Baixo Manhattan http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br Cosmopolitices Tue, 03 Apr 2018 18:47:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Frieze NY estreia com número recorde de galerias brasileiras http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/05/frieze-ny-estreia-com-numero-recorde-de-galerias-brasileiras/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/05/05/frieze-ny-estreia-com-numero-recorde-de-galerias-brasileiras/#respond Fri, 05 May 2017 18:04:24 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/Screen-Shot-2017-05-05-at-2.06.15-PM-135x180.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6473 A versão 2017 da feira de arte Frieze, em Nova York, que estreia hoje (5), reúne 11 galerias brasileiras. Trata-se de um recorde da participação do país no evento que dura três dias e reune 200 galerias, de 31 países, num gigantesco pavilhão na Randalls Island, entre Manhattan e Queens.

A Frieze Art Fair, de Nova York, abre suas portas hoje (5) para o público na Randalls Island, entre Manhattan e Queens. (Foto: Divulgação)

Juntando-se pela primeira vez à galerias mais conhecidas do Frieze como a Mendes Wood DM, Vermelho, A Gentil Carioca e Galeria Nara Roesler, estão a Silvia Cintra + Box4, Galeria Luisa Strina e Galeria Marilia Razuk. “As galerias brasileiras são importante parte da Frieze Nova York desde o início da feira há seis anos. A resposta do público é muito grande”, explicou a jovem curadora americana Abby Bangser, diretora artística para as Américas e Ásia da Frieze, ao blog. “Isso tem a ver com a grande ressonância que a arte brasileira está tendo agora em Nova York por conta de um robusto e profundo investimento artístico que museus como o MoMA, Guggenheim e também o Tate, de Londres, vem fazendo da arte latino-americana, criando comitês especializados”, prossegue Bangser.

O estande da galeria paulista Mendes Wood DM na Frieze. (Foto: Marcelo Bernardes)

No momento, o MoMA apresenta exposições com trabalhos de brasileiros de diferentes gerações. Lygia Clark (1920-1988) e Gertrudes Altschul (1904-1962) estão representadas na exposição “Making Space: Women Artists and Postwar Abstraction” (Criando espaço: mulheres artistas e abstracionismo pós-guerra), e o artista alagoano Jonathas de Andrade, 35, apresenta seu video “O Levante”, de 2013, na mostra “Unfinished Conversations” (Conversas inacabadas), que reúne obras recém-adquiridas pela instituição. No Met Breuer, Lygia Pape (1927-2004) ganha sua maior retrospectiva nos Estados Unidos.

“Se existe uma nova tendência na arte brasileira é que os novos artistas estão participando cada vez mais de um diálogo internacional”, explica Bangser. “Atualmente eles não são mais necessariamente julgados como arte brasileira, mas sim como arte contemporânea”.

Bangser conversou com o blog no estande da Galeria Luisa Strina, segundo ela “uma das grandes e melhores do mundo”. A americana ressalta o grande alcance de estilos representados pela galeria paulista. “O trabalho deles é fantástico pois faz um bom apanhado de gerações”, explica. “Eles apoiam desde trabalhos de Mira Schendel (1919-1988), um dos destaques dessa Frieze, até o de Laura Lima (carioca nascida em 1971)”.

Obras de Mira Schendel na Galeria Luisa Strina. (Foto: Marcelo Bernardes)

A Mendes Wood DM é outra galeria paulista que Bangser acompanha com extremo interesse (em entrevista à revista americana ELLE, em 2015, a curadora disse que os donos da galeria – Pedro Mendes, Matthew Wood e Felipe Dmab – estão “bem ligados”). “Eles estão atirando muito alto, e isso tem funcionado muito bem para eles”, explica Bangser ao blog. “Colocamos eles na entrada do Pavilhão Norte da feira e quem chega já sente o magnetismo da galeria, a energia da diversidade do programa que eles vem construindo. Os curadores estão muito de olho na Mendes Wood DM, assim como compradores da China, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil. Possivelmente, as obras deles estarão com vendas esgotadas já no primeiro dia da Frieze”, completa.

Durante um pequeno intervalo no concorrido estande da Mendes Wood DM, Pedro Mendes explica o programa de sua galeria na feira. “Ele está bastante briguento, raivoso e excitado”, diz ele ao blog. “Estamos com trabalhos que propõem transformar o mundo a partir de pequenas ações, e que apresentam uma discussão de liberdade política num mundo que parece tenebroso”.

