Baixo Manhattan http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br Cosmopolitices Tue, 03 Apr 2018 18:47:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Filme produzido por carioca faz sucesso na Bienal do Whitney http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/28/filme-produzido-por-carioca-faz-sucesso-na-bienal-do-whitney/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2017/03/28/filme-produzido-por-carioca-faz-sucesso-na-bienal-do-whitney/#respond Tue, 28 Mar 2017 17:11:02 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/Screen-Shot-2017-03-28-at-12.41.59-PM-1-180x99.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=6208 Ao entrarem em uma sala escura do museu Whitney, em Nova York, os visitantes, usando óculos 3D, tomam conhecimento de um ilusório organismo, híbrido de planta e animal, que vive escondido em algum ponto das margens do rio Negro, na Amazônia. A cada 107 anos, reza a folclore, o organismo conhecido pelo nome científico de Saudaderrhiza floresce, assumindo a forma de “uma perna de cavalo que engoliu uma toranja” ou de “um avião que se espatifou contra um prédio”.

O filme “The Flavor Genoma” (Genoma do Sabor), criado e dirigido pela artista Anicka Yi está sendo um dos grandes destaques da Bienal do Museu Whitney, em cartaz até 11 de junho. (leia tudo sobre a bienal aqui.)

A sala de exibição, instalada num dos cantos do museu e vizinha de uma instalação do artista Pope.L, que consiste de uma casa com paredes revestidas por 2.755 fatias de mortadela (algumas já apodreceram e caíram), fica lotada durante o dia, e. o público tende a acompanhar todos os 22 minutos de projeção. “Trata-se de um estonteante video em 3D de alta definição que alterna (cenas) um imaculado laboratório com a floresta Amazônica para contar a história fictícia de bioprospecção em nome do consumismo global”, escreveu Roberta Smith, crítica de arte do The New York Times.

Público da Bienal do Whitney lota sala que exibe “The Flavor Genoma”. (Foto Marcelo Bernardes)

As imagens estonteantes na Amazônia – e também num estúdio em Nova York – foram captadas, em sua maioria, por câmeras 3D da Sony pelo carioca André Lavaquial. Além de diretor de fotografia, o cineasta também foi o produtor do filme.

“The Flavor Genoma” teve sua estreia no ano passado, no museum Friedericianum, em Kassel, na Alemanha, como parte da primeira exibição solo de Anicka Yi naquele país. O tema geral era o da estrutura das formas híbridas, às quais a artista aplicou de referências científicas à discussão sobre o colonialismo.

A ideia para o filme surgiu no apartamento de Lavaquial, no Rio, onde a artista, que é também namorada do cineasta, começou a ler o livro “Metafísicas Canibais”, do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. “O filme, de certa forma, é uma resposta de Anicka ao conceito do perspectivismo ameríndio discutido no livro que dei de presente a ela”, explica Lavaquial ao blog.

Cena de “The Flavor Genoma”. (Foto: Divulgação)

Em “The Flavor Genoma”, Anicka usa a bioprospecção, ou garimpagem biológica, pesquisa da fármaco que consiste na procura de elementos constituintes de seres vivos como proteína e lípido, como ponto de partida para sua teoria sobre uma identidade híbrida. Se os especialistas extraem sabores e cheiros dos mais diversos organismos para criarem perfumes e comida, “imagina se pudéssemos provar também uma montão de personalidades químicas”, pergunta a narradora do filme. “E se habitássemos a mente de um canibal ou de um adolescente bem hormonal”?

Yi tenta também explicar ao público que assiste seu filme, a melhor tradução para a palavra saudade, da qual o fictício organismo procurado na Amazônia, é derivado. “Não tem traducão literal em inglês, mas pode ser descrita como uma sensação de desejo, melancolia e nostalgia”, diz a narradora. E a voz acrescenta: “Nosso guia (na Amazônia) descreveu saudade como a sensação de perder alguma coisa que você ama, entendendo que a probabilidade de retorno é desconhecida, inteiramente à mercê do destino”.

Cena de “The Flavor Genoma”, com “participação” do nariz de Lavaquial. (Foto: Divulgação)

O filme tem belas e emblemáticas cenas como uma espécie de colmeia com luzes led piscodélicas, brilhando numa árvore à beira do Rio Negro, um frango soltando fumaça azul por seu orifício durante um entardecer, e uma sequência na qual uma mulher acaricia moluscos que cobrem a vagina. A cena faz um close-up da mão dela, mostrando unhas pintadas com esmalte rosa e apliques do logotipo da grife Chanel. “Tivemos que colocar a atriz com as pernas abertas sobre uma mesa com toda parafernália 3D ao redor dela”, explica Lavaquial. “O estúdio ficou parecendo um consultório ginecológico hi-tech”.

Anicka Yi é uma das artistas mais badaladas no mundo das artes no momento. Em outubro, ganhou o prestigiado prêmio Hugo Boss, espécie de Pritzker (o Oscar de arquitetos) para artistas visuais. Além de um prêmio de US$ 100 mil, Yi também ganhou a chance de fazer uma exposição solo no museu Guggenheim. No momento, ela trabalha nos últimos preparativos da mostra, a ser lançada no mês de vem.

A artista Anicka Yi e o cineasta André Lavaquial. (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Nascida na Coréia do Sul, ela imigrou com a família para os Estados Unidos aos 2 anos de idade. Passou parte de sua vida adulta em Londres e adotou Nova York a partir de 1996. Como uma carreira conhecida na Europa, já exibiu na galeria Gagosian, em Londres, e na Kunsthalle Basel, na Suíça. Em suas obras conceituais, Yi usou materiais que vão desde bactéria e aspirinas até sabonete de glicerina.

