelo com curvas de Boticelli.
Stanton também teve várias coleções de seu trabalho editadas pela Taschen. Mas, mesmo que, por muito tempo, ele tenha sido considerado um perigo para a sociedade, até ser entendido como genial, o outono da carreira dele não foi tão dramático quanto o de Batters. Stanton pode ser descrito como uma espécie de Carlos Zéfiro nascido no Brooklyn, em Nova York. Seus quadrinhos são repletos de mulheres espetaculares que gostam de ser amarradas por correntes ou puxadas por coleiras, mas que também sabem ser mestras, espancando homens ou mantendo-os sob controle, até que eles implorem pelo êxtase. Recentemente, Madonna e Katy Perry fizeram uma mini-homenagem involuntária à Stanton, posando como dominatrix na capa da revista Americana V.