Entre os artistas representados pela Mendes Wood DM estão os paulistas Adriano Costa (42) e Cibelle Cavalli Bastos (39), o inglês Michael Dean (40) e Matthew Lutz-Kinoy (33), baseado em Los Angeles. “Eles lidam com questões de minorias, gênero e identidade, alguns de forma bastante cômica e irreverente”. Um dos trabalhos destacados de Costa é “TheButcher’s Arms”, 2016, que traz a frase My Boyfriend is Vegan (Meu namorado é vegetariano) feita por spray em cima de uma base de couro, réplica de um trabalho que o arista fez para um exposição em Los Angeles. “Todo mundo lá era vegetariano, mas Adriano acabou notando que os tapetes eram de couro e muita gente usava roupas de couro e pele”, explica Mendes. Michael Dean, um dos finalistas do Turner Prize no ano passado, assina uma escultura com punhos de uma família – pai, mãe e filhos, feitos em concreto armado.

Obra do inglês Michael Dean na galeria Mendes Wood DM. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Uma das seções mais vibrantes da Frieze é a Frame, que apresenta trabalhos de vanguarda, muitos deles sendo apresentados pela primeira vez em fórum internacional, prontos a serem descobertos. Com curadoria do americano Jacob Proctor (do Colégio Neubauer para Cultura e Sociedade, da Universidade de Chicago) e do alemão Fabian Schöneich (do centro Portikus, em Frankfurt), a seleção de 2017 inclui 17 galerias, de 13 países diferentes e algumas de cidades não conhecidas como centros de arte como Varsóvia, Cidade do Cabo ou Cidade da Guatemala. Todas as galerias tem menos de oito anos de atividade no mercado, e seus custos de exibição em Nova York foram subsidiados pela direção da Frieze.

Dentro da Frame, a galeria Jaqueline Martins apresenta obras do artista paulista Hudinilson Urbano Júnior, morto em 2013, aos 56 anos. Seu trabalho de fotocópias feito com máquinas de xerox, em 1980, usando fragmentos do próprio corpo, como genitália, pés e torso, lidam com temas ainda mais relevantes no momento como gênero, sexualidade e identidade. “É uma apresentação bastante equilibrada e serena, refletindo sobre temas importantes”, explica Bangser.

 

 

Por ser a primeira Frieze pós-eleição Donald Trump, o portfólio artístico não poderia deixar também de ser politicamente calibrado. Existem trabalhos anti-Trump na galeria nova-iorquina P.P.O.W, que representa artistas engajados desde a década de 80, como a tela “April in the Subway”, do artista e ex-grafiteiro Chris DAZE Ellis (55), em que mostra uma jovem em vagão do metrô de Nova York com um jornal com a manchete “Impeachment para Trump”.

 

Na galeria nova-iorquina P.P.O.W tela de Chris DAZE Ellis contra Trump. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Já a galeria alemã Sprüth Magers, mostra “Dinghy”, de 2016, criada pelo artista e músico americano Llyn Foulkes (82) para recente exposição em Los Angeles. “Dinghy” retrata um homem negro, vestindo jeans, camisa xadrez e com a bandeira americana sob sua pelvis, à deriva num bote com a inscrição “Trump Salva-Vidas Cia.”. Curvas na madeira polida, o material da obra, mostra que o mar está turbulento.

Na galeria Cheim & Reid, de Nova York, todos os trabalhos são cor de rosa, em solidariedade à passeata das mulheres contra Trump. Entre as artistas expostas estão Louise Bourgeois (1911-2010), a egípcia Ghada Amer (54), Jenny Holzer (67) e Louise Fishman (78).

 

A Frieze parece também estar sintonizada com as bienais do museu Whitney, em Nova York, que continua a pleno vapor, e a de Veneza, que começa no próximo sábado (13). A galeria David Kordansky, de Los Angeles, apresenta trabalho da iraniana Tala Madani (46), e a Mary Mary, de Glasgow, expõe pinturas da mexicana Aliza Niesbaum (39), duas artistas politicamente engajadas com questões de identidade feminina e imigração e que estão atualmente representadas na Bienal do Whitney. A gigante David Zwirner apresenta novos trabalhos de Carol Bove (46), que vai representar a Suíça na Bienal de Veneza.