Lavaquial, cujo curta “O Som e o Resto” foi apresentado em Cannes em 2008, está trabalhando em seu novo filme, um documentário sobre o músico americano Arto Lindsay. Ele também prepara uma exposição de seus videos para 2018.

 

Cena com moluscos de “The Flavor Genoma”. (Foto: Reprodução)

 

Espectadores assistem o filme na Bienal do Whitney (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Sessão em 3D da Bienal do Whitney. (Foto: Marcelo Bernardes)
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À beira de um rio em NY, exposição discute crise mundial da água http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/07/a-beira-de-um-rio-em-ny-exposicao-discute-crise-mundial-da-agua/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/07/a-beira-de-um-rio-em-ny-exposicao-discute-crise-mundial-da-agua/#respond Fri, 07 Oct 2016 14:13:59 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Screen-Shot-2016-10-07-at-10.07.56-AM-135x180.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5214 Uma imagem panorâmica do centro de São Paulo, feita a partir do topo do Edifício Martinelli, pode ser vista atualmente em cenário cinematográfico de Nova York: ao pé da Brooklyn Bridge, com o centro financeiro de Manhattan e o edifício One World Trade Center ao fundo, e a Manhattan Bridge do lado norte.

Essa e mais outras 67 imagens feitas em nove diferentes países fazem parte da mostra “Water Stories”, novo trabalho do fotógrafo nova-iorquino Mustafah Abdulaziz, radicado em Berlim, Alemanha.

Abdulaziz passou cinco anos coletando imagens de países como Brasil, China, Paquistão, Nigéria e Estados Unidos para analisar como mudanças climáticas, exploração dos recursos naturais, aumento da população e poluição contribuem para a crise mundial da água. Todas as imagens foram feitas em filme, uma vez que Abdulaziz não gosta de câmeras digitais. Um dos patrocinadores do trabalho é a ONG WWF (Fórum Mundial da Água).

A exposição "Water Stories" fica ao pé da Brooklyn Bridge. (Foto: Marcelo Bernardes)
A exposição “Water Stories” fica ao pé da Brooklyn Bridge. (Foto: Marcelo Bernardes)

A exposição ao ar livre, e que fica em cartaz até a semana que vem no bairro do Brooklyn, é dividida em nove partes. No segmento dedicado ao Brasil, entre outra imagens, estão a de animais no Pantanal, poluição no Córrego Carandiru, em São Paulo, e no rio Paraguai, dos níveis da água no sistema Cantareira, e do desmatamento ilegal em Tangará da Serra, Mato Grosso. Várias imagens feitas no Mato Grosso mostram as melhorias feitas pelo projeto Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, aliança entra a WWF-Brasil e prefeituras daquele estado para a recuperação de 700 quilômetros de rios.

A seção Brasil da exposição, com a Manhattan Bridge ao fundo. (Foto: Marcelo Bernardes)
A seção Brasil da exposição, com a Manhattan Bridge ao fundo. (Foto: Marcelo Bernardes)

As fotos, exibidas em painéis gigantes, ganham efeito extra de reflexão por estarem ao lado do East River, que separa Manhattan de Long Island. “O trabalho que criei fica mais próximo de um estudo humano da interação com a água”, explica o fotógrafo. “A ideia era chamar a atenção para um problema que já é conhecido pelos visitantes de exposição: a capacidade de uma profunda conexão com o planeta. Se um deles deixar a mostra com desejo de criar algum tipo de mudança, isso é positivo, mas não era meu objetivo principal.”

Detalhe da seção Brasil: imagem do fazendeiro Manuel Barbosa, em Tangará da Serra Mato Grosso; ao fundo um garoto nada nas águas do Rio Paraguai. (Foto: Marcelo Bernardes)
Detalhe da seção Brasil: imagem do fazendeiro Manuel Barbosa, em Tangará da Serra, Mato Grosso; ao fundo um garoto nada nas águas do rio Paraguai. (Foto: Marcelo Bernardes)
Vista área de Manhattan, mostrando os rios Hudson (à esquerda) e o East. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Vista área de Manhattan, mostrando os rios Hudson (à esquerda) e o East. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Desmatamento em Mato Grosso. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Desmatamento em Mato Grosso. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Esta fonte de água limpa na Nigéria abastece vilarejo de 800 pessoas. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Esta fonte de água limpa na Nigéria abastece vilarejo de 800 pessoas. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Vista aérea de São Paulo a partir do Martinelli. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Vista aérea de São Paulo a partir do Martinelli. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Represa em Ychang, China. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Represa em Yichang, China. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Garoto nada nas águas poluídas do rio Paraguai, na região de Cáceres. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Garoto nada nas águas poluídas do rio Paraguai, na região de Cáceres. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Túnel de esgoto no bairro do Bronx, Nova York. (Foto: Mustafah Abdulaziz)
Túnel de esgoto no bairro do Bronx, Nova York. (Foto: Mustafah Abdulaziz)

 

 

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Esculturas do ator Christopher Walken viram nova mania em NY http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/05/esculturas-do-ator-christopher-walken-viram-nova-mania-em-ny/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2016/10/05/esculturas-do-ator-christopher-walken-viram-nova-mania-em-ny/#respond Thu, 06 Oct 2016 02:15:25 +0000 http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/Screen-Shot-2016-10-05-at-10.06.58-PM-136x180.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=5195 Christopher Walken é o novo John Malkovich.

Depois de Malkovich ter virado “meta-muso” no cinema, agora é a vez de Walken, 73, que venceu o Oscar de ator coadjuvante em 1979, pelo filme “O Franco Atirador” e participou de produções como “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e “Prenda-Me se For Capaz”, virar tema de instalação de arte.

“Monument to Walken” (Monumento para Walken) reúne uma série de dez bustos feitos de cimento e fincados no gramado do Parque de Esculturas Socrates, que fica no bairro do Queens, em Nova York. A obra é do artista americano Bryan Zanisnik. Desde a abertura da exposição intitulada “EAF16”, há duas semanas, a instalação viralizou na mídia social, provocando a maior taxa de visitação vista no parque desde que ele foi inaugurado em 1986.

Com somente pescoço e rosto à mostra, tem-se a impressão que o corpo de Walken encontra-se soterrado num dos cantos do parque, protegido pela sombra de várias árvores. O escultor Zanisnik, que mora no Queens, decidiu fazer uma homenagem a um dos mais famosos filhos pródigos de Astoria, região do Queens, onde Walken nasceu e passou a infância.

Bustos do ator Christopher Walken criados por Bryan Zanisnik. (Foto: Marcelo Bernardes)
Bustos do ator Christopher Walken criados por Bryan Zanisnik. (Foto: Marcelo Bernardes)

Astoria também é considerado um dos bairros com a maior concentração de habitantes estrangeiros (11% da população) do mundo. É grande a presença de gregos (o nome do parque é uma homenagem a eles), brasileiros, chineses, colombianos, indianos, guianenses e dominicanos, entre outros povos.

Instalação tem 10 estátuas de Walken. (Foto: Marcelo Bernardes)
Instalação tem 10 estátuas de Walken. (Foto: Marcelo Bernardes)

Além dos bustos, a instalação conta com um display com desenhos do cartunista Eric Winkler que faz um breve histórico da família Walken pelo bairro. Os pais do ator foram donos de padaria em uma principais ruas do bairro, a Broadway. Em seu cartum, Winkler publica propaganda da padaria que tinha “canolis tão grandes que fazem sua cabeça explodir”. Outro anúncio-brincadeira diz: “Atenção donas de casa, deixe a gente assar o peru de Ação de Graças. Apenas traga uma forma para transportar o assado. Maiores informações com o Ronnie”. No local da padaria de Walken, que funcionou por 30 anos, hoje se encontra uma loja de ferramentas.

Christopher Walken em cena de "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino. (Foto: Divulgação)
Christopher Walken em cena de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino. (Foto: Divulgação)

A mostra “EAF16” é uma espécie de bolsa para artistas emergentes baseados em Nova York. Entre os 15 escultores selecionados para a exposição, está a paulista Liene Bosquê, que apresenta a instalação “Terracotta Impressions” (Impressões em Terracota), uma estrutura inacabada em tijolos que recria um prédio do bairro do Queens, onde a artista morava. A exposição fica em cartaz até o dia 12 de março de 2017. O parque é aberto para visitação pública todos os dias do ano.

A escultura Terracotta Impressions, da artista paulista Liene Bosquê. (Fotos: Marcelo Bernardes)
A escultura Terracotta Impressions, da artista paulista Liene Bosquê. (Fotos: Marcelo Bernardes)
"Ammal", instalação com Jeep Comanche modelo 89 feita pelo artista Andrew Brehm; ao fundo, a escultura "Accidental Flight", de Dylan Gauthier. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Ammal”, instalação com Jeep Comanche modelo 89 feita pelo artista Andrew Brehm; ao fundo, a escultura “Accidental Flight”, de Dylan Gauthier. (Foto: Marcelo Bernardes)
"All Else Is Pale", do artista Galería Perdida. (Foto: Marcelo Bernardes)
“All Else Is Pale”, do artista Galería Perdida. (Foto: Marcelo Bernardes)
"Site on the Move", instalação outdoor de Dachal Choi e Matthew Suen. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Site on the Move”, instalação em estilo outdoor de Dachal Choi e Matthew Suen. (Foto: Marcelo Bernardes)
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Figurinos de “Star Wars” ganham exposição grandiosa em NY http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/11/14/figurinos-de-star-wars-ganham-exposicao-majestosa-em-ny/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/11/14/figurinos-de-star-wars-ganham-exposicao-majestosa-em-ny/#respond Sat, 14 Nov 2015 04:27:39 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=2501 Em 1976, o jovem diretor George Lucas ainda não possuía pedigree suficiente para convencer um respeitado ator inglês que havia encenado incontáveis montagens teatrais de Shakespeare, T.S. Eliot e Charles Dickens de aparecer em sua nova ficção-científica, empunhando um sabre de luz e ao lado de uma esdrúxula criatura peluda.

Seguido da recusa de Alec Guinness para interpretar o jedi Obi-Wan Kenobi em “Guerra nas Estrelas”, Lucas teve uma ideia: mandar o figurinista John Mollo com cróquis de sua criação para o personagem, um manto marrom inspirado nas vestimentas de monges e guerreiros samurais. “Por qualquer que tenha sido a razão, aquilo (o encontro) contribuiu para a mágica”, disse Mollo sobre o fato de Guinness ter mudado de opinião e aceitado rodar o filme, que lhe valeu uma indicação para o Oscar de ator coadjuvante.

O manto de Obi-Wan, ao lado de um vestido em estilo imperial chinês usado pela jovem rainha Amidala (Natalie Portman) em “Episódio 1 – A Ameaça Fantasma” são os primeiros figurinos que o espectador, ao cruzar uma porta móvel de ferro como as dos corredores da Estrela da Morte, encontra na exposição “Star Wars and the Power of Costume” (Star Wars e o Poder do Figurino), a ser lançada amanhã em Nova York. Ela fica em cartaz até o setembro de 2016.