 

Visitantes na feira Frieze durante apresentação especial na quinta (4). (Foto: Mark Blower)

Entre as tendências de vendas, Bangser aponta que existe um grande foco na arte do século 20. Por conta disso, a Frieze reuniu 30 galerias na seção Spotlight, que concentra-se em exposições individuais. Na galeria paulista Marilia Razuk, o destaque é a obra do artista espanhol Julio Plaza (1938-2003). “Compradores estão preenchendo lacunas abertas de alguns períodos, ou descobrindo movimentos ou artistas dos anos 50, 60, 70 e 80, criando um ar de mistério e excitação”, explica Bangser.

A curadora cita a importância da Spotlight em apresentar artistas renomados em alguns países mas que continuam desconhecidos em outros cantos do mundo. Em 2015, por exemplo, durante o Spotlight da Masters Fairs, em Londres, a galeria Nara Roesler, de São Paulo, fez uma boa apresentação de obras de Tomie Ohtake (1913-2015). “Claro, trata-se de uma lenda no Brasil, mas na Inglaterra acabou significando uma descoberta muito excitante para os compradores”, diz Bangser.

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Dois filmes brasileiros vão participar de prestigiada mostra do MoMA http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/02/dois-filmes-brasileiros-participam-de-prestigiada-mostra-do-moma/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/02/dois-filmes-brasileiros-participam-de-prestigiada-mostra-do-moma/#respond Thu, 02 Mar 2017 20:04:31 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-02-at-2.06.49-PM-180x98.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5756 Os filmes brasileiros “Arábia” (imagem acima), dos cineastas mineiros Affonso Uchôa e João Dumans, e “Pendular”, da diretora carioca Julia Murat, vão fazer parte da 46a. edição da prestigiada mostra “New Directors/New Films”, organizada pelo departamento de cinema do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA. O evento, que reúne filmes de 32 países, acontece entre 15 a 26 de março.

“Arábia”, que participou da competição oficial do Festival de Roterdã, em janeiro, é um road movie que conta a história de um jovem morador de um bairro pobre de Ouro Preto, que descobre um caderno de anotações de um operário, vitimado por um acidente de trabalho. Ao ler o diário, o jovem toma conhecimento dos dez últimos anos de vida do operário, e as viagens deste pelo Brasil em busca de trabalho.

Já “Pendular”, exibido recentemente na mostra Panorama, seleção paralela do Festival de Berlim, onde ganhou um prêmio da Fipresci, federação que reúne críticos de cinema do mundo todo, é um filme com pinceladas eróticas que acompanha o relacionamento de um casal – um escultor e uma dançarina. Apesar de viverem no mesmo espaço, este é delimitado por uma linha traçada no chão, que divide o campo de ação de cada um. Trata-se do segundo filme de Murat selecionado pela “New Directors/New Films”. Em 2012, a mostra exibiu “Histórias que Só Existem Quando Lembradas”.

Cena de “Pendular”, segundo filme da cineasta Julia Murat a participar da mostra do MoMA. (Foto: Divulgação)

A “ND/NF” privilegia o primeiro ou segundo trabalho de cineastas emergentes nos Estados Unidos e ao redor do mundo. No passado, a mostra apresentou ao público trabalhos de Steven Spielberg, Pedro Almodóvar, Wong Kar-wai e Spike Lee. Mais recentemente, introduziu nomes como os da cineasta australiana Jennifer Kent (do terror “The Babadook”),  do americano J.C. Chandor (“Margin Call – O Dia Antes do Fim” e “O Ano Mais Violento”) e do brasileiro Gabriel Mascaro, cujo filme “Boi Neon” foi um dos grandes sucessos da mostra em 2016.

Sucesso em Sundance, o filme “Patti Cake$, sobre uma rapper de Nova Jersey, inaugura a mostra. (Foto: Reprodução)

O filme de abertura da “ND/NF”, no dia 15 de março, é um dos grandes sucessos do Festival de Sundance deste ano: “Patti Cake$”, que marca a estreia na direção do americano Geremy Jaspar. O longa acompanha a trajetória de uma rapper em ascensão.