Os figurinos dos personagens Obi-Wan Kenobi e Rainha Amidala da cinessérie "Star Wars". Para acender os objetos em forma de gotas d'água gigantes do vestido, a atriz Natalie Portman teve que andar com uma bateria de carro no meio das pernas. (Foto: Marcelo Bernardes)
Os figurinos dos personagens Obi-Wan Kenobi e Rainha Amidala da cinessérie “Star Wars”. Para acender os objetos em forma de gotas d’água gigantes do vestido, a atriz Natalie Portman teve que andar com uma bateria de carro no meio das pernas. (Foto: Marcelo Bernardes)

A exposição do Discovery Times Square, museu que ocupa o antigo prédio da redação do jornal “The New York Times”, na rua 44, coração da Broadway, é programa imperdível para os fãs de “Guerra nas Estrelas”. Mais de 70 figurinos completos e dezenas de artefatos como uma pistola usada pelo senador Bail Organa (Jimmy Smits) em “Episódio III – A Vingança dos Sith” e um macrobinóculo usado por Luke Skywalker (Mark Hamill) no planeta gelado Hoth, em “O Império Contra-Ataca”, estão espalhados pelas diversas e amplas galerias do museu. A entrada custa US$ 20 (cerca de R$ 75).

Armas usadas nos filmes "Star Wars". (Foto: Marcelo Bernardes)
Armas usadas nos filmes “Star Wars”. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Fãs hardcore dessa cinessérie, estudantes e entusiastas da moda e o público em geral não serão logrados. Todos as vestimentas são originais e foram usadas nos filmes. Na última galeria, se pode ter uma prévia de seis figurinos de “O Despertar da Força”, o mais novo capítulo da saga e que estreia no Brasil em 17 de dezembro. E, para as crianças, uma irresistível experiência interativa, na última parada da exposição e logo após sala reservada para o pequeno jedi Yoda: três simuladores que transformam o espectador em personagens como Darth Vader ou soldado stormtrooper, com direito a manusear pistolas ou sabre de luz virtuais apenas com o movimento do braço.

Figurinos dos novos personagens Finn, Ray e de um piloto da Resistência X-Wing, pelotão pelo qual Luke Skywalker lutou. (Foto: Marcelo Bernardes)
Figurinos dos novos personagens Finn, Ray e de um piloto da Resistência X-Wing, pelotão pelo qual Luke Skywalker lutou. (Foto: Marcelo Bernardes)

Os figurinos introdutórios de Obi-Wan e da rainha Amidala servem para a ideia de contrastes criada por Lucas nas duas primeiras trilogias da série. A original, lançada em 1977, foi mais calcada na simplicidade de roupas de antigos faroestes, uniformes da Segunda Guerra Mundial, além de peças transparentes que a Salomé da atriz Yvonne DeCarlo usou para fazer uma dança de ventre num filme de Hollywood de 1945. Já, a segunda trilogia, a prequela lançada em 1999 com novo elenco, foi um show de alta costura, com pesados vestidos de brocados, inspirados em artistas pré-Rafaelitas, robes de lã orgânica e arranjos para o cabelo copiados das princesas mongóis e africanas. Ambos fazem jus ao que o painel explicativo na parede do museu diz: “quando o Império do mal toma nossa galáxia de assalto, a moda fica drasticamente alterada”.

O vestido de noiva de Rainha Amidala. (Foto: Marcelo Bernardes)
O vestido de noiva de Rainha Amidala. (Foto: Marcelo Bernardes)

Trisha Biggar, a figurinista dos Episódios I, II e III, criou os mais complexos vestidos para a rainha Amidala e robes para o Senado Galáctico. O vestido vermelho de Amida, disposta na entrada do museu, foi feito com painéis de lona, reforçados por uma anágua de estrutura de metal para dava a forma rígida para a barra da peça. Ao andar, a atriz Natalie Portman criava a sensação de estar levitando No meio da perna dela, foi instalada uma bateria de carro que acendia as lanternas em formas de gotas d’água gigantes de resina acopladas no vestido.

Figurino usado por Amidala (Natalie Portman) no Senado Galáctico é um robe de veludo decorado com organza metálica. Na cabeça, um arranjo inspirado em princesas mongóis. (Foto: Marcelo Bernardes)
Figurino usado por Amidala (Natalie Portman) no Senado Galáctico é um robe de veludo decorado com organza metálica. Na cabeça, um arranjo inspirado em princesas mongóis. (Foto: Marcelo Bernardes)

 

A interatividade da exposição está por todas as partes. Os espectadores podem apertar um botão para fazer o sabre de luz de jedis se acenderem ou tocar os tecidos comprados pelos figurinistas diretamente de lojas especializadas na Índia, China e Hong Kong. Um ipad permite que se veja a evolução das feições de Chewbacca. Quem o achava esquisitão, espere só para ver como ele era assustador em seus estágios preliminares, em 1975.

Num iPad da exposição é possível ver desenhos preliminares, feitos em 1975, para o personagem Chewbacca. (Foto: Marcelo Bernardes)
Num iPad da exposição é possível ver desenhos preliminares, feitos em 1975, para o personagem Chewbacca. (Foto: Marcelo Bernardes)

Na primeira grande galeria, as roupas dos jedis são destaque. Lá vemos que os modelos dos mantos com capuz de Darth Sidious, o maquiavélico Lorde dos Sith, e que treinou os Darths Maul e Vader, pouco foi alterado de filme para filme. Cada roupa de jedi, como as de Qui-Gon Jinn (Liam Neeson), geralmente durava poucos dias, por conta de rasgos e por descosturar. Em cenas que envolviam água, a roupa era inutilizada logo após o término dela: o tipo de algodão com lã usado fazia o robe encolher e a barra dele ia parar na altura do joelho dos atores.

Uma boa sacada da exposição foi reunir, lado a lado, um robe de jedi que Luke Skywalker usa em “O Retorno de Jedi” com pequeno manto que seu pai, Annakin Skywaker (Jake Lloyd), usa, ainda quando criança, num desfile no planeta Naboo em “A Ameaça Fantasma”.

Tal pai, tal filho. A roupa mirim de jedi pertence a Annakin Skywalker (Jake Lloyd) e a adulta, ao filho dele, Luke (Mark Hamill). (Foto: Marcelo Bernardes)
Tal pai, tal filho. A roupa mirim de jedi pertence a Annakin Skywalker (Jake Lloyd) e a adulta, ao filho dele, Luke (Mark Hamill). (Foto: Marcelo Bernardes)

 

Uma sala é reservada aos robôs (sim, a lataria deles também é considerada parte do figurino): C-3PO, R2-D2 e o novíssimo BB-8. Ilustrações mostram que Lucas tinha o robô Maria, do filme Metropolis, que o cineasta alemão Fritz Lang rodou em 1927, como inspiração. Duas versões de R2-D2 foram usadas em “Guerra nas Estrelas”. Uma com três pernas, acionada via controle remoto, e outra operada pelo ator Kenny Baker de dentro da diminuta armação.

Os robôs C-3PO, R2-D2 e o novo BB-8 também fazem parte do figurino. (Foto: Marcelo Bernardes)
Os robôs C-3PO, R2-D2 e o novo BB-8 também fazem parte do figurino. (Foto: Marcelo Bernardes)

Lucas e a figurinista Trisha parecem que enlouqueceram ao esboçar o figurino da Rainha Amidala. Natalie Portman usa, praticamente, uma roupa diferente em cada cena dos três filmes da prequela. São tantos figurinos que eles estão dispostos em mais de três galerias e mostram distintas fases da personagem, de jovem rainha do planeta Naboo ao seu papel, anos mais tarde, como senadora. Uma sala especial é reservada para o caixão dela. Amidala foi enterrada, em “A Vingança dos Sith”, como se fosse uma versão de Iemanjá.

No caixão, em "A Vingança dos Sith", Amidala é uma espécie de Iemanjá. (Foto: Marcelo Bernardes)
No caixão, em “A Vingança dos Sith”, Amidala é uma espécie de Iemanjá. (Foto: Marcelo Bernardes)

Um apelo mais universal para o estilo de Amidala foi o que Lucas tinha em mente. Tiaras e coroas estavam fora de cogitação: padrão europeu demais. Alguns robes da personagem tem inspiração européia, mas do período elizabetano. A seção “Pós Trono” da exposição mostra uma dúzia de roupas das personagem, incluindo seu vestido de noiva.

Mais de uma dúzia de figurinos em seção especial dedicada à senadora Amida. (Foto: Divulgação)
Mais de uma dúzia de figurinos em seção especial dedicada à senadora Amida. (Foto: Divulgação)

O militarismo repleto de simbologias criado por Lucas ganha duas galerias especiais, uma especialmente reservada para os stormtroopers, que têm um dos figurinos mais icônicos da história do cinema.

A sala dos stormtroopers. (Foto: Marcelo Bernardes)
A sala dos stormtroopers. (Foto: Marcelo Bernardes)

Lucas pediu que os soldados imperiais tivessem um look eficiente, totalitário e fascista, com túnicas, botas jodphur (botinas) e chapéu estilo alpino. Já os rebeldes deviam parecer saídos de um faroeste ou de um pelotão de infataria da marinha americana. Os ameaçadores soldados TIE foram criados para serem filmados apenas de costas. A Força X-Wing da qual Luke Skywalker fazia parte teve roupas inspiradas nos uniformes do exército americano, entre 1957-1969.

O militarismo de "Star Wars". (Foto: Marcelo Bernardes)
O militarismo de “Star Wars”. (Foto: Marcelo Bernardes)

O caçador de recompensa Boba Fett e seu ”pai”, o clone Jango, estão representados também. Um dos mais cultuados personagens de “Star Wars”, apesar da rápida presença em cena, Boba Fett foi inicialmente idealizado para ser uma armadura toda branca, o que ia de acordo com a ideia de Lucas ter “um mega stormtrooper”. Quando o personagem foi revisado, ele ganhou roupas de cores mais esverdeadas que não combinavam muito entre si. Darth Vader aparece em sala especial e, por meio dos ipads, pode-se saber mais sobre os três atores que o interpretaram (incluindo James Earl Jones, que dublou o personagem), o que ele usava por baixo do manto (um macacão de lycra) e o complicado truque para o som da respiração dele.

"Luke, eu sou seu pai!" Darth Vader no final da exposição. (Foto: Marcelo Bernardes)
“Luke, eu sou seu pai!” Darth Vader no final da exposição. (Foto: Marcelo Bernardes)

Os vestidos da rainha Amidala e os longos robes dos senadores chamam a atenção, mas nenhuma peça parece ter sido tão comentada (até por feministas, é claro) quanto o biquíni que Carrie Fisher usou (e odiou – ela o chamou de “biquíni do inferno”) em cena que a Princesa Leia é mantida como escrava do nojentão Jabba, the Hut.