Entre os outros filmes selecionados estão: “Beach Rats”, da americana Eliza Hittman, também sucesso em Sundance; “4 Days in France”, do francês Jérôme Reybaud; “Albüm” do turco Mehmet Can Mertoglu; “Lady Macbeth”, do inglês William Oldroyd; e “Sexy Durga”, thriller do indiano Sanal Kumar Sasidharan.

Cena do thriller indiano “Sexy Durga”. (Foto: Divulgação)
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Filmes brasileiros entram em mostra do MoMA dos melhores de 2016 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/filmes-brasileiros-entram-em-mostra-do-moma-dos-melhores-de-2016/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/filmes-brasileiros-entram-em-mostra-do-moma-dos-melhores-de-2016/#respond Fri, 28 Oct 2016 01:01:20 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Screen-Shot-2016-10-27-at-8.37.37-PM-180x129.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5310 O impacto causado pelos filmes “Aquarius”, de Kléber Mendonça Filho, e “Cinema Novo”, de Eryk Rocha, em festivais internacionais e, no caso do primeiro, também nos cinemas americanos, onde a produção estrelada por Sonia Braga está em cartaz há duas semanas, é cada vez mais reconhecido pelos críticos americanos. Ambas produções foram selecionadas para serem exibidas na mostra “The Contenders”, organizada anualmente pelo museu MoMA, de Nova York.

A ênfase da mostra é criar uma seleção dos melhores filmes do ano, e que têm chances na temporada de premiação de cinema, que começa em dezembro e culmina com a entrega do Oscar, em fevereiro. Todos as sessões são acompanhadas da participação de elenco ou diretor para debates com os convidados. Eryk Rocha e Sonia Braga vão falar sobre seus respectivos filmes no MoMA.

Mostra"The Contenders" começa com a exibição de "A Chegada", ficção-científica estrelada por Amy Adams. (Foto: Divulgação)
Mostra”The Contenders” começa com a exibição de “A Chegada”, ficção-científica estrelada por Amy Adams. (Foto: Divulgação)

A série “The Contenders” começa no dia 10 de novembro com a exibição do filme de ficção-científica “A Chegada” (The Arrival), dirigido pelo cineasta canadense Denis Villeneuve. A produção sobre contato extraterrestre é estrelada por Amy Adams, atriz que está bastante cotada para receber uma indicação para o Oscar pelo drama “Animais Noturnos”, dirigido pelo cineasta (e designer de moda) Tom Ford. “Animais Noturnos”, que passou na Mostra de São Paulo, também foi selecionado pelo MoMA e será exibido um dia antes dos filmes brasileiros.

O chileno Pablo Larraín tem dois filmes na mostra, incluindo "Jackie", estrelado por Natalie Portman. (Foto: Divulgação)
O chileno Pablo Larraín tem dois filmes na mostra, incluindo “Jackie”, estrelado por Natalie Portman. (Foto: Divulgação)

Outras produções da primeira fase da “The Contenders” incluem dois títulos do chileno Pablo Larraín, que promete ser o Alejandro González Iñarritu do próximo Oscar, com várias indicações: “Neruda”, com Gael Garcia Bernal, e “Jackie”, com Natalie Portman. Também foram selecionados os documentários “Wiener”, sobre o político nova-iorquino Anthony Wiener que caiu em desgraça após um escândalo sexual, e “I Am Not Your Negro”, de Raoul Peck, além dos desenhos “Procurando Dory” e “Zootopia: Essa Cidade É o Bicho”.

Também vindo de Cannes, como “Aquarius” e “Cinema Novo”, está o drama racial “Loving”, de Jeff Nichols. “Lion”, história sobre adoção rodada na Índia e estrelada por Dev Patel, Rooney Mara, Nicole Kidman, será exibido na segunda fase do festival. Trata-se do filme que o produtor Harvey Weinstein escolheu para investir numa milionária campanha visando múltiplas indicações para o Oscar.