O infame biquini da Princesa Leia. (Foto: Marcelo Bernardes)
O infame biquini da Princesa Leia. (Foto: Marcelo Bernardes)

Inspirado pelos desenhos do artista de sci-fi Frank Frazetta e por filmes antigos das atrizes Myrna Loy, Yvonne De Carlo (em especial “Escrava Sedutora”, de 1947) e Maria Montez , o biquíni foi desenhado por Nilo Rodis-Jamero e Aggie Rodgers. Eles criaram a peça em colaboração com o escultor Richard Miller. Duas versões foram criadas. A original, em metal e tecido, para as cenas em que Carrie ficava imóvel, e uma de borracha, para dar liberdade para a dublê Tracy Eddon fazer as cenas de ação de Leia. Numa entrevista organizada pela revista “Interview”, entre Carrie e a atriz inglesa Daisy Ridley, que interpreta a personagem Rey em “O Despertar da Força”, a veterana aconselha a novata. “Você deve brigar por seu figurino. Não seja uma escrava como eu.”

Assista mais videos da exposição aqui, aqui e aqui.

 

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Björk é tema da mais tecnológica exposição de arte de todos os tempos http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/bjork-e-tema-da-mais-tecnologica-exposicao-de-arte-de-todos-os-tempos/#respond Tue, 03 Mar 2015 22:13:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=88 Recentemente, a artista Marina Abramović revelou como foi conhecer a cantora e compositora Björk. “Quando a vi, numa festa no apartamento de um amigo, Björk carregava uma estranha sacola e, dentro dela, havia um grande telefone vermelho”. Já amigas, as duas começaram a se encontrar frequentemente. “Uma vez fomos ao mercado das pulgas e Björk usava uma gaiola vazia no pescoço, que funcionava como um colar”. Visitando Björk e, enquanto a última fazia sardinhas na brasa, Abramović decidiu xeretar o quarto da amiga. Encontrou uma densa neblina. “Ela tinha tipo cerca de 64 vaporizadores de ar, que usa para cuidar da voz”. E, quando Abramović comemorou aniversário e convidou Björk, esta apareceu na companhia de sete cantoras islandesas – todas grávidas, “em períodos diferentes de gestação”. “Björk é capaz de criar cenas cotidianas na vida dela que mais lembram instalações de arte”, descreve.

 

Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Vestido criado pelo artista alemão Bernhard Wilhelm para a tour Volta, de 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Na manhã de hoje, Björk surgiu – de carne e osso – no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, vestida como um cacto preto. Era uma verdadeira instalação de arte ambulante. Enquanto gesticulava ao apresentar seu novo vídeo musical, a parte superior do cacto sambava contra a tela de projeção. Após 12 anos de tentativa, o curador alemão Klaus Biesenbach conseguiu convencer Björk a dar a benção dela – e cooperar – com aquela que vem a ser uma das mais originais mostra de arte pop dos últimos tempos.

 

 

 

Neste domingo, o MoMA abre as portas da exposição que leva o nome da cantora. Trata-se de uma imersão musical pelas letras, sons e psiquês de um músico jamais visto. O MoMA já havia experimentado (e ousado) com exposições sonoras como a retrospectiva da banda alemã Kraftwerk, em 2012, mas no caso de Björk a ousadia foi um pouco mais longe. “Trata-se de uma das mais complicadas exposições do MoMA”, disse Glenn D. Lowry, diretor do museu.

As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)
As faces de Björk: cristais Swarovski e penas turcas. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

 

“Björk” mistura música, tecnologia, arte, vîdeo e moda. O museu precisou adaptar uma grande area do mezanino do lugar para criar três salas novas. A maior e principal delas – e em estilo labirinto – requer que o visitante use grandes fones de ouvido, acoplados a um tocador de MP3. A voz que guia os visitantes pelas galerias repletas de réplicas em tamanho normal de Björk, letras de música e adereços usados nos clipes dela pertence ao músico Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons.

O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)
O tocador de MP3 guia a exposição com músicas dos CDs de Björk e narração de Antony Hegarty, do Antony and the Johnsons (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

Em determinado momento, Antony “sussura”, em tom completamente zen, no ouvido do visitante: “vai devagar”. O tocador de MP3 responde aos pontos de Bluetooth instalados nessas galerias e que sincronizam a música de diferentes CDs de Björk com a disposição geográfica dos objetos em exposição. Enquanto o visitante vê a bota que o designer belga Walter van Beirendonck criou para o video “Hyperballad”, ou o blazer em forma de correspondência que o turco Hussein Chalayan esboçou para a capa do CD “Post”, de 1995, a música “Isobel”, do mesmo CD (e inspirada em Elis Regina), surge nos fones de ouvido. Se você pular de sala rapidamente e deixar a fase do Vespertine (CD de 2001) para trás e optar por Volta (CD de 2007), a música correspondente e as declarações de Hegarty avançam também. Para criar essa sintonia, a saída foi prosaica: um dos principais patrocinadores da exposição, a montadora alemã Volkswagen, adaptou a tecnologia GPS de seus carros para as pequenas galerias do museu.

 

Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Dois vestidos do designer inglês Alexander McQueen: o de noiva Pagan Poetry, de 2011, e o Bell Dress, com bolas de metal, de 2004. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

O curador Biesenbach havia tentado fazer uma retrospectiva de Björk em 2000. “Já naquela época, ela tinha um conjunto de videoclipes que dava para preencher uma exposição”, explica o curador ao Baixo Manhattan. “Mas ela não topou. Björk odeia olhar para o passado”. Em 2012, a artista foi novamente procurada por Biesenbach. “A pergunta dela, dessa vez foi: ‘será que o MoMA estaria disposto a criar uma experiência autêntica que misturasse som, música e arte?” O museu topou e Björk pessoalmente lidou com um time de designers, carpinteiros, videomakers, arquitetos, fotógrafos e assessores de imprensa. Até na semana passada, ela estava dando as últimas sugestões de retoques.