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Após Veneza e Toronto, “Boi Neon” chega a festival do MoMA http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/01/20/apos-veneza-e-toronto-boi-neon-chega-a-festival-do-moma/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/01/20/apos-veneza-e-toronto-boi-neon-chega-a-festival-do-moma/#respond Wed, 20 Jan 2016 19:12:47 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2016/01/Screen-Shot-2016-01-20-at-1.32.32-PM-180x120.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=3532 O filme “Boi Neon”, de Gabriel Mascaro, foi selecionado para a 45a. edição da prestigiada mostra “New Directors, New Films”, organizada pelo departamento de cinema do Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA. O line-up preliminar da mostra, exibida entre 16 a 27 de março, conta com filmes de 13 países. O ND/NF privilegia o primeiro ou segundo trabalho de cineastas emergentes nos Estados Unidos e ao redor do mundo. No passado, a mostra apresentou ao público trabalhos de Steven Spielberg, Pedro Almodóvar, Wong Kar-wai e Spike Lee. Mais recentemente, introduziu nomes que estão ficando incensados pela crítica como os da cineasta australiana Jennifer Kent (do terror “The Babadook”), do jordaniano Naji Abu Nowar (cujo filme Theeb foi indicado para o Oscar de melhor produção estrangeira do ano) e do americano J.C. Chandor (“Margin Call – O Dia Antes do Fim” e “O Ano Mais Violento”).

Cena
Juliano Cazarré em cena de “Boi Neon” (Divulgação)

“Boi Neon”, que foi premiado nos Festivais de Veneza e Toronto, tem história passada nos bastidores das vaquejadas, competição comum no Nordeste em que dois homens a cavalo emparelham e tentam derrubar um boi. O protagonista é Iremar (Juliano Cazarré), que trabalha asseando os bois do torneio e, em suas horas vagas, sonha em ser estilista de moda. Em sua apresentação para o line-up, o time de seleção do MoMA diz que “Boi Neon” é “compassivo aos temas de sexualidade e classe social” e “que culmina em uma das mais audaciosas e memoráveis cenas de sexo da história recente”. “É um estudo humano e sensual de corpos em movimento”.

Entre os outros filmes selecionados estão: “Behemoth”, do chinês Zhao Liang; “Demon”, do polonês Marcin Wrona (que se suicidou em setembro do ano passado); “The Fits”, da americana Anna Rose Holmer; “Bela e Perdida”, do italiano Pietro Marcello; e “Thithi”, do indiano Raam Reddy.

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Björk é tema da mais tecnológica exposição de arte de todos os tempos http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/#respond Tue, 03 Mar 2015 22:13:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=88 Recentemente, a artista Marina Abramović revelou como foi conhecer a cantora e compositora Björk. “Quando a vi, numa festa no apartamento de um amigo, Björk carregava uma estranha sacola e, dentro dela, havia um grande telefone vermelho”. Já amigas, as duas começaram a se encontrar frequentemente. “Uma vez fomos ao mercado das pulgas e Björk usava uma gaiola vazia no pescoço, que funcionava como um colar”. Visitando Björk e, enquanto a última fazia sardinhas na brasa, Abramović decidiu xeretar o quarto da amiga. Encontrou uma densa neblina. “Ela tinha tipo cerca de 64 vaporizadores de ar, que usa para cuidar da voz”. E, quando Abramović comemorou aniversário e convidou Björk, esta apareceu na companhia de sete cantoras islandesas – todas grávidas, “em períodos diferentes de gestação”. “Björk é capaz de criar cenas cotidianas na vida dela que mais lembram instalações de arte”, descreve.

 

Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Na manhã de hoje, Björk surgiu – de carne e osso – no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, vestida como um cacto preto. Era uma verdadeira instalação de arte ambulante. Enquanto gesticulava ao apresentar seu novo vídeo musical, a parte superior do cacto sambava contra a tela de projeção. Após 12 anos de tentativa, o curador alemão Klaus Biesenbach conseguiu convencer Björk a dar a benção dela – e cooperar – com aquela que vem a ser uma das mais originais mostra de arte pop dos últimos tempos.

 

 

 

Neste domingo, o MoMA abre as portas da exposição que leva o nome da cantora. Trata-se de uma imersão musical pelas letras, sons e psiquês de um músico jamais visto. O MoMA já havia experimentado (e ousado) com exposições sonoras como a retrospectiva da banda alemã Kraftwerk, em 2012, mas no caso de Björk a ousadia foi um pouco mais longe. “Trata-se de uma das mais complicadas exposições do MoMA”, disse Glenn D. Lowry, diretor do museu.