 

O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)
O infame vestido cisne do Oscar, criado pela designer da Macedônia Marjan Pejoski. (Crédito: Marcelo Bernardes)

A sala-labirinto da exposição se chama Songlines, e foi ideia original da cantora. Para passar por ela, ouvindo músicas de Björk e a voz reconfortante de Hegarty se gastam 40 minutos. Nessa viagem musical, a paisagem é bem desfile de moda. Manequins com o rosto da cantora (feitos de scans 3-D do corpo da cantora) vestem roupas de Alexander McQueen (o vestido de noiva Pagan Poetry, de 2001, e o de bolas de metal de 2004), Marjan Pejoski (o infame vestido de tule em forma de cisne que ela usou na cerimônia do Oscar em 2001) e Iris Van Herpen (o vestido da turnê Biophilia, de 2011). Há também acessórios como máscaras feitas de penas turcas ou cristais Swarovski e muitas letras de música, seja em papéis de rascunhos, nas costas de um cartão de visitas ou em papel de presente.

 

Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Os ciborgues do clipe All Is Full of Love, de Bill Cunningham, 1999. (Crédito: Marcelo Bernardes)

 

No casulo número 2, com imensos sofás-camas vermelhos, pode-se assistir a quase todos os videoclipes da cantora, dirigidos por cineastas como Michel Gondry (“Isobel”, “Hyperballad”, “Bachelorette” e “Crystalline”), Spike Jonze (“It’s So Oh Quiet”, “It’s In Our Hands” e “Triumph of the Heart”), além de Eiko Ishioka, Stephane Sednaoui, Bill Cunningham e até o casal de fotógrafos Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin, responsável pela foto de capa de vários CDs de Björk. A exposição se encerra em uma terceira sala, com a exibição do videoclipe Black Lake, de dez minutos de duração e dirigido por Andrew Thomas Huang. “Trata-se de uma experiência generosa”, disse Björk ao apresentar o video aos jornalistas. “Esses últimos dias têm sido uma experiência incrível para mim”. A mostra do MoMA, que deve ser um sucesso comercial, fica em cartaz até o dia 7 de junho. Mas ela poderá ficar defasada em breve. “Björk terminou essa semana um novo trabalho que ela vai mostrar ao mundo no dia 16 de março”, disse Biesenbach.

 

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Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
Rascunho de composição de Björk e figurino tribal do video Wanderlust, 2007. (Crédito: Marcelo Bernardes)
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O fenomenal estilo de Lauren Bacall está à venda (e em exibição) em NY http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/o-fenomenal-estilo-de-lauren-bacall-esta-a-venda-e-em-exibicao-em-ny/ http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/2015/03/03/o-fenomenal-estilo-de-lauren-bacall-esta-a-venda-e-em-exibicao-em-ny/#respond Tue, 03 Mar 2015 11:49:54 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br/?p=74 A atriz Lauren Bacall, que morreu em agosto, aos 89 anos, vítima de um derrame, ficou conhecida em suas sete décadas de atuação no cinema e na Broadway como uma estrela de “glamour provocante”. A voz gutural dela, realçada por poses de enérgica sensualidade – já evidenciadas desde seu primeiro filme, “Uma Aventura na Martinica”, baseado em livro de Ernest Hemingway – levou um crítico a compará-la a “um grito de cio na selva”. Parte desse estilo particular de Bacall é mostrado a partir de hoje, terça-feira, com a abertura da exposição “Lauren Bacall: The Look (Lauren Bacall: O Visual)” no Instituto de Moda e Tecnologia (FIT, sigla em inglês), que fica no bairrro novaiorquino do Chelsea. Nos dias 31 de março e 1o. de abril, mais uma faceta do gosto pessoal da atriz é revelada, quando a casa de leilões Bonhams, coloca à venda, em Nova York, centenas de obras de arte e jóias acumuladas pela atriz.

Bacall fenomenal (Crédito: Kobal Collection)
Bacall fenomenal (Crédito: Kobal Collection)

 

No período entre 1968 a 1986, Bacall doou cerca de 700 peças de seu guarda-roupa particular e também provenientes dos sets de seus filmes e de várias peças que estrelou na Broadway. Desse total, uma dúzia de roupas, entre tailleurs e vestidos de noite, fazem parte da exposição do FIT. Nos anos 50 e 60, Bacall ficou amiga de alguns designers de moda, especialmente de Norman Norell e Yves Saint Laurent. Mais tarde se juntaram ao círculo íntimo da atriz nomes como Pierre Cardin, Marc Bohan (que assumiu o controle criativo da Christian Dior em 1958) e Emanuel Ungaro, este último responsável em cultivar o gosto específico da atriz por roupas elegantes, mas com uma predominância pela alfaiataria masculina. É de Ungaro as calças pantalonas de seda que Bacall adorava usar nas últimas décadas de vida.

 

Bacall uma vez disse que “odiava desfiles de moda”, mas ela também era ciente dos efeitos benéficos dessa indústria. “Pode parecer frívolo – mas não é. (Moda) é base de uma indústria de US$ 18 milhões somente nos Estados Unidos. Cria um monte de empregos para um monte de pessoas, e é algo que as mulheres sempre cobiçam”, diz ela, em discurso que parece ter saído de uma editora de revista de moda, num especial TV, de 1968, chamado “Bacall and the Boys” (Bacall e os meninos). Neste programa, gravado em Paris, exibido pela rede CBS, e com trechos revelados na exposição, Bacall mostra a coleção de inverno daquele ano dos designers Bohan, Saint Laurent, Ungaro e Cardin. Ela anda de Rolls Royce com Saint Laurent e mais tarde se enfia dentro de um vestido preto de seda adornado por penas de avestruz, criação de Marc Bohan para Dior e disponível na exposição.

Vestido de noite de Marc Bohan para Christian Dior, em exposição no Instituto de Moda e Tecnologia (FIT) (Crédito: divulgação)
Vestido de noite de Marc Bohan para Christian Dior, em exposição no Instituto de Moda e Tecnologia (FIT) (Crédito: divulgação)

Apesar de uma carreira cultuada em Hollywood e de participar de clássicos do cinema como “À Beira do Abismo” (1946), “Paixões em Fúria” (1948) e “Como Agarrar um Milionário” (1953), o talento de Bacall nunca foi reconhecido pela Academia de Hollywood. A única indicação para o Oscar que ela recebeu – de coadjuvante – aconteceu apenas em 1997, com o filme “O Espelho Tem Duas Faces”, dirigido por Barbra Streisand. Bacall era a favorita afetiva daquela categoria, mas teve que amargar a surpresa de perder seu Oscar para uma azarã, a atriz francesa Juliette Binoche, que venceu por “O Paciente Inglês”. Em 2009, Bacall recebeu seu primeiro Oscar, uma estatueta honorária. Na Broadway, as coisas era bem diferentes para Bacall. Ela ganhou dois prêmios Tony, por duas adaptações de filmes de Hollywood: “Applause!”, baseado em “A Malvada” e “A Mulher do Dia”, tirado de um filme homônimo estrelado por Spencer Tracy e Katherine Hepburn, em 1942.

 

Nesses espetáculos, Bacall foi vestida pelo amigo Norman Norell, que também assina um dos principais modelos da exposição, um casaco de lã em rosa quase fosforecente que ela usou, sobre um vestido de duas peças da mesma cor, em cena do filme “Médica, Bonita e Solteira” (1964), no qual Natalie Wood interpretava uma personagem pré-Carrie Bradshaw.

 

Bacall em dois tons de rosa: vestidos de Pierre Cardin e conjunto de lå de Norman Norell. (Crédito: divulgação)
Bacall em dois tons de rosa: vestidos de Pierre Cardin e conjunto de lå de Norman Norell. (Crédito: divulgação)

Como deixa evidenciado o leilão da casa Bonhams, no dia 31 de março, Bacall era uma grande colecionadora de arte e antiguidades. A empresa leiloeira vai tentar vender um lote de 700 itens, vindos da casa que Bacall dividia com o primeiro marido, o ator Humphrey Bogart (eles foram casados por 12 anos), em Los Angeles, e também do apartamento de três quartos de propriedade da atriz no infame prédio Dakota, residência também de John Lennon e locação para o filme “O Bebê de Rosemary”. Desde 1961, quando comprou o apartamento por apenas US$ 48 mil, que Bacall voltou a morar na cidade onde nasceu (ela é do Bronx). Em novembro, quase três meses após a morte da atriz, o apartamento foi colocado a venda por US$ 26 milhões.

 

Sala principal do apartamento da atriz no famoso prédio Dakota (Crédito: Divulgação)
Sala principal do apartamento da atriz no famoso prédio Dakota (Crédito: Divulgação)

A Bacall colecionadora era bastante afeiçoada pela arte tribal da África, com a qual ela tomou conhecimento depois de passar um período no Congo e Uganda, enquanto o marido Bogart rodava “Uma Aventura na África”, com Katharine Hepburn e sob direção de John Huston. Esculturas de ambas as residências vieram de artistas como Henry Moore, que ela conheceu em Paris em 1975, e Robert Graham, marido da atriz Anjelica Huston.

 

Escultura de Henry Moore e móvel de arte tribal que a atriz adquiriu na África (Crédito: Divulgação)
Escultura de Henry Moore e banco Ashanti, um dos móveis de arte tribal que a atriz adquiriu na África (Crédito: Divulgação)

Bacall tinha também ótimo relacionamento com o designer de jóias Jean Schlumberger, do qual ela adquiriu várias peças ao longo dos anos. Uma das preferidas da atriz era um brinco de pedras preciosas, avaliado entre US$ 7 mil a US$ 9 mil, que ela usou na cerimônia do Globo de Ouro, em 1997, quando foi indicada (e venceu) a um prêmio de atriz coadjuvante por “O Espelho Tem Duas Faces”. O leilão também contem outras jóias como um colar Tiffany’s (US$ 6 mil a US$ 9 mil) que ela ganhou de presente do diretor da peça “Applause”.

 

Leilão de itens das casas de Bacall: colar Tifanny's e brinco do amigo Jean Schlumberger (Crédito: Divulgação)
Colar Tifanny’s e brinco do amigo joalheiro Jean Schlumberger (Crédito: Divulgação)

 

Entre coleção de malas Louis Vuitton, litografias de David Hockney e artefatos de cerâmica feitos por Pablo Picasso, existem artigos curiosos como um escultura de bronze de Bogart caracterizado como Sam Spade, do filme “Casablanca” (avaliado em US$ 600 a US$ 800) e um chapéu que o ator Henry Fonda, amigo da atriz, usou no primeiro dia de filmagens do filme “Num Lago Dourado”. Na sala do prédio Dakota, onde Leonard Bernstein tocava piano depois de jantares com a amiga, está uma gravura de um pelicano assinada por John James Audubon Etching. O elegante pássaro era o animal preferido da atriz.

 

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Uma das gravuras de pelicano da coleção da atriz e cerâmica de Pablo Picasso (Crédito: Divulgação)
Uma das gravuras de pelicano da coleção da atriz e cerâmica de Pablo Picasso (Crédito: Divulgação)
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