As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)
As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

 

“Björk” mistura música, tecnologia, arte, vîdeo e moda. O museu precisou adaptar uma grande area do mezanino do lugar para criar três salas novas. A maior e principal delas – e em estilo labirinto – requer que o visitante use grandes fones de ouvido, acoplados a um tocador de MP3. A voz que guia os visitantes pelas galerias repletas de réplicas em tamanho normal de Björk, letras de música e adereços usados nos clipes dela pertence ao músico Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons.

O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)
O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Em determinado momento, Antony “sussura”, em tom completamente zen, no ouvido do visitante: “vai devagar”. O tocador de MP3 responde aos pontos de Bluetooth instalados nessas galerias e que sincronizam a música de diferentes CDs de Björk com a disposição geográfica dos objetos em exposição. Enquanto o visitante vê a bota que o designer belga Walter van Beirendonck criou para o video “Hyperballad”, ou o blazer em forma de correspondência que o turco Hussein Chalayan esboçou para a capa do CD “Post”, de 1995, a música “Isobel”, do mesmo CD (e inspirada em Elis Regina), surge nos fones de ouvido. Se você pular de sala rapidamente e deixar a fase do Vespertine (CD de 2001) para trás e optar por Volta (CD de 2007), a música correspondente e as declarações de Hegarty avançam também. Para criar essa sintonia, a saída foi prosaica: um dos principais patrocinadores da exposição, a montadora alemã Volkswagen, adaptou a tecnologia GPS de seus carros para as pequenas galerias do museu.

 

Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

O curador Biesenbach havia tentado fazer uma retrospectiva de Björk em 2000. “Já naquela época, ela tinha um conjunto de videoclipes que dava para preencher uma exposição”, explica o curador ao Baixo Manhattan. “Mas ela não topou. Björk odeia olhar para o passado”. Em 2012, a artista foi novamente procurada por Biesenbach. “A pergunta dela, dessa vez foi: ‘será que o MoMA estaria disposto a criar uma experiência autêntica que misturasse som, música e arte?” O museu topou e Björk pessoalmente lidou com um time de designers, carpinteiros, videomakers, arquitetos, fotógrafos e assessores de imprensa. Até na semana passada, ela estava dando as últimas sugestões de retoques.

 

O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)
O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)

A sala-labirinto da exposição se chama Songlines, e foi ideia original da cantora. Para passar por ela, ouvindo músicas de Björk e a voz reconfortante de Hegarty se gastam 40 minutos. Nessa viagem musical, a paisagem é bem desfile de moda. Manequins com o rosto da cantora (feitos de scans 3-D do corpo da cantora) vestem roupas de Alexander McQueen (o vestido de noiva Pagan Poetry, de 2001, e o de bolas de metal de 2004), Marjan Pejoski (o infame vestido de tule em forma de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar em 2001) e Iris Van Herpen (o vestido da turnê Biophilia, de 2011). Há também acessórios como máscaras feitas de penas turcas ou cristais Swarovski e muitas letras de música, seja em papéis de rascunhos, nas costas de um cartão de visitas ou em papel de presente.

 

Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

No casulo número 2, com imensos sofás-camas vermelhos, pode-se assistir a quase todos os videoclipes da cantora, dirigidos por cineastas como Michel Gondry (“Isobel”, “Hyperballad”, “Bachelorette” e “Crystalline”), Spike Jonze (“It’s So Oh Quiet”, “It’s In Our Hands” e “Triumph of the Heart”), além de Eiko Ishioka, Stephane Sednaoui, Bill Cunningham e até o casal de fotógrafos Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin, responsável pela foto de capa de vários CDs de Björk. A exposição se encerra em uma terceira sala, com a exibição do videoclipe Black Lake, de dez minutos de duração e dirigido por Andrew Thomas Huang. “Trata-se de uma experiência generosa”, disse Björk ao apresentar o video aos jornalistas. “Esses últimos dias têm sido uma experiência incrível para mim”. A mostra do MoMA, que deve ser um sucesso comercial, fica em cartaz até o dia 7 de junho. Mas ela poderá ficar defasada em breve. “Björk terminou essa semana um novo trabalho que ela vai mostrar ao mundo no dia 16 de março”, disse Biesenbach.

 

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Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
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